terça-feira, 26 de abril de 2011

0.08

Pelo terceiro olho.

Agora estou demasiado longe
para chegar seja a que lugar for...
Já não quero sentir nada
depois de ter estado perdido por tanto tempo.
Vagueando sobre esta luz escura
Resguardado do desapontamento
que a todos vós causa o mesmo sentimento.
Julguei por um breve momento
que este olho se ia abrir no peito
na testa ou na nuca
quando jurámos nunca mais dizer nunca.
Pertenço a todo este pesar de dormência,
de escassez de alimento,
sem certeza de onde reside agora a essência.
Tento encontrar um sorriso
nesses números que substituem as palavras,
neste silêncio que resume uma labareda
que morreu mal tocou no divino...
Nada consegue parar estes pensamentos
que se repetem na minha cabeça
num esforço único de me continuar a conter...
Começo a pensar devagar,
numa inércia de quem já não espera chegar,
Num lugar agitado e perturbado
que já se tornou a minha casa.
As respostas e soluções desaparecem,
e o que parecia um caminho seguro
abre-se num labirinto
onde as únicas saídas são a morte
ou a desistência.
Existem preces que não têm como destino
chegar a Deus, e é ao saber isto
ao tomar consciência disto
que começo a revoltar-me com o mundo
a sentir repulsa no movimento humano...
Sem ser aquilo que podia ser
aconchego-me nesse lugar
onde acaba por vir parar tudo o que é lixo
existêncial, sentimental, onde o pensar
tem pouco peso...
E por várias vezes sinto esse arrepio
que me ilucida e me avisa
para este espancamento a sangue frio...
Que não me magoa por estar nu...
Apenas por estar vazio.

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