segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Prison sex


Intro:
Não escrevia há duas semanas. Pensei que o mês de Dezembro estava amaldiçoado. Mas não. Foi preciso um abalo na alma. E estou de volta.
Este título remota a uma música que ultrapassa a beleza real da podridão humana. E de certa forma encaixa nalguns destes textos. Princilpamente no último.
Estive numa pequena prisão. Julgo estar de volta.
Se alguém quiser comentar apenas um ou outro texto, pode faze-lo.
É bom estar de volta.



a)

O frio fustiga-me o rosto.
Mas não é frio que sinto...
Não sinto nada. Fechei a porta e um nó na garganta
Propaga-se em poucos segundos, num arrepio que corre
O corpo todo até chegar aos meus olhos.
Um suspiro sufocado de quem tenta abafar um choro
Sustem-se no ar por um breve instante.
Lágrimas tímidas aparecem nos meus olhos
Retraídas mas fortes o suficiente
Para não se deixarem ir...
Mais cedo do que tarde apercebi-me que o barulho
Por si só não bastava.
O barulho por si só não chega,
Não aperfeiçoa. Mesmo pensando
Que a sua ausência magoe...
Preciso que sentias isto, que me libertes,
Que te confies a mim...

b)

Estou aqui enquanto aqui pertencer.
Depois estarei noutro sitio qualquer. Igual,
Diferente, ainda não sei ao certo. Saberei
Na altura certa. Na hora que tiver de perceber.
Na linha do tempo a taxa de sobrevivência desce para zero.
E para morrer qualquer dia serve.
E serve de qualquer maneira,
De qualquer dor.
Deus tenha misericórdia dos seus filhos...

c)

Tenho na minha vida um pentágono construido
Com base no tempo, nas situações, no conhecimento.
Alicercedo na raiva e no ódio e na evolução
Da minha espécie. Deu-me vida, deu-me confiança
Para voltar a erguer as costas, depositou energia nos meus
Musculos e voltou-me a fazer caminhar,
Sem medo, arrogante e convicto numa causa nobre
Chamada viver, lutar e aprender.
Renascido das cinzas.
Profeta, sonhador a quem o sonho não basta,
Divulgador. Eu próprio atenoador e recriador
Da minha própria dor.
Um pentágono com bases pouco tremidas,
Com cores carregadas que variam entre o negro
E o mais negro ao branco mais branco.
Sou a incógnita mais complexa na mais simples
Equação.
Degrau primeiro: barulho e melodia...
Degrau segundo: alguma escuridão.
Degrau terceiro: simplicidade envolvente.
Degrau quatro: inicio de aperfeiçoamento...
Degrau último: elevação.

d)

Tudo importa, tudo! até os...
Olhos que para várias direcções olham...e que para...
Olhos se deixam olhar, em todas as direcções..
Longe do que não importa, valorziando apenas o que vale a pena.

e)

Encontrei uma espécie de sanidade temporária
Neste sangue
(...) e restos da tua pele e carne que
Tenho nas minhas mãos. (Mas passa logo depois...)
Sublime.
Demorei tanto tempo a descobrir que nunca vou mudar.
É impossivel não alimentar esta adrenalina,
Esta vontade negra, mas que parece tão iluminada
Enquanto está a ser satisfeita...
Um pequeno monstro. Igual aos outros.
Mas saboreio...
Estou preenchido, mas finjo-me vazio...e tenho
De encontrar alguém, um mártir, capaz de
Me preencher, de me saciar seja qual for a vontade.
Penetro num mundo que não é de todo meu,
É meu apenas o tempo necessário,
Depois deito-o fora.
E dele não sobrará nada, nem mesmo uma recordação.
Pareces tão precioso...meu pequeno mártir,
Pronto para um ritual de sacraficio, só meu
E da minha vontade...
Encontrei uma espécie de sanidade temporária
Neste sangue
(...) e restos da tua pele e carne que
Tenho nas minhas mãos.
(Mas passa logo depois...Monstruisidade humana...o pior monstro.)

1 comentário:

Joana disse...

Gostei imenso de todos, mas especialmente do d). Está muito bonito, e talvez menos "poético" que o a) por exemplo, mas gostei imenso.
Os outros, sem ser o d) estão bons, excepcionalmente diferentes do teu habitual, mas foi uma boa mudança. :) Parabéns.
«Estou aqui enquanto aqui pertencer». Amei. *