(Nota: elogio - dedicatória feita a alguém que morreu.)
"and ive been thinkin
but it hurts me thinking..." (Konstantine)
Cheguei agora a casa, a porta fechou-se tão bruscamente...
Terá sido o vento? Terei sido eu?
Receio tanto estar errado.
Ter cometido o erro...
Arrenpendido de não ter encontrado a razão mais cedo.
As minhas acções esconderam-se nos meus sonhos
e viveram lá eternamente.
Nunca disse que isto ia ser fácil.
Levar-te a casa, ver-te lá ficar sozinha, para sempre.
Longe.
Para sempre...
Cheguei agora a casa, a porta fechou-se. Fechou-se bruscamente.
Encontro-me sentado a escrever, com o cigarro meio acesso
meio apagado, a sufucar em fumo, a ignorar um possivel rumo,
Sou um fruto seco, complicado, que já deixou de dar sumo.
Tentei equilibrar na balança o sentimento e a razão,
Perdi tempo. Pensei ter passado por tudo isto, mas não,
Fiquei preso à esperança. Fiquei preso ao momento,
Estou desligado.
Acordo-te. Afinal já estavas acordada.
Tento imaginar-te a moveres o teu corpo por sitios onde
nunca fui, onde nunca irei.
Cheguei a casa, escrevi o elogio que quero que leiam
no dia da minha morte. Algo simples, correcto, sentido.
Verdadeiro...por uma vez na morte, já que não o tive em vida,
Quero sentir a verdade a entrar nos vossos corações,
Abalar-vos todo o espírito.
Quero que me sintam. Que me vejam.
Serão apenas letras. Vagas frases. Uma imagem minha...
Espalhada em letras, em frases vagas. Serei eu...um pequeno eu.
Dói-me pensar. Dói-me sentir.
Mas quero sentir e pensar, estar aqui.
Preciso disto. Preciso de vocês. Vocês precisam de mim.
O tempo cura tudo...mas às vezes demora tanto.
E as respostas não surgem. Surgem perguntas.
Os sentimentos originam sentimentos.
O amor dá lugar ao ódio, o ódio volta a dar lugar ao amor,
E não saimos desta roda que gira e gira e gira e gira...
Gira o mundo, sem dar lugar a nada melhor,
Afasto as folhas do meu caminho, largo a tinta,
E deixo-me ficar, sentado a olhar para mim,
Sem arrependimentos, descansado de sentimentos,
Sem pensar em nada.
E vivo aqui, sem procurar-te, sem esperar-te,
Apenas aqui.
Rasgo o elogio. É cedo de mais para marcar a data
da minha despedida.
Poderás imaginar?
Poderás tentar mudar, ser mais?
Agarro-me. Seguro-me. Quando menos espero
adormeço. Nem uma criança dorme tão bem...
Aos poucos deixas de sentir a minha presença.
Descobres que estavas enganada este tempo todo.
E sofres, sabes que já é tarde.
Adormeci. Nem uma criança dorme tão bem.
(Lá no céu, nas nuvens, no centro ou na ponta do Universo, seja lá onde for,
Deus sorri e pensa: mais um passo dado na evolução humana...)
Ficou assim. Assim ficou.
Desci as escadas e fui caminhar.
A porta fechou-se em silêncio, sem pertubar...
1 comentário:
Espetacular, lindo, fenomenal. Eu acho que também tu cresces de dia para dia. Talvez não na escrita, poruqe na escrita já tens uma idade "óssea" bem desenvolvida, mas é com orgulho que te vi crescer até te tornares no que és hoje. Aceitaste muita coisa, percebeste muita coisa, ajudaste muita gente. Penso que talvez tenha uma nota pessoal (para mim..?), de que devo ter esperança. Porque a vida é curta e o tempo cura tudo.
Só sei que estava genial, e é sem dúvida um poema com P maiúsculo do Diogo Garcia. Esse é o melhor Elogia que te faço. :) *
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