sábado, 26 de junho de 2010

Re-Arranged


"Não é assim. Há coisas que só existem quando se completam, e que só então dão a felicidade que se procurava nelas."
"É muito complicado isso - murmurou ela, corando. - É muito subtil..."
"Quer que lho diga mais claramente?"


(Nota: Existem algumas coisas e pessoas excelentes em Portugal. Eça de Queiroz é uma delas. Sem dúvida para mim o melhor escritor de sempre e para sempre. A sua prosa é de uma arte sublime. Terei enfim, com todo o gosto, a oportunidade de voltar a falar dele, e da sua obra. Para já, fica lá em cima esse pequeno trecho de apoio ao meu texto que nada tem haver com Eça de Queiroz.)

Será sempre oportuno reflectir
sobre a cor da nossa alma.
Estaremos nós recheados de luz onde reside
um recanto sombrio?
Ou seremos nós trevas, duras e escuras trevas
onde existe algures uma pequena sala branca
como uma sala perdida e acolhedora
perdida no tempo e na memória?
A nossa existência neste mundo
é contraditória,
e por vezes as nossas acções roçam
a idiotice...roçam o animalesco.
Roçam a monstruosidade.
Roçam a humanidade.
Queria eu voltar a ver
nesses olhos a cor de uma chama,
de uma labareda forte, capaz de apaziguar
os meus maiores medos e receios.
Mas receio apenas poder sonhar com tamanho
acontecimento.
Apenas penso nisso.
Apenas sonhamos com isso.
E um sonho que se tem apenas para ser sonhado
sem força para o ver concretizado
é um sonho falhado.
Não me compreendem quando me esforço
por explicar esta vida com todas
as sensações que dela saem, que nela entram,
aceito por fim que é como se caminhasse sozinho,
para um escuridão ou para uma luz,
mas isso não interessa...porque o faço sozinho.
No entanto alguns batalham sozinhos
e quase veneram essa mesma solidão
porque pensam ser uma solidão acompanhada...
Pobres almas, pobres criaturas de Deus,
poderei algum dia colocar um ponto final
nessa vossa tristeza existêncial?
Não sei. Mas também preciso que alguém
faça o mesmo por mim.
Alguém me disse que as peças encaixam...
Porque esse mesmo alguém as viu despedaçarem
no chão.
E encaixam deveras.
Mas ninguém teve o bom senso,
ninguém teve a frieza
de pensar:
e se essas duas peças se afastarem no tempo
e na memória, e nas acções, e na razão
de terem por momentos (ou desde sempre)estado juntas?
Mesmo que pertençam juntas
existem coisas neste mundo que ainda não compreendemos.
É a verdade?
É aquilo que sentimos ou aquilo que queremos sentir
que importa?
Para mim só existe uma verdade
e essa verdade tem um nome.
Tudo o resto, por momentos e em certos momentos
desaparece, e tudo é paraíso, e tudo é paz.
Para que me engano eu?
Porque eu já nasci enganado...
Conto agora, aos poucos, abrir os olhos
a mim e a quem me dedica algum tempo.
A felicidade é...


Nesta minha vida, nesta realidade terminal
procuro por fim ir juntando as peças...
até que tudo fique certo, tudo no seu devido lugar.
Pois só desta forma posso viver
sendo mais feliz...
É tudo uma questão...não sei do quê.
Procuro algo que ainda quero encontrar.
Sou uma peça...
Preciso de me reorganizar, preciso de colocar
tudo no seu correcto local.
Sou uma peça...já faltou mais.

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