terça-feira, 29 de junho de 2010
Não peço muito, só peço o Apocalipse
Ai ai, notas...:
Primeiro lugar:
Algumas pessoas que me são próximas chamam-me parvo e incoerente por me intitular de monstro. Confesso que na altura que criei este nome eram 03h da manhã e queria algo capaz, só pelo título, que chamasse a atenção...Apesar de ter escolhido monstro por alguma razão (já mesmo na altura). Com o passar dos tempos, sendo eles curtos espaços de tempo ou mais longos, de facto acabei por ter consciência desse mesmo facto. É preciso realçar duas coisas importantes, em primeiro lugar: existem monstros bem piores que eu; e em segundo lugar, ser um monstro não me torna assim tão diferente de todos os outros. Serei assim tão monstro? Sim. O que me faz ter essa certeza? Ter consciência disso. Alguns dizem: Diogo és uma óptima pessoa, com um fundo enorme...etc's. Talvez sim, talvez não. Mesmo achando que exageram, uma coisa não inválida a outra. Sou monstro na medida em que admito ser, sem fugir ao mau e bom que tenho dentro de mim, sem ignorar os meus erros, sem me julgar dono de alguma razão ou sentimento...Sou um monstro. E os que dizem que isso é estupidez não me conhecem assim tão bem.
Segundo lugar:
Aproveitar para felicitar o amor. Há uma questão importante que observo desde o momento em comecei a reparar em certos pormenores, que é a seguinte: existe uma grande diferença comportamental entre homem e mulher quando estes estão a amar. E digo isto observando vários casos (que como é lógico são apenas alguns. E por esse mesmo facto isto conta apenas como desabafo, mas pode-vos por a pensar.) que me rodeiam, tirando apenas uma excepção. O homem quando começa a amar, e não digo paixão ou pequeno amor (apesar destes dois casos terem intensidades diferentes de pessoas para pessoas, de casais para casais), e algo que pelo menos a médio prazo ultrapasse meramente o físico, encontra na mulher amada alguém digno de ser agarrado talvez para sempre. Ou seja, o homem encontra na mulher amada não a mulher perfeita (que não existe) mas a mulher perfeita para ele. E neste ponto as mulheres diferem.
Mas quero louvar o amor, que nos faz dizer poesia sentida ao vivo e em directo. E louvar a capacidade do homem, para quando ama, mesmo não sendo através de bens materiais comprados, fazer com as suas próprias mãos algo pessoal para dar à sua amada. Tu és cinco estrelas, e vejo em pequenos gestos uma alma grandiosa, continua assim. Desejo-te toda a sorte, compreensão, e amor.
Terceiro lugar:
Eu amo escrever. Só troco o amor de escrever pelo acto de amar alguém (extra família). E apesar de amar escrever tenho sentido perder alguma da razão\espiral\inspiração para escrever, o que me faz também sentir frustrado. Ou mesmo quando a tenho é como se escrevesse apenas para dizer aquilo que pensei, sem pensar no prazer da própria escrita. E escrever é como amar\estar-apaixonado...ou se está ou não, não existe meio termo. Podemos pensar que sim, mas não. Por dentro, na verdade nua e crua do nosso coração\razão está lá uma delas...podemos é ignorar\fugir dela. E por isso, queria hoje, tentar por um pequeno "fim", mais um intervalo na minha escrita...
Tentar estar uns dias sem escrever...manter-me ocupado...tentar viver para voltar outra vez faminto. É como quando saímos de casa para férias, e depois sentimos uma imensa saudade do nosso "cantinho". Lar doce lar. Tenho escrito o melhor que posso, mas a uma velocidade excessiva talvez...sinto que tenho de abrandar. É claro que posso estar a dizer isto e amanhã voltar a escrever dois ou três ou quatro textos...mas não o queria fazer. Queria apenas...estar noutro sítio qualquer.
E apesar de ser um defensor agressivo de mandar tudo para fora, de não deixar nada dentro por dizer, fazer, escrever, cantar, proclamar, etc, sinto que é hora de me calar. Calar mesmo. E dar ao silêncio tempo de espalhar sementes...E se não for um silêncio frio, então podemos encontrar nele um conforto enorme. E um calor que nem todos podemos ter o prazer de sentir. E é isto. Eu sei que a vida é bela. É uma certeza que tomo como verdadeira...só que às vezes não parece. E aqueles que sabem disso, mesmo em dias maus ou menos bons, são as pessoas mais felizes e competentes a viver do mundo. (Um bem haja para elas.)
"Dim my eyes, dim my eyes!
Shine on forever
Shine on benevolent son
Shine down upon the broken
Shine until the two become one..." (Jambi - Tool)
Porque eu nunca neguei a luz...apenas me aceito nas trevas até ela voltar. Se ela voltar. Até lá, serei apenas, e não só, o monstro que aguarda nessa negridão.
Nesta vida temos duas maneiras de agir, assim basicamente falando em linguagem tooliana:
"Wear the grudge like a crown of negativity.
Calculate what we will or will not tolerate.
Desperate to control all and everything..."
ou
"Drags you down like a stone
To consume you till you choose to let this go.
Choose to let this go...
(AAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaHHHH
HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH)
Let the waters kiss and
Transmutate these leaden grudges into gold.
Let go!" (The grudge - Tool)
Eu prefiro a segunda. Mas vivo na primeira.
É preciso ainda realçar, e escrevo isto como "nota final" (se algum dia for conhecido no futuro espero que não me associem a textos em que as notas iniciais são maiores do que o texto...), que é necessário saber aquilo que se quer, mas mais importante: fazer por concretizar. Assim como: continuar a escavar, até se sentir algo...Mas isto é tudo relativo e subjectivo...e sou apenas mais um a tentar falar um pouco mais alto...
Não peço muito, só peço o Apocalipse
Estará ainda na minha mente o mesmo objectivo?
Deixar tudo em ruínas
até ficar caído
tudo o que pode ser destruído?
Monstro, e ser humano
com uma fome tamanha
difícil de saciar,
e são também necessidades negras
impulsos, desejos,
que me mantêm acordado nesta realidade...
É uma fome de tudo o que não tenho,
um alimento que não é escasso
(ou talvez seja)
que não consigo reencontrar.
Eu já rastejei,
comecei a andar com quatro ferramentas de apoio...
Evoluí. Caminhei por entre todas essas cinzas
que deixaram o mundo sem reacção.
Desejei tanto este fim,
e agora hei-lo, enchendo-me de algo que pensava não ter:
pena e compaixão e saudade.
Chegou a altura de todas as verdades, e da Verdade.
O ser humano não me consegue surpreender muito mais...
E serei eu capaz ainda de surpreender?
É como se o encanto tivesse sido quebrado...
Está tudo morto, tudo passivo como sempre esteve...
Mas houve alturas em que tudo caminhava
de preguiça ao colo, com um peso enorme nas costas...
Eram egos demasiadamente pesados, sem coragem
e humildade de serem crucificados e corrigidos,
cruzes pesadas que eram carregadas sem necessidade...
Quase me custa dizer:
Agora é tarde de mais...
Quase me dói dizer:
Eu bem vos avisei...
Quase me custa respirar este...ar?
Esta poeira, estas cinzas, este resto de vida
este resto de algo belo e construído
que agora não passa de algo belo em ruínas.
Como sonhei ir mais longe,
Como quis ser mais alto, e saber ajudar,
fazer por mim e por todos,
E agora?
Agora a escuridão abatesse sobre o que resta
de corações com alguma luz...
e tudo se torna no mesmo.
Da mesma cor que esse universo.
Gostaria de dizer em forma poética
que é agradável ouvir este silêncio.
Mas estaria a mentir.
Sinto falta de tudo o que era dito,
cantado, tocado...
Sinto a falta da evolução,
das coisas boas que foram feitas...
Deus suspira...Não era suposto ser assim.
As minhas sombras sorriem-me.
Mas eu prefiro ficar sozinho.
Podia ter escolhido ter o fim do mundo
nas minhas mãos.
Fugir à luta de conseguir ter o que quero.
Podia ver a destruição de tudo isto
de forma paciente. Da forma que vivemos a vida...
Mas não.
Eu só peço o Apocalipse.
E o Apocalipse apenas significa:
Revelação.
O meu sangue noutro local, uma outra noite
Sou quase perfeito.
Além de ser dotado de razão
valorizo-a. Mas aos poucos
muito devagar
começo a valorizar o sentimento...mas muito devagar.
É de noite e volto a fumar na minha varanda...
Poderia dizer nossa varanda
mas o meu irmão passa mais tempo fora deste
"nosso" quarto que dentro dele.
Quando dou por mim ouço a voz
do meu amor do outro lado,
e respondo com um carinho só meu:
Olá pequenina...
Também estou cheio de saudades tuas!
De facto começo a ama-la. Quem diria!
A razão pode ser forte...mas o sentimento
não lhe fica nada atrás.
E vou fazendo algumas perguntas
e também vou dizendo:
se passar contigo as férias todas
já fico feliz...
Desligamos-nos. Mas antes disso ainda
disse baixo palavras de ternura
e lancei beijos como se fosse para o vento.
Eu visto-mo todo de preto
mas caminho sobre uma luz,
sei viver, com responsabilidade e saber,
e agora também amo...
Mas ali dentro, dentro de casa e fora da varanda
tenta dormir o meu irmão...
Não lhe tenho pena...Escolheu os seus caminhos...
E por muito colorido que pareça ser
vive mais nas trevas do que qualquer um de nós...
Desejo-lhe sorte
apesar de nela não acreditar...
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Dois anos de Narrativas de um monstro
E eis que chego ao segundo ano deste blogue. É com satisfação pessoal que atinjo esta meta. Dois anos de prosa e poesia, desde reflexões, pensamentos soltos, dores e alegrias, de pura negridão e de alguma luz (que acaba por estar quase sempre presente), de concelhos, de mostragem de portas e janelas, de "lições", de paixões, de elevações...e de tudo um pouco a acrescentar. Fiz sempre o melhor que pude. Com ou sem beleza lírica fiz sempre algo que veio de dentro, sem exageros, sem hipocrisias. Sempre fui muito fiel a mim mesmo, fosse no melhor ou no pior, algo que é subjectivo, daquilo que sou.
Conclusões?
Foi um ano, na minha opinião bem melhor, em termos escritos. Consegui bons textos, mais profundos, mais criativos. Mais "fortes". Orgulho-me principalmente dos textos que fazem parte do "Tributo",bastante útil e satisfatória, para além do facto de ter sido um enorme prazer escrever sobre todos esses tributos, talvez nestes casos tenha conseguido uma iluminação inspirada, uma elevação. Debruçar-me também sobre estes últimos textos, mais escuros que de certa forma revelaram em mim uma vertente diferente, pois enquanto os escrevia sentia-me quase outro. E claro, existem muitos outros textos que gostei de escrever. Esboçar um sorriso por ter voltado à Apologia do meu Eu, um outro lado do monstro...mas foi-me bastante útil, e continua a ser. Esboçar uma pequena tristeza pela Mitologia do nosso Eu. Quando pensei na ideia fiquei feliz, como se tivesse visto uma luz. E no sentido de prazer pessoal foi bom, adorei escrever. Pegar em deuses "mortos" e colocar as suas vidas e as suas experiências a correr ao lado na nossa existência. Mas em termos de leitura penso que foi uma enorme falha, um enorme falhanço...Mas é a vida. Não sei o que vou fazer em relação a isso...de qualquer das formas é um blogue finito, os deuses não são infinitos.
Agradecimentos?
Este ano perdeu leitores. Não sei se pela pioria do meu blogue, se por falta de tempo, se pela repetição de temas...Não sei mesmo. Aproveito no entanto para agradecer aos mesmos do costume: Joana Garcia (minha irmã), à Liliana (enormíssima amiga) e a Ana Sofia (grande escritora, quando tem tempo para respirar). Agradecer ainda aos meus comentadores masculinos: Frederico e João Tomás. Agradecer ainda aos que me lêem e aos quais dou algum prazer visual. E pedir aos que leiem, cuja a existência eu desconheço, para deixarem comentários. Não que isso seja o mais importante, mas gosto de saber se me "adoram" ou "odeiam". Se adoraram ou odiaram. Agradecer, entre algumas aspas e reticências, a quem me serviu de inspiração, quer para o mal quer para o bem. Aproveito para desejar saúde e inspiração a quem escreve sempre que pode, tentando dessa forma não rebentar ou simplesmente dar uma cor a este mundo.
Ficar grato pela música, ou melhor, a minha banda sonora inspiradora:
Tool (sempre. Por tudo. Espiral.), A perfect circle, Nirvana (Por vezes, e em várias alturas, muito importantes), London After Midnight (por alguma raiva e revolta), entre alguns outros, como: S.B., C.A., DLM (e outros do ramo).
O que quero agora?
Continuar vivo na escrita. Manter os meus sonhos vivos. E acreditar, mesmo duvidando imenso, que não existem limites...seja qual for o tipo.
Acreditar que posso fazer mais e fazer por isso.
Acreditar que todos os dias me posso aperfeiçoar e corrigir.
Acreditar que a inspiração encontra obstáculos mas que também lhes dá a volta...
Continuar a fazer da escrita a coisa mais positiva e produtiva da minha vida, porque nada mais faço digno de ser partilhado...nada. Vida longa às letras.
É um prazer todos os dias escrever para mim e para quem me lê. É um prazer criticar-me e criticar o que acho estar errado neste mundo. É uma honra amar com letras, é uma honra...esforçar-me.
O que não quero?
Ficar parado. Desistir. Ser um monstro que vive na escuridão da vida, ou que simplesmente não vive. Fartar-me do mundo para sempre. Saturar-me de tudo o que não compreendo e de batalhar para nada.
Do que preciso?
De amar e ser amado, e de me deixar fluir, fazendo que outro alguém também flua. Porque esse será sempre o meu melhor eu ( e ou muito me engano: será o melhor eu de cada pessoa).
domingo, 27 de junho de 2010
01:23
...objecto (...) que através de um processo estranho faz rodar dois pequenos ponteiros que regem o nosso tempo...
Batem as horas de um relógio de parede
antigo...
Deixou de dar as horas há muito tempo.
Sobra-lhe um pó que o veste
em todo o corpo.
Mas tocou.
E já é tarde.
Porque sinto que as horas começam a acabar?
Falta-me conseguir por esse relógio
antigo, de pó vestido, a funcionar.
Mas já é tarde
e sinto que as horas estão acabar.
Alguns queriam viver num espaço
sem tempo.
Sem uma morte para nos ceifar.
Queriam viver para sempre...
Não vos censuro. Mas eu prefiro
este tempo contado por alguém
que se vai consumindo.
E depois, consome-se o que sobra
do resto das nossas vidas,
desde o primeiro dia
até ao último.
São horas de agarrar a vida
porque a vida não espera por ninguém.
São horas de despertar.
São horas de colocar esse relógio parado
sujo de pó
a mexer os ponteiros.
E não interessa se as horas estão trocadas.
Porque existe sempre tempo para fazer
mais coisas
outras coisas,
o importante é não se estar parado,
nem desistir.
Não é por vocês,
é por mim.
sábado, 26 de junho de 2010
Dormência de quem deveria estar acordado
"Making every promise empty
Pointing every finger at me..."...hurting every one around me...
E eu iria até onde me levasses.
De olhos bem abertos
mas de coração seguro.
Agora estou meio acordado
meio adormecido
nesta realidade que me alegra pouco
e insatisfaz muito.
Porque não podemos dormir para sempre?
Isso penso eu agora...
Houve alturas em que não me saturava
de tudo isto.
Agora penso e repenso...tudo isto
serve do quê?
Estou dormente. E a dormência deixa-se estar
confortável no meu seu ser. E eu não me queixo.
Quase agradeço...
Quase.
Falta esse quase, de como quem está acordado
na cama à espera desse pequeno gesto de
saltar cá para fora...
Pensa nisso...
Apenas pensa nisso.
Exausto de me refugiar em nadas
prefiro agora escrever...assombrado apenas.
O sentimento que se vá remoendo...até se
auto-destruir.
Vivem para ser testemunhas da vida?
Eu não quero vê-la passar-me ao lado...
Mas eu já não me importo,
ou não me devia importar...
Estou cansado de magoar todos
por ser como sou,
farto que me apontem o dedo,
cansado de um silêncio pesado
que poderia ser um poema quase cantado
e sentido.
Eu devia estar a dormir...
Mas estou meio acordado...
Uma promessa vazia
é isso a minha vida.
O Pêndulo - A continuação
"Já não distingo o que sinto quando acordo..."
Sou a ilustração de medos e fobias...
Decretei guerra à paz interior.
E se vivo em pesadelos
é porque escolhi ser sonhador,
e agora pago alto esse preço
que me deixa num lugar que
não sei até que ponto mereço.
E estremeço se penso numa vida incompleta
mas não temo o fim de todo este universo.
Pode desabar que continuo aqui.
Estou num local sem lugar
onde nada pode ser totalmente destruído.
E soam os tambores, soa a libertação
que para muitos é ruído,
mas para mim é algo mais...
Tudo nesta vida representa para mim algo mais.
E enquanto o pêndulo dança para os meus olhos
eu deixo-me ir...dormente...para outro lugar...
Onde não sou o pior mentiroso, onde não sou apenas
outro imbecil, outro pedinte do destino,
onde não sonho, apenas faço, como se o sonho
em si fosse desde logo acção...
E não sonho com utopias, sonho com algo
que existe e que torna todo este mundo
mais colorido...
Quero aquilo que quero porque nunca vou
querer outra coisa que não isso,
sou fiel ao que sinto
e abraço aquilo que penso...
Posso ser só sombras
neste momento mais escuro...
Posso ter sido sempre sombras.
O que interessa?
Interessa nada.
Sou o que sou
e hei-de sê-lo sempre, mesmo
corrigindo falhas que me são vivas
e que marcam a minha existência.
Não quero ficar preso
mas também não ambiciono de todo
a liberdade que tinha.
Quero o quê então?
Eu queria aquilo que não posso ter.
E nesta negridão deixo-me levar
até bater com o rosto numa pedra qualquer
esquecida neste mar revolto.
Não passo disso mesmo:
um mentiroso, um covarde,
um ser sedento de qualquer coisa...
Um monstro cresce...e vai crescendo.
É o que sou
e neste momento a mais nada
me posso agarrar.
A luz escurece.
Balança-te pêndulo...
Re-Arranged
"Não é assim. Há coisas que só existem quando se completam, e que só então dão a felicidade que se procurava nelas."
"É muito complicado isso - murmurou ela, corando. - É muito subtil..."
"Quer que lho diga mais claramente?"
(Nota: Existem algumas coisas e pessoas excelentes em Portugal. Eça de Queiroz é uma delas. Sem dúvida para mim o melhor escritor de sempre e para sempre. A sua prosa é de uma arte sublime. Terei enfim, com todo o gosto, a oportunidade de voltar a falar dele, e da sua obra. Para já, fica lá em cima esse pequeno trecho de apoio ao meu texto que nada tem haver com Eça de Queiroz.)
Será sempre oportuno reflectir
sobre a cor da nossa alma.
Estaremos nós recheados de luz onde reside
um recanto sombrio?
Ou seremos nós trevas, duras e escuras trevas
onde existe algures uma pequena sala branca
como uma sala perdida e acolhedora
perdida no tempo e na memória?
A nossa existência neste mundo
é contraditória,
e por vezes as nossas acções roçam
a idiotice...roçam o animalesco.
Roçam a monstruosidade.
Roçam a humanidade.
Queria eu voltar a ver
nesses olhos a cor de uma chama,
de uma labareda forte, capaz de apaziguar
os meus maiores medos e receios.
Mas receio apenas poder sonhar com tamanho
acontecimento.
Apenas penso nisso.
Apenas sonhamos com isso.
E um sonho que se tem apenas para ser sonhado
sem força para o ver concretizado
é um sonho falhado.
Não me compreendem quando me esforço
por explicar esta vida com todas
as sensações que dela saem, que nela entram,
aceito por fim que é como se caminhasse sozinho,
para um escuridão ou para uma luz,
mas isso não interessa...porque o faço sozinho.
No entanto alguns batalham sozinhos
e quase veneram essa mesma solidão
porque pensam ser uma solidão acompanhada...
Pobres almas, pobres criaturas de Deus,
poderei algum dia colocar um ponto final
nessa vossa tristeza existêncial?
Não sei. Mas também preciso que alguém
faça o mesmo por mim.
Alguém me disse que as peças encaixam...
Porque esse mesmo alguém as viu despedaçarem
no chão.
E encaixam deveras.
Mas ninguém teve o bom senso,
ninguém teve a frieza
de pensar:
e se essas duas peças se afastarem no tempo
e na memória, e nas acções, e na razão
de terem por momentos (ou desde sempre)estado juntas?
Mesmo que pertençam juntas
existem coisas neste mundo que ainda não compreendemos.
É a verdade?
É aquilo que sentimos ou aquilo que queremos sentir
que importa?
Para mim só existe uma verdade
e essa verdade tem um nome.
Tudo o resto, por momentos e em certos momentos
desaparece, e tudo é paraíso, e tudo é paz.
Para que me engano eu?
Porque eu já nasci enganado...
Conto agora, aos poucos, abrir os olhos
a mim e a quem me dedica algum tempo.
A felicidade é...
Nesta minha vida, nesta realidade terminal
procuro por fim ir juntando as peças...
até que tudo fique certo, tudo no seu devido lugar.
Pois só desta forma posso viver
sendo mais feliz...
É tudo uma questão...não sei do quê.
Procuro algo que ainda quero encontrar.
Sou uma peça...
Preciso de me reorganizar, preciso de colocar
tudo no seu correcto local.
Sou uma peça...já faltou mais.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Não é uma velha imagem é um símbolo
"Só paga o preço errado quem não enxerga a outra face da moeda..."
Há muito para compreender
para descobrir...
Nisso não me duvido, nem duvido de ninguém.
Observar com sentimento de quem perdeu para
sempre uma imagem antiga,
sorrir com essa fome de quem a viveu.
Somos nós aqui, naquele momento,
naquele sentimento,
não é uma mera imagem
é um símbolo.
Estava vivo. E vivo estou se a observo.
Para trás ficará uma imagem
um estímulo, algo de difícil definição...
Apreciar um passado, pensar um futuro,
agarrar o presente...
Tirar lições constantes desse mar calmo
e turvo que é a vida...
Sentimento em bruto
à espera que dê fruto.
A moeda cai ao chão...
A maioria vê a face que ficou virada para cima.
Eu levanto a moeda e depois de ver a face superior
olho para a outra face.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Sombras
"I am just a worthless liar, I am just an imbecile...There's a shadow just behind me
shrouding every step I take. Making every promise empty, pointing every finger at me..."
São sombras sombrias que me assombram...
E eu não gosto de me sentir assim.
Existe uma sombra que me acompanha mesmo quando não
há luz, que me segue durante o dia, mais silenciosa,
que não me deixa durante a noite.
E o sossego que povoa em mim
anda desaparecido de momento,
deixando-me sozinho nesta frustração
neste nervosismo, como se soubesse o caminho
mas não o conseguisse encontrar.
O que queres?
Eu quero o que eu quero.
E vou elevar-me para cair mais alto,
vou preencher para depois deixar um vazio.
Vou odiar-me durante muito tempo...
E a sombra acabará por ficar
algum tempo mais.
shrouding every step I take. Making every promise empty, pointing every finger at me..."
São sombras sombrias que me assombram...
E eu não gosto de me sentir assim.
Existe uma sombra que me acompanha mesmo quando não
há luz, que me segue durante o dia, mais silenciosa,
que não me deixa durante a noite.
E o sossego que povoa em mim
anda desaparecido de momento,
deixando-me sozinho nesta frustração
neste nervosismo, como se soubesse o caminho
mas não o conseguisse encontrar.
O que queres?
Eu quero o que eu quero.
E vou elevar-me para cair mais alto,
vou preencher para depois deixar um vazio.
Vou odiar-me durante muito tempo...
E a sombra acabará por ficar
algum tempo mais.
Arremessamento contra qualquer coisa
"Take everything from the inside and throw it all away..."
Pego em todos os pedaços do meu ser
e vou arremessando-os contra qualquer
coisa, a toda a força, a toda a velocidade.
E aguardo, quase paciente
por algum reacção.
Pego em todos os pedaços que tenho dentro de mim
e faço-os voar em várias direcções
contra qualquer superficie ou vazio,
E vou esperando ouvir um som que se propague
em mim, uma destruição qualquer,
qualquer evolução que me faça render
à verdade que todos estes pedaços nada faziam
dentro de mim.
Arremesso todos.
Partam-se, façam ricochete contra a parede
e voltem para mim! Magoem-me se for preciso.
Só quero mandar tudo contra alguma coisa,
seja o que for,
seja para o que for.
Eu
pela última vez
mando tudo embora de mim,
para me sentir aberto, ou fechado,
ou qualquer coisa que não seja isto.
Porque isto não me chega.
Piano, essa frágil folha de Outono
Enquanto a realidade ainda acredita...
Onde coloquei os meus dedos de pianista?
Eram finos, saudáveis, eram dedos numa mão
bonita, num tom de pele bronzeado.
Onde está o piano que nunca tive?
Nessas melodias que nos preenchem de tristezas,
nesse não saber se se está num vazio
ou numa aurora, uma melodia carinhosa
que nos sobe pelo corpo, arrepiando a pele,
até atingir o prazer do cérebro...
Onde está?
Essa melodia, nunca cansada, sempre profunda,
num ritmo que nos agita a alma, que nos faz pedir:
toca outra vez,
toca mais uma vez até eu ficar consolado
de toda esta realidade.
Toca outra vez, só mais uma vez,
até me sentir eu de novo,
até me sentir bem
como outrora.
E os dedos percorrem o piano, como se fosse
a primeira vez, sentem as teclas, sentem
o mundo que me rodeia. Os dedos têm vida
e dão vida,
tiram vida,
fazem milagres, e são capazes
das piores catástrofes.
Melodia perdida que ainda vive na minha memória.
Quem sabe onde?
Quem sabe como?
Quem saberá?
Sei o que sinto, sei o que existo,
mas pouco mais sei,
sei que não sei desses dedos belos que queriam
tocar uma melodia bela, mesmo não a sabendo tocar...
Os dedos estão desfeitos.
E a melodia toca, ou vai tocando,
lembrando-me o porquê desse Outono ter acabado
fora do seu tempo,
e vai tocando enquanto essa frágil folha cai
e cai num silêncio mudo, num som surdo,
cai e só eu a vejo cair.
É frágil mas poderosa como a música deste
piano que não toco, que não sei tocar,
e a folha caída está intacta.
Não a pisem...
Pelo menos hoje,
pelo menos nunca.
Parabol(a)
"Twirling round with this familiar parabol. Spinning, weaving round each new experience. Recognize this as a holy gift and celebrate this chance to be alive and breathing."
Dois pontos equidistantes vão se aproximando,
e não deixa de ser belo
apreciar a velocidade a que caminham um para
o outro.
Começam muito longe um do outro...
E é como se vagueassem sem rumo,
e apesar de não saberem da presença do outro
vão à mesma velocidade, vão na mesma distância,
vão juntos, coordenados, mesmo sem saberem...
E não é menos belo observar o que acontece
quando estes dois pontos se apercebem um do outro.
De inicio ficam surpresos, intrigados,
Será possível terem feito a mesma rota
ao mesmo tempo?
Os pontos começam a conhecer-se, de longe.
Quando dão por eles estão a correr cada vez mais depressa
como se isso os fizesse chocar, como se isso
os fizesse tornarnarem-se num só.
Uma luz começa a crescer dentro destes dois
pontos.
A velocidade aumenta.
É possível vê-los a aproximarem-se...naquela pequena
curva que une os dois caminhos.
Terão chocado?
Terão passado um pelo outro
trocando assim de lugar?
Meu Deus.
O que fui eu fazer?!
Morro.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Imito este ódio
"...while you were beggin' me to stay,take care not to make me enter, if I do we both may disappear...Managed to push myself away, and you, as well, my dear...There's no love in feaaaaaaaar!..."
Escorrego por ti abaixo apesar
de nunca ter chegado ao ponto mais alto.
Então puxo mais por mim para desaparecer
duma das faces deste mundo, duma face
quase imortal, como toda a alma humana,
porque eu não vos ambiciono...
E não tão pouco talvez, é mesmo nunca,
é mesmo nada, é mesmo para sempre,
por toda a linha rasgada que ficou por contar.
Poderia fraquejar, ser igual aos outros,
mas eu não sou igual a mais ninguém,
sou único, como seria única cada pedra da calçada,
fixa no seu lugar, com uma história por detrás
para ser contada,
unicamente neste local colocado
para fazer algo mais do que aquilo que faço,
talvez mais do que aquilo que posso,
único, como o monstro que não dorme,
como o monstro que vive sem quase se alimentar
porque ser-se monstro é lutar contra o vazio,
e viver quente quando está frio, e viver ao frio
quando está mais calor.
Vi hoje uma coroa de ódio tão bela,
senti necessidade de vos imitar,
Coloquei-a.
Fica-me tão bem.
E não me bastando o ódio que não tenho
imito este ódio
tão bem coordenado neste mundo
tão bem balanceado.
A morte é a minha única amiga.
E Deus sabe-O.
E apesar de vos amar
sinto que o vosso amor vai acabando,
lentamente como se alimenta-se um doente
impaciente na lentidão da doença,
preso,
cheio de dor,
farto desta vida, vivida desta forma.
Há falta de melhor
imito este ódio.
Oitavo Pecado
"O mal não vem por magia, é parido na perversão do dia-a-dia...(não dão importância aos actos que cometem)...voam como anjos, mas o que escondem com as asas é macabro."
Bem sei que me fui repetindo
em cada linha sentida, em cada linha
pensada, mas a intolerância
esmaga-me o que ainda me resta de consciência,
o que ainda me resta de razão,
o que ainda sobra de sentimentalismo.
As vossas personalidades saturam-me,
enervam-me, fazem-me questionar a essência humana.
E por muito que me repita só encontro
um motivo para essa vossa constante falta de vontade:
a felicidade de pecarem com um oitavo pecado.
E agora, tudo faz sentido...como consegui ser tão cego?
Não me chegava toda uma luz fraca?
Não. Precisei de receber esta escuridão clara
para compreender as vossas almas.
Descobriram um pecado que envolve ao de leve
todos os outros,
um pecado que vos prende à insatisfação,
que vos controla a vida de forma absurda,
e deixam-se ficar nessa aparente paz de alma
enquanto a alma corrói, aflita, sedente,
Pessoas deste mundo eu guardo-vos: Pena,
e quase não demonstro compaixão...
Pensem nisso. Ou não pensem, sintam.
Ou não sintam...Façam o que quiserem,
não sei porque tanto me preocupo.
Talvez saiba.
Deixei para trás imensas teorias
razões de mudança.
Deixei escrito no tempo:
fortes ajudas para quem quer ser ajudado,
talvez até tenha mostrado portas...maçanetas...
Apenas têm de mover a mão num sentido qualquer
para abrir a porta.
Oitavo pecado...
Talvez seja a hora de ser levado,
de desistir disto tudo,
talvez seja meu fado tentar sem resultado,
quem se interessa?
Eu.
Oitavo pecado: medo de se deixar ser feliz.
domingo, 20 de junho de 2010
Testamento da razão - a Secura
"Almas vagueiam na escuridão do mental eclipse..."
É isto que permite às almas evoluírem?
A minha gargalhada finda
num silêncio frio
quase nu, como o mendigo que ajudei ontem...
É isto que vocês querem?
Acabar rasgados? Juntamente com os erros?
Preferem o fácil
ao que vos exige alguma luta?
Estou SECO.
Não me chega a água toda deste planeta.
ESTOU seco. Uma secura sem fim à vista,
sem conclusão, sem nada, estou
apenas
seco.
E morreu a razão...
Deixou para trás todo um testamento,
onde separou todas as inteligências
toda a parte intelectual deste mundo.
E eu encontro-me seco.
Li mais tarde que este testamento
guardava todas as inovações, todas as conclusões,
todas as soluções, todas as verdades
atingidas...
Mas sobrou na minha mão
a única verdade desses que ousaram mais:
a coragem de fazer do vosso pensamento
uma acção realizada,
concretizada.
O que era sonho
passou a ser realidade.
Rasgo folhas na secura da minha não arte.
As palavras afogam-se numa água que não vem...
Criatura
"Be my reminder here that I am not alone in
This body, this body holding me, feeling eternal
All this pain is an illusion..."
Todos as criaturas que caminham neste mundo
têm dentro delas várias criaturas aprisionadas.
E não sei quantas balas seriam necessárias
para matar todas elas.
Algumas vivem mortas
outras nascem aprisionadas
e vivem quase em sofrimento.
Outras vivem como plantas
respiram sol durante toda a sua
existência, e desaparecem sem nunca
terem feito parte da história.
Algumas representam os nossos
mais obscuros medos...e outras
tantas fobias, receios,
Algumas são criaturas grandiosas
que são a criança que sonha,
Mas tudo tem uma razão de ser
ou talvez não, mas o que interessa?
São criaturas de formas estranhas
que nos contam coisas estranhas.
Tenho assombro de algumas.
Venero outras.
Tenho criaturas dentro de mim
e queria fazer parte delas,
ou já farei?
O tempo vai-se contando sozinho...
E quando a morte chegar levo comigo
todas as criaturas
e para trás fica apenas o monstro
que conseguiu descreve-las.
Contraste físico - desconhecimento
"Desafio o ritmo e com o ritual entrego-me...em mim nasce a tempestade..."
Fazem-me acreditar que tudo está bem
até ser derramada a primeira lágrima.
Que o mundo está a cumprir
as rotações correctas...que o sol
um dia vai rebentar deixando-nos
na perfeita escuridão.
Sento-me neste conflito
como se fosse o melhor lugar para
pensar, onde melhor medito,
onde posso escrever, onde grito,
onde agradeço a dádiva de viver
e onde critico este mundo maldito.
Desconheço o meu lugar concreto neste silêncio.
Sou demónio branco ou negro anjo?
Ajudo a criar vidas ou destruo fantasias?
Que faço eu afinal?
Sei que vivo hoje
e pouco ou nada prometo
que estarei cá amanhã,
seja que amanhã for.
E a única tranquilidade que atinjo é
num sonho do qual me custa despertar.
O meu sangue noutro local
Sou quase perfeito.
Além de ser dotado de razão
valorizo-a. Mas aos poucos
muito devagar
começo a valorizar o sentimento...mas muito devagar.
Consciente que me respeitam pelo meu esforço
e pelos meus resultados na vida.
Tenho dois irmãos.
Uma irmã da qual me orgulho muito
apesar de quase nada lhe dizer sobre
esse mesmo orgulho. Amo-a.
E tenho um irmão do qual me afastei para sempre.
Detesto-o por tudo o que ele não faz
ele que podia fazer bem mais...
Perdeu-se algures na brincadeira calma
e na irresponsabilidade que não compreendo.
Estou na minha varanda
a falar com alguém que aos poucos começo a
amar. Ela vive em Sintra. E eu fumo enquanto falo
com ela. É bom. É maravilhoso.
O mundo até pode dormir lá fora
mas eu estou bem acordado.
Sou negro como a razão em dias menos
iluminados.
sábado, 19 de junho de 2010
O Pêndulo - O Inicio
"Deixo-me cair em queda livre...
Estou farto de acordar ofegante com pesadelos
a suar frio, sem conseguir resolve-los..."
Simbolizo medos e fobias,
Mortes que venceram com incultas sangrias.
Avançam sobre mim
Pedem-me que me sente
para respirar fundo
e olhar fixamente o pêndulo.
Deixo-me ir ao fundo...
Já aqui estive.
Tudo o que fiz passa-me pelas mãos
com um toque sublime das sensações que espalhei
à minha volta.
Tamanha alegria, tamanha desilusão.
Tamanha ajuda e simpatia. Tamanho sofrimento...
Por razões loucas.
Eu já aqui estive...Eu vivi aqui toda a minha vida.
Desde pequeno. Gatinhei, escorreguei, caí. Chorei e ri,
sorri e caí.
Para onde me levaram? Sempre aqui estive mas nunca aqui quis
ficar. Já não me distingo.
Está escuro...uma canção de embalar apura-me os sentidos...
Quem está aí?
Agarrem-me, tirem-me daqui.
Alguém me ajuda?
Sinto o corpo pesado...
Devo ter viajado para outro mundo.
Onde estou eu agora? Nunca aqui estive.
Tudo o que me envolve está destruído.
Eu mesmo sou ruínas, sou pó junto da poeira,
somos todos um só, todos aniquilados.
Somos todos pó...
Eu não quero sentir isto, isto não sou eu.
Eu não sou silêncio
nem escuridão...não desta forma.
(Estalam os dedos)
Continuo com o mesmo pesadelo...
Mas desta vez sinto que posso resolve-lo.
Dou-vos finalmente: Olhos de um anjo caído
Nota:
Isto não é o fim de nada. É talvez um recomeço. Ainda não sei ao certo. Ultimamente o que sei parece que é verdade, pelo menos grande parte dela, outras coisas fogem do seu lugar. Importa perceber se às vezes perdemos algo por apenas alguns momentos ou se perdemos para sempre, é isso que importa perceber.
Quando a minha irmã teve esta imagem nas suas mãos ficou estupefacta. Foi amor à primeira vista. Possivelmente das melhores imagens de origem Tooliana. E é de facto fantástica. Tive de procurar um bom bocado por ela. Já a conhecia mas no Google não existia sinal dela...Tive de me render a um processo da velha escola: o print screen mais o programa Paint. Encontrei-a numa montagem de imagens para um videoclip de Reflection. E assim foi. Escrevi por detrás dessa montagem, dentro de um quadrado rectangular, que é a forma do CD Aenima, as seguintes palavras, daquilo que me recordo:
Quando encontrares alguém que esteja ligado a ti, no coração, na alma, na razão, num beijo, então agarra essa pessoa para sempre. Esta é uma lição para todos nós. Todos.
Porque conseguir unir isto tudo é quase um milagre da vida, à sua maneira, e de certa forma.
Eyes of a fallen angel,
Eyes of a tragedy... ( 3 Libras )
Se pudesse voltar atrás fazia tudo da mesma forma.
Alguns tentam fazer com que as peças encaixem à força,
outros têm a sorte de as ver encaixar naturalmente.
E eu tive essa sorte.
Se puder recordar hoje, com aquilo que sei
custa-me acreditar que tudo tenha começado
ás oito e um quarto da manhã.
E recordo-o com um sorriso de quem está a dar
os seus primeiros passos, uma vontade de continuar
a dar esses mesmos passos até cair sentado no chão satisfeito.
Como em tão pouco tempo as coisas encaixam?
Como em tão pouco tempo as coisas se expandem tanto?
Como é possível que em tão pouco se alcance
uma essência, um conhecimento que costuma demorar muito mais?
É preciso adormecer e acordar com um sorriso nos lábios
para compreender que algo mudou.
Podemos aprisionar forças dentro de nós
mas corremos o risco de elas voltarem a ser soltas.
Para quê aprisiona-las então?
Não sei.
Houve uma altura em que a razão e o sentimento
andavam de mãos dadas. Agora estão distantes,
nada querem um com o outro.
Surpresas, vivências, esforços,
apertos, satisfação, conforto.
Dez mil dias como música de fundo
numa manhã supostamente fria,
e música ao vivo para embelezar a noite.
Podiam-me oferecer o mundo...
Mas não quero.
O mundo não chega.
Entram e saem espirais.
Consigo algo especial, diferente,
estou de volta.
Deito o cigarro ao chão...
E é quase como se tivesse falhado.
Mas o sentimento é o mesmo.
Olhos nos olhos
nunca foi preciso muito mais.
Há sinais que nascem sozinhos
para quem os quiser ver.
Terá chegado a tragédia?
Um anjo cai no terreno que me rodeia,
as suas asas parecem fracas,
todo ele parece fraco.
Que te aconteceu pequeno anjo? Porque pareces chorar?
Porque tens os olhos mais tristes que eu já vi?
O anjo olha-me. E de tudo o que tem para me dizer,
de tudo o que tem para me mostrar,
de tudo o que tem para me dar, apenas diz:
Porque caí.
Lutadores
Este é o meu último poema, prosa, chamem-lhe o que preferirem, positivista. Depois cairá um anjo e estarei de volta à poesia mais negra, de volta ao inicio. Estarei de volta às minhas trevas. Mas não se perde nada. Eu gosto de chamar à minha escrita: poesia negra que ilumina. Seja como for, para os lutadores. Para o que não lutam, para os que lutam e são desvalorizados. Para os que lutam por um mundo melhor, por uma vida mais completa, para quem luta para que cada dia seja diferente de todos os outros dias. Para os que sabem que a dor é apenas uma ilusão...os limites estão à nossa volta, os limites existem para ser ultrapassados. A sensação de os ultrapassar é bem melhor do que a sensação de ficar escondidos, com medo, de os ultrapassar. Tenho dito.
Celebrem que estamos vivos.
Não somos esqueletos que se movem na terra
não somos um exército de mortos coordenados
ao sabor de um ritmo pobre, sem chama,
que caminha só por caminhar.
Somos lutadores.
Luta pelo sol que vai nascer todos dias
brilhante ou escondido nas nuvens...
Quem se importa?
O sol está sempre lá, não interessa de que forma.
Somos lutadores
somos aqueles que dão o suor o sangue a força,
aqueles que não se limitam a uma só meta.
Somos o equilibrio entre a teoria
e a prática. Podemos admirar o abstracto
mas vivemos no concreto.
Somos directos, acolhemos esperanças para viver
bons tempos, bons momentos, cuspimos na desgraça com
desprezo, porque a queremos extinguir.
Somos lutadores
que não cessam mesmo com o corpo cheio de dores,
Somos criadores, conquistadores,
somos tudo o que podemos ser
no tempo que nos é concedido.
Envelhecemos com um sorriso nos lábios,
a vida não nos passa ao lado,
é agarrada como se fosse única, como se fosse a última,
Estamos unidos nesta vida para cumprir uma missão:
ser felizes, viver totalmente, espalhar a lição.
Estamos num lugar à parte.
Não somos cordeiros num rebanho,
somos pastores perdidos no centro disto tudo,
e já somos poucos.
Mas ainda lutamos.
Lutamos por nós. Pela nossa vida.
Todos os dias podem ser diferentes
e nós sabemos isso. Nós vivemos isso.
Celebramos a vida
conscientes das coisas más e boas que se atravessam
na nossa vida...Mas não paramos. Lutamos sempre mais.
E nunca, mas nunca, desistimos.
Desistir é morrer, e morrer é ficar de braços
cruzados perante a vida.
Somos lutadores.
Lutamos até ao último suspiro,
até à última inalação de ar,
a vida é uma batalha?
Então vivemos-la a batalhar.
A vontade é faminta,
é escrever até ficar sem tinta,
gritar até ficar com a voz rouca.
A fome nunca é pouca...
Somos únicos. Somos diferentes.
Vivemos de peito erguido
rosto feliz, alma preenchida.
Somos lutadores
quebradores de limites, a rotina para nós
não existe.
Não temos medo de sofrer em vão nem de ser felizes,
aproveitamos a vida no seu total...
Somos lutadores.
Juntem-se a nós,
a vida terá mais sabor
e vão-se sentir vivos.
Celebrem que estamos vivos.
Não somos esqueletos que se movem na terra
não somos um exército de mortos coordenados
ao sabor de um ritmo pobre, sem chama,
que caminha só por caminhar.
Somos lutadores.
Luta pelo sol que vai nascer todos dias
brilhante ou escondido nas nuvens...
Quem se importa?
O sol está sempre lá, não interessa de que forma.
Somos lutadores
somos aqueles que dão o suor o sangue a força,
aqueles que não se limitam a uma só meta.
Somos o equilibrio entre a teoria
e a prática. Podemos admirar o abstracto
mas vivemos no concreto.
Somos directos, acolhemos esperanças para viver
bons tempos, bons momentos, cuspimos na desgraça com
desprezo, porque a queremos extinguir.
Somos lutadores
que não cessam mesmo com o corpo cheio de dores,
Somos criadores, conquistadores,
somos tudo o que podemos ser
no tempo que nos é concedido.
Envelhecemos com um sorriso nos lábios,
a vida não nos passa ao lado,
é agarrada como se fosse única, como se fosse a última,
Estamos unidos nesta vida para cumprir uma missão:
ser felizes, viver totalmente, espalhar a lição.
Estamos num lugar à parte.
Não somos cordeiros num rebanho,
somos pastores perdidos no centro disto tudo,
e já somos poucos.
Mas ainda lutamos.
Lutamos por nós. Pela nossa vida.
Todos os dias podem ser diferentes
e nós sabemos isso. Nós vivemos isso.
Celebramos a vida
conscientes das coisas más e boas que se atravessam
na nossa vida...Mas não paramos. Lutamos sempre mais.
E nunca, mas nunca, desistimos.
Desistir é morrer, e morrer é ficar de braços
cruzados perante a vida.
Somos lutadores.
Lutamos até ao último suspiro,
até à última inalação de ar,
a vida é uma batalha?
Então vivemos-la a batalhar.
A vontade é faminta,
é escrever até ficar sem tinta,
gritar até ficar com a voz rouca.
A fome nunca é pouca...
Somos únicos. Somos diferentes.
Vivemos de peito erguido
rosto feliz, alma preenchida.
Somos lutadores
quebradores de limites, a rotina para nós
não existe.
Não temos medo de sofrer em vão nem de ser felizes,
aproveitamos a vida no seu total...
Somos lutadores.
Juntem-se a nós,
a vida terá mais sabor
e vão-se sentir vivos.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Finalmente dou-vos: Coimbra Revisited (2010/2011)
Não gosto de ouvir pessoas dizer que querem viajar pelo mundo fora antes de conhecer Portugal bem. Portugal tem tanta beleza espalhada. Está mesmo à nossa frente. Alguns preferem fechar os olhos, outros preferem fugir lá para fora sem primeiro sentir o que está aqui dentro. Por isso, sejam livres para expandir horizontes, mas primeiro, façam-me esse favor, respirem o vosso país, sintam-no, e compreendam que o nosso país tem muito para vos oferecer (falando em termos de beleza física e de ambiente).
No ano passado tive a oportunidade única de sentir Coimbra. Enquanto lisboeta sempre pensei que fosse mais uma cidade portuguesa...sem nada de interesse, uma cidade perdida no "meio dos montes", no centro de aldeias. Fui arrogante na minha limitada percepção. Como estava enganado.
É certo que existem pormenores vários que terão moldado o meu olhar. Sem dúvida. No entanto houve sempre pequenos momentos em que pude observar Coimbra, com olhos de turista, com olhos de quem sente. E senti. Vivi Coimbra. Tenho pena de não voltar lá. É uma cidade bela. É uma cidade onde não falta o movimento de pessoas e carros, para quem gosta, e no entanto tem toda ela uma paz, uma calma. Está-se bem em Coimbra. Tem grandes centros comerciais para agradar a todos os gostos. Tem ruas bonitas, bem vestidas e coordenadas. As pessoas são simpáticas.
Tem esplanadas com um clima fantástico. Tem vistas de nos deixar felizes. Mas o que mais gostei foi dos locais de lazer, para passear, sentar, ler, namorar, conversar, jogar à bola, fazer piqueniques, viver um fim de semana. Espaços verdes com fartura, para todos os gostos, um rio magnifico, que em termos de visual é bem mais aliciante que o rio Tejo.
O melhor elogio que posso fazer a Coimbra é que era capaz de lá viver.
Posso ainda falar muito ao de leve de Braga. É uma cidade mexida, e faz lembrar as zonas da Baixa de Lisboa, mas num ambiente mais "clássico". É outra terra bela. E existem ainda outros sítios.
Bons momentos em sítios fantásticos. Experimentem! Vão amar. Vão querer repetir. O nosso país é mais belo do que parece.
É certo que deixei muito por dizer. Mas adorei ter conhecido estes locais. Foi uma experiência única. Única. Podem nunca sentir o que eu senti, mas também, somos todos diferentes. Mas de certo não sairão indiferentes.
Fica a faltar os olhos de um anjo caído.
Finalmente dou-vos : Reflection
Nota:
Estou com demasiada pressa para fazer estes três últimos textos. Não sei porquê ao certo. Mas têm de ser feitos para passar à próxima fase, seja ela a origem do mal, a sombra, o fim do mundo. A verdade porém é que neste momento, este em concreto, não é a melhor altura para o fazer, pelo menos sobre o Reflection. Mas paciência. Estou farto do factor timming na minha vida.
Esta música para mim representa tudo. Ou pelo menos quase tudo. Quando a ouço sozinho, começo a sentir a música aos poucos, e quando dou por mim o meu corpo vai acompanhando a melodia, como se estivesse dentro de um ritual. A música é uma divindade na terra e a letra é outra divindade na terra. Sei que digo isto muitas vezes, mas esta é sem dúvida das músicas preferidas dos Tool, desse grande álbum: Lateralus. Esta música faz-me sentir humano, e não monstro, faz-me sentir que sim, eu sou capaz de ir mais longe, eu consigo fazer mais. Sim. Elevação em sentimento bruto. Esta música é uma das espirais da minha vida. É um ritmo que quando bate dentro de mim me faz sentir importante para este mundo, para todos os que me rodeiam. Esta música é poesia, é prosa, é arte, é sentimento, é aperfeiçoamento, esta música e esta canção são : Tool. Tool no seu melhor, na sua perfeição.
Existe só uma musica, que esteja a ver de momento, de todas dos Tool ou APC que me diz aquilo que eu não quero ser, que me diz como eu não devo agir, que me diz aquilo que eu nunca quero sentir de ninguém, e essa música chama-se Sober. No entanto existem várias músicas elucidativas de um bom sentimento, de uma boa acção, de uma vida saudável e feliz, e este é uma delas.
Entrem neste ritual, nesta espiral...sintam-na, sintam-se, refresquem a mente, a alma, soltem o corpo: braços, mãos, pernas, asas.
Aquilo que esta banda significa para mim nunca conseguirei explicar. Mas é do género: uma vez conheci um casal, que dizia que a palavra amo-te não bastava para demonstrar o que sentiam um pelo outro, então escreviam sempre _____-te. Talvez seja isto que sinta. Mas não só.
Todos os meus textos são uma reflexão e um reflexo do meu ser. O meu melhor eu e o meu pior eu estão sempre juntos, porque eu sou os dois. Nunca iludi ninguém, nem nunca me iludi a mim, pelo menos sobre mim próprio.
A quem posso eu dedicar esta música? Em primeiro lugar a mim próprio. Descobri-a quase sem querer...quando comecei a ouvi-la parecia só instrumental (o que por si só já era um instrumental belo), mas nem sempre as coisas são o que parecem, por isso descobri-a, assim quase do nada.
Deixar uma pequena dedicatória à minha irmã por viver a música e a canção com um entusiasmo tão forte ou parecido com o meu.
Dedicar ainda a quem ainda vai sempre a tempo. A todos os que entendem que o "fim", seja em que matéria for, ainda não chegou. Que ainda existe tempo. Que ainda existe chama, força, vontade, e sentimento. A todos aqueles que não se deixam vencer por aquilo que pode ou não vir, mas que fazem aquilo que querem. Dedicado aqueles que não sufocam uma parte de si só para viver de forma normal, usual, em que todos os dias são igualmente vazios. Dedicado a quem dá mais de si, a quem quebra regras e barreiras, a quem respira mais todos os dias. Dedicado a quem chama por quem ama, dedico a quem responde ao chamamento da pessoa amada. Dedicado a quem erra, a quem corrige, dedico a quem quer conquistar mais, seja algo por conquistar ou algo que por algum motivo foi perdido. Dedicado a quem sente. Dedicado a quem não quer estar sozinho, a quem ambiciona amar, a quem ambiciona beijos, contacto físico, e tudo o que pode ser sentido. Dedicado a quem vive, e dedicado a quem faz por viver no seu melhor, dando o melhor de si para si e para os outros, a quem não nega o coração. Dou-vos: Reflection.
Derrotado eu concedo...
É doloroso como aqui vim parar.
Aos poucos, sem saber, fui-me aproximando de um fim.
Quando olhei de perto, com atenção, estendia-se
à minha frente um abismo.
Estou quase dorido.
Toda esta situação é dolorosa. Mas talvez passe depressa,
talvez toda esta dor seja apenas
uma ilusão...
Como queria.
Dizem que talvez possa encontrar paz neste vazio.
E fazer deste sentimento um local de conforto...
Tudo isto é doloroso.
E no meu momento mais escuro
acabei por chorar.
Mas tudo o que eu sempre procurei foi uma razão
um sentimento para me agarrar para sempre...
Um segredo. Que deveria chegar até mim
como se eu fosse seu confidente.
Esperei em vão.
É doloroso.
Queria um resto do que sobra de toda a luz que o sol dá.
E eu brilho, com um brilho intenso, de uma luz que não é minha.
E a fonte de toda essa luz e brilho são puras
mas não são minhas...
Mas eu brilho. E brilho para sempre. Porque sou alma
porque sou luz, porque fui trevas, porque respiro e vivo.
Eu sou infinito, e consciente desse mesmo facto, brilho ainda mais,
enquanto milhares de luzes passam por mim, atravessando-me a pele
e colorindo o meu ser.
Quando abro os olhos ou quando abro esta janela
quero olhar para o mundo sem qualquer dúvida
de que não vou alimentar o meu narcisismo nem a minha solidão.
Devo crucificar o meu ego, os meus erros, corrigir-me
dar-me às pessoas, dar-me à pessoa,
E pedir à Luz que me abra os olhos
que me faça seguir o meu coração
e o que tenho como bom para mim
antes
que
seja
tarde
de
mais.
E é então que sacrifico tudo aquilo que não me interessa
tudo aquilo que me faz mal,
Sacrifico todo o cinismo e a maldade que existe neste mundo,
crucifico tudo aquilo que não me faz melhor
que não me faz bem,
cuspo da minha alma, vomito da minha alma
tudo aquilo que não importa,
porque eu só quero ser feliz. E sei agora
como sê-lo.
E vamos então descobrir juntos
que somos todos feitos da mesma matéria,
somos como um só,
e tudo é possível, porque a força ganha
ao imprevisto, a força ganha ao improvável,
a força move universos...
E sinto isto não apenas como palavras belas,
sinto-o dentro de mim, porque é a minha vontade,
e a vontade...é fome, e a fome dá-nos tudo.
E a esperança e a razão unem-se, porque foram sempre
uma só...é deixa-la atravessar o nosso corpo
com toda a luz e velocidade deste mundo...
Antes que seja tarde de mais.
Tool a minha banda, obrigado.
Desprezo da noite
Bem sei que ando meio longe daquilo que quero. Sei-o como mais ninguém sabe. Só a minha alma palpita ou se deixa fraquejar. E sei tudo aquilo que quero escrever, antes que venha essa sobra, que já lá vem...mas até lá não vem a sombra da noite...
Ando estranho, e voltou aquele "medo" de me deitar, de tentar dormir, porque por muito que esteja cansado ou com sono simplesmente não consigo adormecer. Se me deito à meia noite adormeço às duas da manhã...se me deito às duas, adormeço às quatro. E fumo até a minha língua ganhar um sabor estranho, fumo até sentir a língua estranha, sabor e sensação que detesto...mas não sei que fazer mais. Viro-me várias vezes na cama, procuro uma posição, procuro respirar calmamente, imagino-me em sítios calmos, cheios de beleza e paz...mas só me sobra uma insónia inexplicável. Odeio isto. Queria apenas adormecer, normalmente, e acordar ao outro dia consciente que não tive de "sofrer", de batalhar para adormecer...Odeio isto.
Neste momento escrevo...pode ser que o sonho acabe por vir. Depois é o estômago que não me dá sossego. É a adormecer, é a acordar.
Vou procurando o sono. O melhor que posso, mas não dá em nada. De certo já sentiram isto. Estamos na cama, sentimo-nos corpos deitados que pensam, que pensam em nada de especial, que apenas querem dormir, mas que não conseguem...Maldita noite. Maldita sombra que não vem. Não me interessa que venham sonhos ou pesadelos ou o vazio da manhã seguinte...quero apenas: dormir. Dormir só. Adormecer, descansar e acordar no dia seguinte. No relógio batem as três e vinte e oito...Sinto-me cansado, mas quase temo deitar-me...como se a cama que tanto gosto fosse uma cama estranha, desconfortável...O que sei eu sobre mim próprio? Possivelmente, pouco.
Eu só quero dormir.
Vou tentar outra vez...e seja o que Deus quiser. Quero repousar. Todos os dias, à sua maneira, são importantes...e é preciso agarrar o amanhã com força, energia, e sei lá mais o quê.
Está calor...será disso?
Deve ser de tudo.
Lá vou, de novo para uma cama quase estranha, tentar dormir um sono normal, bom ou mau, qualquer coisa...
Por hoje desisto. Desisto de tentar seja o que for. Vou tentar dormir...Outra vez.
Ando estranho, e voltou aquele "medo" de me deitar, de tentar dormir, porque por muito que esteja cansado ou com sono simplesmente não consigo adormecer. Se me deito à meia noite adormeço às duas da manhã...se me deito às duas, adormeço às quatro. E fumo até a minha língua ganhar um sabor estranho, fumo até sentir a língua estranha, sabor e sensação que detesto...mas não sei que fazer mais. Viro-me várias vezes na cama, procuro uma posição, procuro respirar calmamente, imagino-me em sítios calmos, cheios de beleza e paz...mas só me sobra uma insónia inexplicável. Odeio isto. Queria apenas adormecer, normalmente, e acordar ao outro dia consciente que não tive de "sofrer", de batalhar para adormecer...Odeio isto.
Neste momento escrevo...pode ser que o sonho acabe por vir. Depois é o estômago que não me dá sossego. É a adormecer, é a acordar.
Vou procurando o sono. O melhor que posso, mas não dá em nada. De certo já sentiram isto. Estamos na cama, sentimo-nos corpos deitados que pensam, que pensam em nada de especial, que apenas querem dormir, mas que não conseguem...Maldita noite. Maldita sombra que não vem. Não me interessa que venham sonhos ou pesadelos ou o vazio da manhã seguinte...quero apenas: dormir. Dormir só. Adormecer, descansar e acordar no dia seguinte. No relógio batem as três e vinte e oito...Sinto-me cansado, mas quase temo deitar-me...como se a cama que tanto gosto fosse uma cama estranha, desconfortável...O que sei eu sobre mim próprio? Possivelmente, pouco.
Eu só quero dormir.
Vou tentar outra vez...e seja o que Deus quiser. Quero repousar. Todos os dias, à sua maneira, são importantes...e é preciso agarrar o amanhã com força, energia, e sei lá mais o quê.
Está calor...será disso?
Deve ser de tudo.
Lá vou, de novo para uma cama quase estranha, tentar dormir um sono normal, bom ou mau, qualquer coisa...
Por hoje desisto. Desisto de tentar seja o que for. Vou tentar dormir...Outra vez.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
A beleza da felicidade
Eu pus, e Deus, para mostrar que está lá, dispôs. Quase poderia dizer: cheira-me a ironia. Logo a mim, logo eu. Eu e a ironia estamos destinados. Mas pronto passemos ao texto corrido.
Cheguei à faculdade. A minha amiga foi ter com outros colegas, eu fiquei cá fora a fumar. Estava sol, (ainda não estava frio), e eu deixei-me ali, sozinho, a receber sol nos braços, na cara, na cabeça. Deixei o calor invadir-me. Eles estavam na biblioteca. Cheguei à biblioteca e lá estavam, dois homens e a minha amiga. E ao lado, uma rapariga, que já conheço há algum tempo. Comprimentamo-nos sempre, nada mais. Mas hoje olhou-me com um brilho no olhar, com um sorriso, daqueles, especialmente grandes, honestos. Fiquei meio parvo (mais do que aquilo que já sou). Mas também dei um ar de minha graça. Ao inicio não compreendi. Eu estava igual a sempre. Estava tudo igual. Mas depressa, para meu alívio, e também felicidade, viria a descobrir tudo. A rapariga está muito longe de casa. E tem andado numa fase complicada. Por isso o dia de hoje, nesses minutos, foi-me satisfatoriamente gratificante.
Toda ela sorria, estava liberta, feliz, animada, como se a sua vida de um momento estivesse mais iluminada, muito menos escura. Foi fantástico. Quem me dera estar no lugar dela. Mas agora é a vez dela. E ela aproveitou bem.
Alguém convidou a rapariga para ir fumar lá fora, (ela é fumadora), mas ela recusou com um grande sorriso. Disse que depois ia, agora estava "entretida". Sei bem o que isso é. Estarmos de tal forma "preenchidos" para deixar esse vício patético para outra altura. Para quem não fuma pode parecer insignificante, mas não é. Percebi pela conversa que estava a falar com alguém na Internet. Ah, aí tudo fez sentido. As pausas, os sorrisos rasgados, as gargalhas miúdas, aqueles momentos de espera a sorrir para o ecran, à espera da resposta, do elogio, da pergunta, da certeza, da conclusão, aquele olhar sonhador, tudo fez sentido, tudo se encaixou. As vezes íamos trocando olhares e íamos sorrindo, ela mais do que eu, e cedo ela apercebeu-se que eu já tinha percebido a situação, por isso já não disfarçava a felicidade. E ia-se sorrindo de forma farta, sempre com os olhos brilhantes. Quando a minha amiga colocou conversa com ela é como se alguém lhe tivesse pregado um susto para esta realidade, e ela, consciente que não parava de sorrir sem parar, sentiu necessidade de tapar a boca com um cachecol fininho, para disfarçar o grande sorriso. Achei graça.
A beleza da felicidade. É um facto, a felicidade tem em nós um toque mágico, tão genuíno, sem possibilidade de enganar. Pode existir ou não explicação, mas é algo que se sente, que se reflecte. É todo um ar à nossa volta, como se fosse uma aura, um brilho nos olhos, uma leveza...Eu sei lá, tantas coisas. Apesar de ter venerado estar na sua situação fiquei feliz por vê-la assim, basicamente, feliz. Muito feliz...
A felicidade tem uma cara, uma cor, muito concreta. Tenho saudades.
Cheguei à faculdade. A minha amiga foi ter com outros colegas, eu fiquei cá fora a fumar. Estava sol, (ainda não estava frio), e eu deixei-me ali, sozinho, a receber sol nos braços, na cara, na cabeça. Deixei o calor invadir-me. Eles estavam na biblioteca. Cheguei à biblioteca e lá estavam, dois homens e a minha amiga. E ao lado, uma rapariga, que já conheço há algum tempo. Comprimentamo-nos sempre, nada mais. Mas hoje olhou-me com um brilho no olhar, com um sorriso, daqueles, especialmente grandes, honestos. Fiquei meio parvo (mais do que aquilo que já sou). Mas também dei um ar de minha graça. Ao inicio não compreendi. Eu estava igual a sempre. Estava tudo igual. Mas depressa, para meu alívio, e também felicidade, viria a descobrir tudo. A rapariga está muito longe de casa. E tem andado numa fase complicada. Por isso o dia de hoje, nesses minutos, foi-me satisfatoriamente gratificante.
Toda ela sorria, estava liberta, feliz, animada, como se a sua vida de um momento estivesse mais iluminada, muito menos escura. Foi fantástico. Quem me dera estar no lugar dela. Mas agora é a vez dela. E ela aproveitou bem.
Alguém convidou a rapariga para ir fumar lá fora, (ela é fumadora), mas ela recusou com um grande sorriso. Disse que depois ia, agora estava "entretida". Sei bem o que isso é. Estarmos de tal forma "preenchidos" para deixar esse vício patético para outra altura. Para quem não fuma pode parecer insignificante, mas não é. Percebi pela conversa que estava a falar com alguém na Internet. Ah, aí tudo fez sentido. As pausas, os sorrisos rasgados, as gargalhas miúdas, aqueles momentos de espera a sorrir para o ecran, à espera da resposta, do elogio, da pergunta, da certeza, da conclusão, aquele olhar sonhador, tudo fez sentido, tudo se encaixou. As vezes íamos trocando olhares e íamos sorrindo, ela mais do que eu, e cedo ela apercebeu-se que eu já tinha percebido a situação, por isso já não disfarçava a felicidade. E ia-se sorrindo de forma farta, sempre com os olhos brilhantes. Quando a minha amiga colocou conversa com ela é como se alguém lhe tivesse pregado um susto para esta realidade, e ela, consciente que não parava de sorrir sem parar, sentiu necessidade de tapar a boca com um cachecol fininho, para disfarçar o grande sorriso. Achei graça.
A beleza da felicidade. É um facto, a felicidade tem em nós um toque mágico, tão genuíno, sem possibilidade de enganar. Pode existir ou não explicação, mas é algo que se sente, que se reflecte. É todo um ar à nossa volta, como se fosse uma aura, um brilho nos olhos, uma leveza...Eu sei lá, tantas coisas. Apesar de ter venerado estar na sua situação fiquei feliz por vê-la assim, basicamente, feliz. Muito feliz...
A felicidade tem uma cara, uma cor, muito concreta. Tenho saudades.
Espirais?
Nós pomos, Deus dispõe.
Não podemos ter nada como certo. Talvez só a morte.
E o amor de sangue, que não muda nem com o pior nem com o pior,
é constante, é certo.
Não posso dizer desta água nunca beberei. A vida ensinou-me isso. Por isso não posso garantir quando me vou embora disto tudo, como se fossem umas férias. Ando meio desaparecido dessa terra da inspiração, das ideias novas, das ideias renovadas, dessa espiral.
E podia dizer aquilo que ainda quero fazer. Como se fosse um plano escrito, para ser seguido à risca. Mas não sei.
Quero falar no Reflection, sinto que ainda posso falar muito sobre isso. Quero escrever sobre uma terra bela. E quero por fim, falar sobre o anjo caído. Três textos e vou-me embora. É só isso que quero para já. Mas é como disse...Eu ponho, e Deus dispõe-me. É a vida. Vamos ver o que consigo fazer. Um passo de cada vez? Talvez, já não sei.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Os barcos não servem só para ficar agarrados ao porto
E não servem mesmo. Mas isto nada tem haver comigo. Não neste momento.
Ando a viver na sombra da responsabilidade. Tardo-me, mas talvez já não falte muito. Depois vem o arrependimento, que mesmo não matando vai doendo.
Já estava vazio ou estou-me a esvaziar? Quem sabe, talvez esteja cheio, ou talvez apenas esteja a sonhar. Devia fazer. Mas não faço. É muita informação para ser armazenada em tão pouco tempo, sempre a mesma coisa. Ainda vou a tempo? Talvez. Isto não é destino, não é má sorte, é apenas mais um defeito meu. Julgo outros, mas acabo por sofrer do mesmo.
E fazes? Vou fazendo, foi a resposta. Que tristeza.
Persistência? Força de vontade? Sempre. Mas muitas vezes deixo coisas importantes passarem ao lado.
Por isso vou abraçando quem gosta de mim como sou. E abraço mais ainda quem me aponta a verdadeira porta, quem pega em mim quando é necessário, para perceber o meu objectivo.
Não estou confuso. Não estou perdido. Estou apenas parado. É uma opção. Talvez a mais errada. Talvez a quase certa.
Invento palavras e absorvo sensações. Vivo-as demais talvez.
Talvez sinta de mais, e coloque demasiada força em verdades
relativas. Já tenho lido tanto, e tanto que me faz pensar.
Talvez só precise de acordar...
Ora bem, aparece de uma vez Descartes, dá-me um estalo,
tudo isto é um sonho não é? Passemos então à acção. Ou seja
lá o que for que nos rodeia depois de acordar...
Duvido. E agora também duvido-me.
É como se agora a certeza quase não importasse.
É como se agora a verdade fosse apenas mais algo...
Como se não passasse disso.
Então para que servem os barcos?
(Excelente pergunta)
Ando a viver na sombra da responsabilidade. Tardo-me, mas talvez já não falte muito. Depois vem o arrependimento, que mesmo não matando vai doendo.
Já estava vazio ou estou-me a esvaziar? Quem sabe, talvez esteja cheio, ou talvez apenas esteja a sonhar. Devia fazer. Mas não faço. É muita informação para ser armazenada em tão pouco tempo, sempre a mesma coisa. Ainda vou a tempo? Talvez. Isto não é destino, não é má sorte, é apenas mais um defeito meu. Julgo outros, mas acabo por sofrer do mesmo.
E fazes? Vou fazendo, foi a resposta. Que tristeza.
Persistência? Força de vontade? Sempre. Mas muitas vezes deixo coisas importantes passarem ao lado.
Por isso vou abraçando quem gosta de mim como sou. E abraço mais ainda quem me aponta a verdadeira porta, quem pega em mim quando é necessário, para perceber o meu objectivo.
Não estou confuso. Não estou perdido. Estou apenas parado. É uma opção. Talvez a mais errada. Talvez a quase certa.
Invento palavras e absorvo sensações. Vivo-as demais talvez.
Talvez sinta de mais, e coloque demasiada força em verdades
relativas. Já tenho lido tanto, e tanto que me faz pensar.
Talvez só precise de acordar...
Ora bem, aparece de uma vez Descartes, dá-me um estalo,
tudo isto é um sonho não é? Passemos então à acção. Ou seja
lá o que for que nos rodeia depois de acordar...
Duvido. E agora também duvido-me.
É como se agora a certeza quase não importasse.
É como se agora a verdade fosse apenas mais algo...
Como se não passasse disso.
Então para que servem os barcos?
(Excelente pergunta)
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Tardio tributo a Aenima ( Aenima )
Desde sábado à noite que não consigo parar de ouvir esta música (assim como o Eulogy e o Judith, casos que compreendo), mas esta não sei. É uma grande música, sem dúvida. Talvez tenha uma letra mais focalizada para algo em especial. Mas mesmo assim...cabe muito bem em todas as sociedades. E o porquê de a ouvir sem parar? Ainda não sei. Mais uma música tipicamente dos Tool, com uma letra tipicamente desse "deus do vinho". Alguns demoram a compreender esta espiral, mas depois de a compreenderem olham para esta vida com um olhar mais sabedor, mais crítico, mais apaixonado pela realidade, o mau e o bom, o amor e o ódio. O que vos posso dizer? "Aprendam a nadar", pois o mundo está para acabar, e de uma forma ou outra, será com certeza acompanhado de muita, mas muita água...
Este foi talvez o videoclip que menos gostei. Talvez não o tenha compreendido. Talvez seja todo ele um pouco parecido...mas quero realçar, uma parte, em que um ser humano (aparentemente) coloca uma criatura (algo similar com um ser humano muito mais pequeno, entre outras diferenças) dentro de uma caixa. Depois, esse mesmo aparente ser humano vai mandando a caixa contra as paredes e chão, e a criatura, toda ela vai sofrendo dentro da caixa, sem poder fazer nada. Controlo. Poder. Capacidade para fazer sofrer, e para suportar o sofrimento. Lindo.
Julgo que quero dedicar este texto a duas pessoas. Mas ainda não tenho certeza. Mas uma delas será a minha mãe. Apesar de esta música mencionar de uma maneira as mães num sentido talvez exagerado, ou pelo menos, mais nessa altura em que somos crianças, o papel de uma boa mãe, acaba por ser mesmo esse: iluminar um caminho que nos parece escuro. E mesmo não deixando a minha iluminar-me de momento, já o iluminou em alturas passadas.
"Try to read between the lines!" By Tool e Sara B.
Que o mundo acabe, quando tiver de acabar...
Alguns dizem que o mundo vai acabar em breve.
Que seja. Mas terá chegado realmente a hora?
Não me interessa. Às vezes são necessárias
medidas extremas...
São sim.
Cortar todo o mal, (acabando por cortar alguns bens)
para o bem de todos.
Mas será a morte, o sofrimento, a verdadeira saída?
Já estive mais longe de acreditar dessa forma.
Não acredito que o sofrimento sirva para nos aproximar
dum Céu.
Não. Aliás, quase abomino a ideia.
Mas tem-me ensinado a vida
que o sofrimento ajuda-nos a crescer
a renascer, a elevar,
é como se diz: o que não nos mata
só nos torna mais fortes.
E nesse sentido, sim , acredito no sofrimento,
como algo que nos faz aprender,
a suportar,
a fortalecer.
Dizem que o fim está próximo. Óptimo.
Sinto-me tentado a parar, a desligar-me da minha
rotina só para o poder apreciar.
Somos seres ditos racionais...talvez sentimentais.
Mas às vezes parecemos pedras.
Às vezes somos puro gelo.
Tentem ler nas entrelinhas.
Mãe, faz desaparecer todas estas coisas que estão erradas,
que me fazem mal,
que me saturam,
que me deixam lá em baixo.
Todo um materialismo, toda uma importância dada
ao inútil.
Toda uma falsidade, uma hipocrisia.
Toda uma falta de ganância pelo que realmente interessa.
Futilidade autêntica.
E neste lugar onde estou eu:
choro pela chuva que vai inundar toda esta
tralha existencial, todo este planeta,
pelo cometa que cai dos céus e que cria ondas
que engolem tudo e todos...
Até que depois dos gritos, das orações,
de tudo o que poderíamos imaginar (mas que nunca chegaria)
reinasse o silêncio...
Um silêncio longo, talvez infinito...
Sem frieza. Sem maldade. Sem sentimento.
Tudo embalado num silêncio...
(Aprendam a nadar...aprendam depressa...)
Para o diabo toda esta gente!
Os que são iguais a mim e os que nada são parecidos!
Todos!
Venha essa água toda,
para terminar com o sofrimento de uns
e para tirar a felicidade a outros!
É difícil agradar a todos...
Só quero ver tudo a ruir, a ir a baixo,
tudo a sucumbir ao silêncio, ao fim.
E eu que até tinha uma sugestão
para vos manter ocupados...
Mas não me quiseram ouvir.
Deviam agradecer qualquer mudança...
Talvez porque sim.
E agora?
Tentem ler as entrelinhas,
(senão for já tarde de mais)
pois o fim aproxima-se.
Está tudo a acabar.
Este foi talvez o videoclip que menos gostei. Talvez não o tenha compreendido. Talvez seja todo ele um pouco parecido...mas quero realçar, uma parte, em que um ser humano (aparentemente) coloca uma criatura (algo similar com um ser humano muito mais pequeno, entre outras diferenças) dentro de uma caixa. Depois, esse mesmo aparente ser humano vai mandando a caixa contra as paredes e chão, e a criatura, toda ela vai sofrendo dentro da caixa, sem poder fazer nada. Controlo. Poder. Capacidade para fazer sofrer, e para suportar o sofrimento. Lindo.
Julgo que quero dedicar este texto a duas pessoas. Mas ainda não tenho certeza. Mas uma delas será a minha mãe. Apesar de esta música mencionar de uma maneira as mães num sentido talvez exagerado, ou pelo menos, mais nessa altura em que somos crianças, o papel de uma boa mãe, acaba por ser mesmo esse: iluminar um caminho que nos parece escuro. E mesmo não deixando a minha iluminar-me de momento, já o iluminou em alturas passadas.
"Try to read between the lines!" By Tool e Sara B.
Que o mundo acabe, quando tiver de acabar...
Alguns dizem que o mundo vai acabar em breve.
Que seja. Mas terá chegado realmente a hora?
Não me interessa. Às vezes são necessárias
medidas extremas...
São sim.
Cortar todo o mal, (acabando por cortar alguns bens)
para o bem de todos.
Mas será a morte, o sofrimento, a verdadeira saída?
Já estive mais longe de acreditar dessa forma.
Não acredito que o sofrimento sirva para nos aproximar
dum Céu.
Não. Aliás, quase abomino a ideia.
Mas tem-me ensinado a vida
que o sofrimento ajuda-nos a crescer
a renascer, a elevar,
é como se diz: o que não nos mata
só nos torna mais fortes.
E nesse sentido, sim , acredito no sofrimento,
como algo que nos faz aprender,
a suportar,
a fortalecer.
Dizem que o fim está próximo. Óptimo.
Sinto-me tentado a parar, a desligar-me da minha
rotina só para o poder apreciar.
Somos seres ditos racionais...talvez sentimentais.
Mas às vezes parecemos pedras.
Às vezes somos puro gelo.
Tentem ler nas entrelinhas.
Mãe, faz desaparecer todas estas coisas que estão erradas,
que me fazem mal,
que me saturam,
que me deixam lá em baixo.
Todo um materialismo, toda uma importância dada
ao inútil.
Toda uma falsidade, uma hipocrisia.
Toda uma falta de ganância pelo que realmente interessa.
Futilidade autêntica.
E neste lugar onde estou eu:
choro pela chuva que vai inundar toda esta
tralha existencial, todo este planeta,
pelo cometa que cai dos céus e que cria ondas
que engolem tudo e todos...
Até que depois dos gritos, das orações,
de tudo o que poderíamos imaginar (mas que nunca chegaria)
reinasse o silêncio...
Um silêncio longo, talvez infinito...
Sem frieza. Sem maldade. Sem sentimento.
Tudo embalado num silêncio...
(Aprendam a nadar...aprendam depressa...)
Para o diabo toda esta gente!
Os que são iguais a mim e os que nada são parecidos!
Todos!
Venha essa água toda,
para terminar com o sofrimento de uns
e para tirar a felicidade a outros!
É difícil agradar a todos...
Só quero ver tudo a ruir, a ir a baixo,
tudo a sucumbir ao silêncio, ao fim.
E eu que até tinha uma sugestão
para vos manter ocupados...
Mas não me quiseram ouvir.
Deviam agradecer qualquer mudança...
Talvez porque sim.
E agora?
Tentem ler as entrelinhas,
(senão for já tarde de mais)
pois o fim aproxima-se.
Está tudo a acabar.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
As asas do demónio
Folheio o livro da minha vida...
Leio com dificuldade, pois a luz já é pouca.
Ainda tive tempo para relembrar muita da história antiga,
desde de paixões e ódios, quando gritei
e quando a voz ficou rouca.
Se vivi, então também morrerei.
O que mudou no mundo
e o que mudou em mim.
Respiro fundo. Sinto o ar entrar nas profundezas
da minha alma. Existirá retorno?
Sei que existe fim...
Recordo inícios, entretantos e fins,
Recordo o que se foi mantendo, o que sempre quis.
Mas a luz já está a ficar pequena...quase já não vejo.
Tudo aquilo que desejei e ainda desejo
tudo numa história que se foi alterando
mas nem sempre. Nem para sempre. Vai escurecendo.
Tiro os olhos do meu livro e procuro
a luz que se vai apagando...
E é então que fico com o rosto duro
vejo duas asas que se vão abanando
são negras, de um negro nunca antes por mim visto.
Terá chegado a minha hora? Mas eu ainda existo,
ainda quero existir. Acredito que ainda fazer mais
muito mais,
fazer sonhos transformarem-se em acontecimentos reais.
Não tremo. Medo?
Todos temos fantasmas, demónios, problemas.
E todos temos a mesma força necessária para os derrubar.
É fácil? Não. Raramente. E no entanto a força
está cá dentro. E quando não está
alguém a dá, alguém a reavive.
As asas do demónio batem com força.
O meu livro voa contra parede.
Numa voz estranha pergunta-me:
porque esperas?
O meu desespero ainda não chegou a esse grau.
quando desistes?
Não será hoje. Fecho os olhos,
e penso na acção. E penso em tudo o que ainda vai
ser dito e feito, racionalizado e sentido.
Abro os olhos. E volto a pegar no livro. Continuo a ler.
O demónio desapareceu.
Leio com dificuldade, pois a luz já é pouca.
Ainda tive tempo para relembrar muita da história antiga,
desde de paixões e ódios, quando gritei
e quando a voz ficou rouca.
Se vivi, então também morrerei.
O que mudou no mundo
e o que mudou em mim.
Respiro fundo. Sinto o ar entrar nas profundezas
da minha alma. Existirá retorno?
Sei que existe fim...
Recordo inícios, entretantos e fins,
Recordo o que se foi mantendo, o que sempre quis.
Mas a luz já está a ficar pequena...quase já não vejo.
Tudo aquilo que desejei e ainda desejo
tudo numa história que se foi alterando
mas nem sempre. Nem para sempre. Vai escurecendo.
Tiro os olhos do meu livro e procuro
a luz que se vai apagando...
E é então que fico com o rosto duro
vejo duas asas que se vão abanando
são negras, de um negro nunca antes por mim visto.
Terá chegado a minha hora? Mas eu ainda existo,
ainda quero existir. Acredito que ainda fazer mais
muito mais,
fazer sonhos transformarem-se em acontecimentos reais.
Não tremo. Medo?
Todos temos fantasmas, demónios, problemas.
E todos temos a mesma força necessária para os derrubar.
É fácil? Não. Raramente. E no entanto a força
está cá dentro. E quando não está
alguém a dá, alguém a reavive.
As asas do demónio batem com força.
O meu livro voa contra parede.
Numa voz estranha pergunta-me:
porque esperas?
O meu desespero ainda não chegou a esse grau.
quando desistes?
Não será hoje. Fecho os olhos,
e penso na acção. E penso em tudo o que ainda vai
ser dito e feito, racionalizado e sentido.
Abro os olhos. E volto a pegar no livro. Continuo a ler.
O demónio desapareceu.
Estás assim?
Uma mistura de :
"I would wish it all away
If I, thought I'd, lose you
Just one day...
So if I could I'd wish it all away,
If I thought tomorrow
Would take you away.
You're my peace of mind, my home, my center.
I'm just trying to hold on
One more day."
E:
"Oh well, whatever, nevermind..."
E outras coisas que faltam. E outras que não fazem falta. E outras ainda que não as sei.
"Estás assim?"
Um pouco de tudo ou um pouco de nada. Talvez não importe nada. Ou talvez importe tudo.
(Frases da cortesia de Tool (Jambi) e Nirvana (Smell like teen spirit)
"I would wish it all away
If I, thought I'd, lose you
Just one day...
So if I could I'd wish it all away,
If I thought tomorrow
Would take you away.
You're my peace of mind, my home, my center.
I'm just trying to hold on
One more day."
E:
"Oh well, whatever, nevermind..."
E outras coisas que faltam. E outras que não fazem falta. E outras ainda que não as sei.
"Estás assim?"
Um pouco de tudo ou um pouco de nada. Talvez não importe nada. Ou talvez importe tudo.
(Frases da cortesia de Tool (Jambi) e Nirvana (Smell like teen spirit)
terça-feira, 8 de junho de 2010
Prisão de silêncio
Falta-me algo. Sinto-o.
Tenho a certeza. Logo eu, que raramente
a encontro.
Falta-me algo.
Quando acordo para esta realidade
vejo-me a rir bem alto
e os que reparam em mim
chamam-me doudo.
E eu fico nesta vergonha
de ser considerado doudo.
É como se estivesse fechado numa sala
encostado a uma parede branca, sentado,
onde todas as outras paredes também são brancas,
um tecto branco, e eu vou-me sufocando,
e olho com atenção, a todo o segundo,
as paredes brancas, à espera que uma mancha
ou ponto que seja apareça nela...
Eu espero um sinal.
Porque eu espero sempre.
Um sinal.
Disseram-me que a dor é uma ilusão?!
PROVEM-NO!
Tenho a certeza. Logo eu, que raramente
a encontro.
Falta-me algo.
Quando acordo para esta realidade
vejo-me a rir bem alto
e os que reparam em mim
chamam-me doudo.
E eu fico nesta vergonha
de ser considerado doudo.
É como se estivesse fechado numa sala
encostado a uma parede branca, sentado,
onde todas as outras paredes também são brancas,
um tecto branco, e eu vou-me sufocando,
e olho com atenção, a todo o segundo,
as paredes brancas, à espera que uma mancha
ou ponto que seja apareça nela...
Eu espero um sinal.
Porque eu espero sempre.
Um sinal.
Disseram-me que a dor é uma ilusão?!
PROVEM-NO!
segunda-feira, 7 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
Contraditório espelho
O desespero de um homem nunca vem só,
Assim como o seu alívio.
Assim como o tudo.
Encontro-me assim, como outrora
se encontraram os homens e o Homem,
vítima da sua própria ganancia
nesse possível que se quis,
patético,
nessa pequena fúria
nesse mal e bem estar,
nessa paragem...
E no entanto ainda respiro.
A escolha?
A acção?
Argumentos usados.
Deus diz que para já não me quer
nem no Céu nem no Inferno,
está na hora de guiar-me para casa
...seja lá onde isso for.
Assim como o seu alívio.
Assim como o tudo.
Encontro-me assim, como outrora
se encontraram os homens e o Homem,
vítima da sua própria ganancia
nesse possível que se quis,
patético,
nessa pequena fúria
nesse mal e bem estar,
nessa paragem...
E no entanto ainda respiro.
A escolha?
A acção?
Argumentos usados.
Deus diz que para já não me quer
nem no Céu nem no Inferno,
está na hora de guiar-me para casa
...seja lá onde isso for.
sábado, 5 de junho de 2010
omen
Lembro-me como se fosse hoje.
Chegaste ao pé mim e disseste:
A elevação e sabedoria atingem-se através
do sofrimento e do choro.
Na altura ignorei-te. Estava demasiadamente
abismado com a minha cegueira, com a minha
arrogância. Julguei-me um deus qualquer.
E pedi que te calasses...Nada do que poderias
dizer me fazia qualquer sentido.
E foi então que tu te calaste.
Fez-se um silêncio na minha vida que me deixou
tão sossegado. Ai o silêncio. Veio. E veio
por muito tempo.
E mais tarde voltaste, com outra cara, outras filosofias.
Mas desta vez soube aproveitar-te. A minha arrogância
morreu...foi trocado por humildade.
E eu, finalmente estava pronto.
Estaria?
Não sei mas desta vez ouvi-te.
Disseste que é preciso perdermos, roçar a porcaria
tocar no lodo
respirar e cair no lodo,
para depois nos sentimos prontos para elevar,
sair dele,
voltar a viver e a sonhar.
Não és mestre, nem eu discípulo, mas juntos
aprendemos, e junto ensinamos.
Hoje ouvi-te. E tu pouco ou nada disseste
mas esse pouco ou nada foi muito para mim.
Entrou-me, mudou-me.
Olhas-me e dizes que estou pronto para voar
voar longe de Ícaro.
Eu tenho medo.
Mas o medo nunca me impediu de viver.
É então que ponho em dúvida várias certezas tuas.
É então que percebo que ainda não posso voar.
É altura apenas de soltar as asas,
mas soltar as asas de forma muito lenta
como se não tivesse vontade...
Tu não gostas dos meus gestos.
Tu não me apoias,
não me compreendes.
Quando dou por mim partiste,
e desta vez não foi pela minha ganância
nem arrogância.
Mais tarde voltas. Como se eu não soubesse.
Como se eu me importasse.
Perguntas-me se já comecei a voar. Dizes
que já é tempo, aliás atacas dizendo que já
se faz tarde...
Começo a temer-te. O que queres desta vez?
Mas tu sorris...dizes que é preciso perder tudo
para podermos ter tudo outra vez.
E aí percebo-te. E sinto-me livre, e até mesmo feliz.
Não me sinto completo, mas sinto-me feliz.
Agora, dizes-me, só te falta o H.
Chegaste ao pé mim e disseste:
A elevação e sabedoria atingem-se através
do sofrimento e do choro.
Na altura ignorei-te. Estava demasiadamente
abismado com a minha cegueira, com a minha
arrogância. Julguei-me um deus qualquer.
E pedi que te calasses...Nada do que poderias
dizer me fazia qualquer sentido.
E foi então que tu te calaste.
Fez-se um silêncio na minha vida que me deixou
tão sossegado. Ai o silêncio. Veio. E veio
por muito tempo.
E mais tarde voltaste, com outra cara, outras filosofias.
Mas desta vez soube aproveitar-te. A minha arrogância
morreu...foi trocado por humildade.
E eu, finalmente estava pronto.
Estaria?
Não sei mas desta vez ouvi-te.
Disseste que é preciso perdermos, roçar a porcaria
tocar no lodo
respirar e cair no lodo,
para depois nos sentimos prontos para elevar,
sair dele,
voltar a viver e a sonhar.
Não és mestre, nem eu discípulo, mas juntos
aprendemos, e junto ensinamos.
Hoje ouvi-te. E tu pouco ou nada disseste
mas esse pouco ou nada foi muito para mim.
Entrou-me, mudou-me.
Olhas-me e dizes que estou pronto para voar
voar longe de Ícaro.
Eu tenho medo.
Mas o medo nunca me impediu de viver.
É então que ponho em dúvida várias certezas tuas.
É então que percebo que ainda não posso voar.
É altura apenas de soltar as asas,
mas soltar as asas de forma muito lenta
como se não tivesse vontade...
Tu não gostas dos meus gestos.
Tu não me apoias,
não me compreendes.
Quando dou por mim partiste,
e desta vez não foi pela minha ganância
nem arrogância.
Mais tarde voltas. Como se eu não soubesse.
Como se eu me importasse.
Perguntas-me se já comecei a voar. Dizes
que já é tempo, aliás atacas dizendo que já
se faz tarde...
Começo a temer-te. O que queres desta vez?
Mas tu sorris...dizes que é preciso perder tudo
para podermos ter tudo outra vez.
E aí percebo-te. E sinto-me livre, e até mesmo feliz.
Não me sinto completo, mas sinto-me feliz.
Agora, dizes-me, só te falta o H.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Uma despedida?
Hoje fui à Loja do Cidadão. Para quem não conhece é um local onde se pagam todo o tipo de contas. E como se não bastasse é onde se tratam de assuntos ligados à segurança social e onde se pode fazer o bilhete de identidade, agora chamado de cartão único. Mas este não vai ser um texto a bater forte na burocracia portuguesa...por muito aliciante que o tema fosse. Aliás já foi começado um texto sobre isso que ainda não foi acabado, será escrito quando encontrar mais necessidade. Enquanto a minha irmã estava a tratar do seu cartão único, e dado que todo o local estava cheio de gente à espera que chegasse a sua vez, vim cá para fora...fumar um cigarro e apanhar sol. Tinha dormido três horas e tinha o estômago feito num oito. Dores e mal estar. Cheguei cá fora e foi aí que assisti a uma cena peculiar.
Um casal despedia-se de forma tão intensa. Eram beijos e abraços, beijos e abraços e segredos passados ao ouvido. Fiquei triste. Tudo parecia indicar uma despedida de dias, ou semanas...A verdade é que não tinham vontade alguma de se afastar um do outro, como se estarem juntos bastasse, como se a simples ideia de se separarem desligasse o mundo...E veio um último abraço...e veio um último beijo. Neste caso os lábios demoraram-se um pouco mais colados.
A verdade é que não pude deixar de sorrir quando vejo o homem a pegar nas suas coisas e a dizer em voz alta: Até já.
Um casal despedia-se de forma tão intensa. Eram beijos e abraços, beijos e abraços e segredos passados ao ouvido. Fiquei triste. Tudo parecia indicar uma despedida de dias, ou semanas...A verdade é que não tinham vontade alguma de se afastar um do outro, como se estarem juntos bastasse, como se a simples ideia de se separarem desligasse o mundo...E veio um último abraço...e veio um último beijo. Neste caso os lábios demoraram-se um pouco mais colados.
A verdade é que não pude deixar de sorrir quando vejo o homem a pegar nas suas coisas e a dizer em voz alta: Até já.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Outra
Todos os dias passo por este "quadro" implantado na parede. Acho-o fantástico. Para mim é a coisa mais bela dessa terra cinzenta chamada Barreiro. É arte. Todo um desespero, por "carregar", por viver neste mundo. A vida é uma porcaria ou é bela? Ou é um pouco das duas? Porque existem pessoas que têm a capacidade de alterar isto? Porque temos nós o poder de fazer o mesmo aos outros? E a nós próprios? Se ter razão bastasse...Se ter sonhos bastasse. Se apertar um coração nas mãos para o por a funcionar novamente bastasse...E talvez baste. Depende das pessoas.
Tudo nesta vida depende do valor que damos às pessoas e aos momentos e às coisas...Disse-o sempre, e direi sempre. E agora que entendo isso...sinto-me triste. Porque tem de ser assim? Tudo depende do sentimento aplicado. E depois? Depois não sobra mais nada, é ter força e imaginação para sonhar outra vez.
E se eu não basto então basta.
É outra manhã. O sol nasceu.
O sol brilhava. Eram dez da manhã.
Sentia em mim toda a alegria do fim de tarde
e da noite anterior. Está vivo. Estava feliz.
Em mim fluía a paz do mundo, o calor e o amor do mundo.
Como podem coisas tão pequenas valer tanto para mim?
Senti-me inteiro, preenchido, senti-me no sitio certo
como se tudo o que estava a viver fosse
aquilo que eu sentiria e faria durante o resto dos meus dias,
até ser ceifado pela morte.
Eu não podia estar mais feliz.
A sensação é tão forte, que mesmo uma má notícia,
não me iria abalar muito, como se naquele momento
toda a minha sensibilidade estivesse hipnotizada
para algo mais forte, mais importante.
Eram dez da manhã...o sol brilhava. E estava muito frio.
Muito frio. A temperatura quase roçava esse número que separa
o positivo do negativo.
Mas ali estava eu, quase despido, na varanda
a fumar um cigarro e meio.
Tinha frio?
Não me lembro.
Não me afectou.
Nada.
Tinha algo que emanava de mim, de forma tão segura,
tão quente, que nada, nem mesmo esse frio
que deixava os carros com geada me fazia nada.
Eu, estava completo.
É mais uma prova do sentimento.
Eu estava bem, e não queria estar em mais lado nenhum.
Mas foi apenas uma manhã. Outra.
Outra manhã, que está presa na minha memória.
E que me leva e me trás...me leva, eu deixo-me quase ir
feliz. Palmilhando esse sentimento outra vez...
Mas quando percebo que apenas é uma fotografia
eu volto...e volto sem nada.
E a tristeza abate-se. E toda a minha alma sacode-se fisicamente
como que para mandar para longe o pensamento que foi pensado.
E fico ali, na minha cama, a tentar ir esquecendo, a pouco
e pouco...até me perder da amargura da saudade.
E depois? Tento fugir.
E ao inicio custou. Ainda custa. Mas um dia, querendo ou não,
talvez deixe de custar.
Não choro por um dia que passou, mesmo sabendo
que não voltará a acontecer...
Choro por uma sensação que senti, como única
como duradoura, como delineadora de uma existência.
Se assim o foi, ou é, é assunto que para mim chega
ser sentido.
E tudo o que sou, fui-o numa outra manhã.
Um círculo perfeito? Eu senti-o e vivi-o.
Eles existem, cabe-nos deixa-los ser
ou termina-los.
terça-feira, 1 de junho de 2010
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