sábado, 26 de junho de 2010

O Pêndulo - A continuação


"Já não distingo o que sinto quando acordo..."

Sou a ilustração de medos e fobias...
Decretei guerra à paz interior.
E se vivo em pesadelos
é porque escolhi ser sonhador,
e agora pago alto esse preço
que me deixa num lugar que
não sei até que ponto mereço.
E estremeço se penso numa vida incompleta
mas não temo o fim de todo este universo.
Pode desabar que continuo aqui.
Estou num local sem lugar
onde nada pode ser totalmente destruído.
E soam os tambores, soa a libertação
que para muitos é ruído,
mas para mim é algo mais...
Tudo nesta vida representa para mim algo mais.
E enquanto o pêndulo dança para os meus olhos
eu deixo-me ir...dormente...para outro lugar...
Onde não sou o pior mentiroso, onde não sou apenas
outro imbecil, outro pedinte do destino,
onde não sonho, apenas faço, como se o sonho
em si fosse desde logo acção...
E não sonho com utopias, sonho com algo
que existe e que torna todo este mundo
mais colorido...
Quero aquilo que quero porque nunca vou
querer outra coisa que não isso,
sou fiel ao que sinto
e abraço aquilo que penso...
Posso ser só sombras
neste momento mais escuro...
Posso ter sido sempre sombras.
O que interessa?
Interessa nada.
Sou o que sou
e hei-de sê-lo sempre, mesmo
corrigindo falhas que me são vivas
e que marcam a minha existência.
Não quero ficar preso
mas também não ambiciono de todo
a liberdade que tinha.
Quero o quê então?
Eu queria aquilo que não posso ter.
E nesta negridão deixo-me levar
até bater com o rosto numa pedra qualquer
esquecida neste mar revolto.

Não passo disso mesmo:
um mentiroso, um covarde,
um ser sedento de qualquer coisa...
Um monstro cresce...e vai crescendo.
É o que sou
e neste momento a mais nada
me posso agarrar.
A luz escurece.
Balança-te pêndulo...

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