sábado, 30 de maio de 2009

Sentado no desespero ( dois )


Continuo a acreditar que sim.

Às vezes vejo cores que não me interessam,
Como rostos que brilham nas ruas por onde passo,
Evitá-los seria desassossego, confrontá-los seria
perder o medo.
Vida única, fisicamente falando, tentando elevar
a minha pessoa, à procura de tudo aquilo que não vem,
Esperando quem me ama e quem me odeia também.

O som do frio aparece devagar,
Vejo-o ao longe, sentado no seu desespero,
Tão belo, tão melancólico, tão profundamente inútil.

Agarro a esperança como se nao me restasse mais nada,
E vivo feliz nesta procura que se vai dissipando.
Agarro a verdade como se não existisse mentira,
ou desilusão, ou perfeição...
Grito, porque não me basta sussurrar,
Não me basta escrever ou falar, ou fingir que estou calado,
Grito porque tenho de gritar,
Enquanto grito sinto que estou vivo
Que estou onde posso, que sou eu no meu devido lugar.
E porque enquanto grito tu ouves-me
e mesmo já rouco, sem voz, é algo pelo qual
vale a pena lutar.

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