terça-feira, 22 de junho de 2010

Imito este ódio


"...while you were beggin' me to stay,take care not to make me enter, if I do we both may disappear...Managed to push myself away, and you, as well, my dear...There's no love in feaaaaaaaar!..."

Escorrego por ti abaixo apesar
de nunca ter chegado ao ponto mais alto.
Então puxo mais por mim para desaparecer
duma das faces deste mundo, duma face
quase imortal, como toda a alma humana,
porque eu não vos ambiciono...
E não tão pouco talvez, é mesmo nunca,
é mesmo nada, é mesmo para sempre,
por toda a linha rasgada que ficou por contar.
Poderia fraquejar, ser igual aos outros,
mas eu não sou igual a mais ninguém,
sou único, como seria única cada pedra da calçada,
fixa no seu lugar, com uma história por detrás
para ser contada,
unicamente neste local colocado
para fazer algo mais do que aquilo que faço,
talvez mais do que aquilo que posso,
único, como o monstro que não dorme,
como o monstro que vive sem quase se alimentar
porque ser-se monstro é lutar contra o vazio,
e viver quente quando está frio, e viver ao frio
quando está mais calor.
Vi hoje uma coroa de ódio tão bela,
senti necessidade de vos imitar,
Coloquei-a.
Fica-me tão bem.
E não me bastando o ódio que não tenho
imito este ódio
tão bem coordenado neste mundo
tão bem balanceado.
A morte é a minha única amiga.
E Deus sabe-O.
E apesar de vos amar
sinto que o vosso amor vai acabando,
lentamente como se alimenta-se um doente
impaciente na lentidão da doença,
preso,
cheio de dor,
farto desta vida, vivida desta forma.
Há falta de melhor
imito este ódio.

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