Quando olho para o espelho vejo a minha cara. Como se fizesse uma lista de compras, coloco defeitos e qualidades. Depois olho para os meus olhos...Que fazes tu desse lado, tão perto de mim mas ao mesmo tempo tão longe...
Pois tudo não passa de falta de ocupação, como se amar alguém não fosse mais que um passatempo, uma brincadeira deste jogo chamado vida. Pois talvez até estejam certos, pois talvez eu esteja errado. Talvez, quem sabe, estejamos ambos errados.
Quando me vejo ao espelho
Não vejo quem sou, vejo o que os outros vêem.
Eu mesmo, sempre mais velho, mais desigual.
Um retrato pintado a tintas vivas que se mexe
ao sabor do tempo. Sento-me à margem desse rio enorme
chamado oceano olhando, sem fazer quase nada.
A paz que detenho é uma paz inglória, nada fiz para a merecer.
(a música embala-me enquanto passeio entre hesitações)
Não...
Mas desta vez fui apanhado sem querer,
Em algo mais forte nunca antes sentido...
Algo novo? Será esta sensação de todo desconhecida?
Até que céu conseguirei eu chegar
se me deixar ir ao sabor da brisa?
Por vezes esqueço...
Nós seres racionais esquecemo-nos de amar...
E os que amam, esquecem-se de pensar...E depois,
Sobra sempre ignorância, de quem não quer tentar.
Ou de quem vive tentando, sem conseguir.
No fundo, caminhamos todos para o mesmo fim...
Apenas caminhamos por estradas diferentes...com pessoas
diferentes.
E tudo o que vos posso ensinar é o que sinto,
O que penso, o que já fiz.
Tudo o que vos posso pedir é apoio para chegarmos
mais longe, mais fundo, onde mais ninguém esteve.
Esqueço-me...mas é a verdade,
Por vezes pensamos tanto tempo na maneira de fazer...
Que nos esquecemos de fazer de facto.
Dá-me as minhas asas...
Volto-me a ver ao espelho...o que mudou?
Nada...cresceram-me asas negras, num corpo humano...
Estarei certo? Ou serão asas brancas num monstro?
O que me importa? O que vos importa?
O que te importa?!
Importa-me ser...
E para já não quero ser nada...
Ou mais nada...
(Este texto começou há muito tempo a trás. Ficou guardado e foi completado hoje.
A ideia do espelho contraditório, não tem nada de especial. Tirando o facto de ter sido uma tentativa algo falhada de uma nova compilação de textos, que nunca existiu. Desde essa tentativa, apenas surgem poemas espalhados, sem ordem ou lugar, ou lógica de seguimento. O blog é o exemplo disso mesmo. Na practica, a ideia, a imagem que imaginei são dois espelhos frente a frente, criando aquela imagem bela de "infinitos" espelhos, dentro de espelhos dentro de espelhos...simbólicamente: o nosso infinito...a ausência de limites. Ficou a ideia registada. O contraditório...enfim...serve para todos nós um pouco?)
25\05\09 - 01\11\09
1 comentário:
Perfeito. Concordo em absoluto. Quem está no espelho nunca somos nós. Nunca por nunca. Nada é absorvido pelo nosso reflexo... A nossa cara, o nosso corpo, podem ser o "princípio" de nós, a "entrada", mas a nossa essência é o que está cá dentro. E o reflexo disso é bem menos óbvio, bem menos fácil de obter quer para os outros, quer para nós próprios. Daí a magia! :)
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