domingo, 12 de setembro de 2010

O dia que nunca chegará

"...It fills my head up and gets louder and louder..." (Drumming Song - FATM)

Nunca chegará esse dia,
esse dia que nunca tentou chegar.
E hoje cravo uma estaca no tempo
para o fazer parar, um dia a paciência
cansou-se de tanto esperar, um dia
tudo o que não é alma tem de morrer,
deixando atrás de si recordações que serão alimentadas
por quem as guardar, por quem as partilhar,
tudo o resto é fumo, é poeira, é um vazio.
Dentro da minha alma respiro silêncio,
e na minha pele tudo o que resta são reflexos
de um divino que nunca existiu,
tudo não passa de uma mentira sentida em exagero.
Não quero,
O que perdi nunca ninguém me poderá devolver
resta-me agora sentir este tambor que se faz rugir
dentro da minha cabeça...
Respiro-o.
Solto-o e ele solta-me com toda a força no chão.
É o céu e o inferno
na mesma face da moeda...Sinto-me completo,
E a poeira sangrenta que tinha nos lábios
secou.
Existem aqueles que amam o ódio
e os que odeiam o amor,
eu não sou nenhum dos dois;
existem aqueles que amam o amor
e os que odeiam o ódio;
Eu não sou nenhum dos dois...
Quem sou?
Estarei a descoberto?
Estarei por descobrir?

Algures neste mundo deixei a marca da minha existência,
ou talvez tenha sido apenas um sonho
que num tempo demasiado apertado e curto
se tornou num pesadelo.
A revolução íntima é agora,
a progressão espiritual é agora,
é a hora deste tambor tocar mesmo
até depois da sua morte,
é hora de vos ouvir
como nunca ouvi.
É hora de contradizer o mundo
é hora de deixar de ser controlado pela
ironia e hipocrisia alheias, universais,
é hora de transformar este silêncio
no som mais horrendo
é hora de transformar este barulho ímpar
num silêncio deslumbrante...
Dentro da minha alma

resta o silêncio
e com ele resta este tambor que toca
cada vez mais alto.

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