Pelo terceiro olho.
Esta queimadura não pode
ser humana...Porque não dói apenas;
também me sabe bem...
Tentámos tanto
e chegámos tão longe(mais do que permitia
a força humana)
para depois nada mais interessar
para depois nada valer
ou ter valido a pena.
Agora, depois de meses onde
o vento e a chuva
e o céu cinzento
coloriram a cidade de Lisboa
finalmente chegou a sua merecida claridade...
Mas por muito que ainda tente
só tenho a certeza que não a vejo com clareza.
Fugi-te e deixámo-nos aguardar
na distância do silêncio e as nossas vidas
foram continuando...mas procurei-te e
encontrei-te outra vez...sinto-me ainda pior agora
que percebi que sempre foste uma parte de mim
e que eu nunca devia ter partido.
Não importam as razões...porque o medo
não deveria sufocar o sentimento.
A escurião devorou o céu
quando a lua veio trocar de lugar com o sol
e foi então que abri os lábios
quase temendo a verdade absoluta e monstruosa;
e a voz soltou-se, certa e consciente
que em duas palavras estava
a essência de batalhas e conquistas
e de libertações e o acalmar ou até o calar
de vozes interiores famintas (espirituais e físicas)
ao dizer:
Eu amo-te.
1 comentário:
Amei a beleza, mas sobretudo a subtileza do sentimento. O que apreendo desta leitura é algo que antes não via aqui. É algo novo, uma nova maturidade, um novo sentimento belo que louvo e prezo e acho nobre.
Achei extremamente belo e um retrato fidedigno de Lisboa (a nossa tão linda cidade).
Sobretudo a parte a itálico mexeu comigo. Achei que foi a exaltação do sentimento há muito abandonado a um canto, sem se ter podido exprimir.
«porque o medo
não deveria sufocar o sentimento.
A escurião devorou o céu
quando a lua veio trocar de lugar com o sol»
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