(anteriormente: http://versologista.blogspot.com/2010/02/ininterrupta-realidade-interrompida.html)
Nota
Desafio: foi-me lançado este segundo tema. Bem mais complexo...A exteriorização da interiorização humana. O que percebo, por palavras minhas, é tentar observar, sem ser notado, aquilo que se passa dentro do ser humano e o que passa, por assim dizer, cá para fora. Ou seja, conseguir observar o que se dá no exterior da pessoa, mas tentando entender o que se passa dentro dela. O desafio é enorme, e mais uma vez espero estar à altura do desafio. Como sempre, farei o meu melhor. Este é mais um desafio lançado pelo meu amigo Fred.(Frederico). (A escutar: Vicarious (Tool), pode ser uma ajuda preciosa. E estar atento a frases como: negar o nosso instinto é negar aquilo que nos torna humanos (Matrix, I).) Obrigado pelo desafio, espero ser útil.
Sempre fui muito observador. Desde pequeno. Não quero dizer que tenho algum tipo de dom, ou maldição. É apenas algo com que nasci. Tenho a capacidade para notar, e notar sem ser notado. Às vezes os seres humanos apercebem-se que estão a ser descortinados, regra geral já tarde de mais. Consigo perceber primeiro alguns actos e maneiras de agir do que as próprias pessoas.
E existe algo que me atormenta. Diz-se que a única coisa que é verdadeira é a dor (J.C.); e que de certa forma só sentimos aquilo que é físico. No entanto dizemos sentir outras coisas que se praticam na nossa alma, com ou sem interferência no nosso exterior (o físico). Não sei até que ponto estará este assunto de uma batalha ou de uma aliança entre a razão e o sentimento, mas talvez seja um ponto a explorar.
Agora vejamos, através das minhas palavras, aquilo que consigo observar. Tento ir buscar situações aleatórias porque já todos vós passaram (ou passarão); e tento nelas procurar o reflexo (o que está fora) daquilo que se fez reflectir (o que está por dentro).
Sejam bem vindos a esta viagem ao centro da alma humana e da sua exposição...
#A
Estou sentado no estádio de futebol. Estou rodeado, por todos os lados, por pessoas que vibram da mesma forma que eu. Aqui não existem filtros de linguagem, nem controlo de volume. Gritamos e dizemos as palavras exactas que queremos dizer. A nossa energia, a nossa vontade está em sintonia. Somos um. Todos juntos somos o mesmo. Começamos felizes e excitados quando o jogo começa. A alegria e a desilusão vão-se apoderando de todos nós durante o jogo. Quando existe uma boa jogada, ou um quase golo, o coração bate mais depressa, gesticulamos com mais energia, saltamos, levantamos-nos, gritamos! Se for golo? Festejamos alto! Muito alto, gritamos ainda mais alto. O universo festeja. A energia é solta num salto, num grito, num abraço. Passados uns segundos tudo acalma, mas um sorriso mantém-se nos lábios.
#B
Ciúme...para alguns o ciúme é algo que não se deveria sentir. Ou demonstrar. Mas a realidade é que o ciúme é dos sentimentos mais primitivos (e por isso mesmo real e importante) do ser humano. Se vemos quem amamos a rir, a gostar de estar com outrem, ou de ver alguém a rondar, a estudar, a se aproximar, de quem gostamos, como se fosse uma presa, quase já a soltar as armadilhas, o que acontece dentro de nós é colossal...Como se fossemos invadidos por milhares de choques eléctricos, algo dentro de nós começa a tremer, e uma raiva cresce por dentro. Raramente é por medo de perdermos quem nos "pertence", ou de sermos trocados...basta essa aproximação a um território que está por nós delimitado. A nossa expressão muda e qualquer sorriso que apareça será um sorriso falso. A única vontade que temos é de caminhar em direcção à pessoa amada e beija-la com toda a força do mundo; seguidamente olhar nos olhos de quem "está a mais" e destruí-lo. Pode parecer idiota, mas o ciúme é das melhoras provas que existe amor.
#C
Na mesma semana vi duas pessoas morrerem mesmo à minha frente...A morte, aos nossos olhos nada tem de bela. Vemos um corpo estendido, paralisado, sem vida, que se move apenas ao ritmo das manobras de reanimação. Nas pessoas que me rodeavam vi esperança. Vi excitação. Vi fé em algo superior. Conversam entre elas como se isso ajudasse alguém. Preferi observar em silêncio. Rezei. Rezei algum tempo...Que a pessoa voltasse a este mundo, ou que fosse bem recebida noutro mundo qualquer. Sei que a primeira prece não foi ouvida. Durante mais de trinta minutos vi o ser humano tentar salvar a vida de outro...Em vão. As pessoas começam então a caminhar como se nada tivesse acontecido, no entanto sei que aproveitarão esse dia (pelo menos) para abraçar aqueles que amam.
#D
Todos nós já fizemos exames. Esses devem ser dos momentos em que mais estamos concentrados (ou deveríamos estar) e nos quais nos parece mais difícil estar. Antes de nos ser entregue para começarmos estamos muito nervosos, temos receio mas ao mesmo tempo queremos colocar no papel tudo aquilo que sabemos. Trememos, sorrimos ou rimos devido ao nervosismo. A maioria gostaria de estar lá fora, enquanto olha a janela, mas a necessidade e a responsabilidade obriga a outra coisa. É então que nos chega o exame às mãos e aos olhos. É olhado com uma atenção vã. Lemos algumas vezes mas não entendemos o que lemos. É preciso tentar relaxar. Vamos lá tentar novamente. Agora lemos cada pergunta duas ou três vezes com calma. As coisas começam a fazer sentido. Ainda estamos nervosos mas conseguimos distinguir o que está à nossa frente. Sentimos uma pequena leveza ao nos apercebemos que sabemos a resposta concreta a algumas perguntas, sentimos um pequeno choque quando a outras ficamos sem saber, pelo menos à primeira vista, o que responder. Agora é aproveitar o tempo.
#E
Amar. O amor não é nem demasiado simples nem demasiado complexo para ser descrito. A realidade porém é que conseguimos muito ao de leve talvez expressa-lo através de palavras e reacções no nosso corpo. Como é que se consegue explicar, por palavras, ou mesmo no físico o sentirmos-nos completos? Os olhos brilham de facto? Sorriem? Caminhamos com outra energia, e em tudo o que fazemos depositamos uma magia diferente. E mesmo as coisas más têm em nós um impacto menos intenso. Quando beijamos, um verdadeiro beijo, o chão desaparece dos nossos pés, e tudo o que está à nossa volta perde o significado. Encostados um ao outro tudo é infinito e tudo o que queremos é ficar assim para sempre. Tudo é paz, tudo é amor, tudo é aprovação. E não conseguimos parar de sorrir.
#F
Por último...a saudade. A saudade une-se na maioria das vezes ao desejo. E o desejo é uma palavra que ultrapassa o senso comum. O desejo usual resume-se a: desejo físico, ou desejo sentimental, ou de companhia, ou de outras coisas ainda. Mas o desejo é saudade presente, e envolve todos os anteriores, e talvez ainda mais. Um olhar meio perdido finge deslumbrar-se com paisagem da janela enquanto esta acompanha a viagem...mas é mentira. Esse olhar está tudo menos perdido. Está é noutro lugar. Esse olhar não foca nada em concreto à nossa vista. Esse olhar percorre um rosto, um corpo, uns lábios, gestos, momentos, frases e conversas, capta olhares, manifestações...Esse olhar está tudo o que pode estar menos perdido. É um olhar que nos parece distante...e está de facto, mas distante de nós, está algures noutra pessoa ou noutro local. E apodera-se um desejo de voltar para trás...ou de não sair do lugar (se ainda lá estivermos). Não quero ir. A vontade é forte, mas não bastará. E dentro de nós a frustração instala-se. Uma ânsia, uma revolta...Queremos tudo de novo. Queremos o que não podemos ter. Porquê? Não sei.
Se olharmos outra vez para aqueles olhos que fingem olhar o vazio podemos notar uma lágrima que escorre.
Porque existe uma grande diferença entre silêncio frio e palavras mudas.
Nota final
Amei do desafio. E fiz o meu melhor. Mas tenho consciência que podia ter feito isto de outra forma, não diria mais correcta, mas mais útil...Mas foi o que consegui, pelo menos para já.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
domingo, 26 de dezembro de 2010
O teu mundo
O teu mundo é igual ao meu,
mas diferente.
Onde tudo respira, onde tudo respira
numa paz celestial.
Um mundo onde todas as acções e melodias
têm um encanto especial, onde tudo faz sentido,
e o que não faz, aos poucos começa a fazer.
Mas...
Sinto este sabor ferroso nos meus meus lábios,
feridas abertas na boca ardem
não dando lugar ao que estou a perder.
O mundo nunca me chegará
porque nunca quis tanto.
No dia em que a esperança morrer o que nos resta?
Sermos engolidos pelos erros cometidos
eternamente amarrados a algemas por nós
construídas ao longo dos tempos?
Obrigados a dissecar o nosso ego que nunca morreu
crucificado? Numa ilha rodeada de chamas,
sem saída, onde respiramos fumo proveniente das trevas?
Mas...
O teu mundo é igual ao meu, apenas um pouco diferente.
Onde as palavras são palavras
e a acção é movimento.
Onde o amor tudo vence até que a derrota o vença.
Mas...
Sublimes criaturas com asas demoníacas
pisam-nos, e alimentam-nos o medo...
Quantas vezes podemos tentar viver mais?
Quantas vezes mais basta a vontade?
Voltar a errar seria um erro.
Deixámos de escutar quem mais interessa...
Uma perna presa em areias movediças
outra a tentar voltar para trás...
Nem sempre o observador distante é o que
está mais consciente dos caminhos ainda existentes,
às vezes tudo está dentro nós.
Onde está essa onda gigante capaz de fazer
apagar estas labaredas escaldantes?
Mas o teu mundo é igual ao meu.
Alguns procuram toda uma vida por algo
tão exacto. Outros tentam criar.
A verdade não se engana.
Tomara todos terem essa sorte...saber, sentir, poder fazer.
Mas...
Uma ave colossal sem penas, apenas com ossos,
que varre o céu deixando cinzas e agitação
aproxima-se.
Agarra-nos, leva-nos até muito alto,
e mesmo sem qualquer palavra
sabemos o que vem a seguir...
Escuridão vermelha
e dor.
Mas...Nem tudo é assim.
mas diferente.
Onde tudo respira, onde tudo respira
numa paz celestial.
Um mundo onde todas as acções e melodias
têm um encanto especial, onde tudo faz sentido,
e o que não faz, aos poucos começa a fazer.
Mas...
Sinto este sabor ferroso nos meus meus lábios,
feridas abertas na boca ardem
não dando lugar ao que estou a perder.
O mundo nunca me chegará
porque nunca quis tanto.
No dia em que a esperança morrer o que nos resta?
Sermos engolidos pelos erros cometidos
eternamente amarrados a algemas por nós
construídas ao longo dos tempos?
Obrigados a dissecar o nosso ego que nunca morreu
crucificado? Numa ilha rodeada de chamas,
sem saída, onde respiramos fumo proveniente das trevas?
Mas...
O teu mundo é igual ao meu, apenas um pouco diferente.
Onde as palavras são palavras
e a acção é movimento.
Onde o amor tudo vence até que a derrota o vença.
Mas...
Sublimes criaturas com asas demoníacas
pisam-nos, e alimentam-nos o medo...
Quantas vezes podemos tentar viver mais?
Quantas vezes mais basta a vontade?
Voltar a errar seria um erro.
Deixámos de escutar quem mais interessa...
Uma perna presa em areias movediças
outra a tentar voltar para trás...
Nem sempre o observador distante é o que
está mais consciente dos caminhos ainda existentes,
às vezes tudo está dentro nós.
Onde está essa onda gigante capaz de fazer
apagar estas labaredas escaldantes?
Mas o teu mundo é igual ao meu.
Alguns procuram toda uma vida por algo
tão exacto. Outros tentam criar.
A verdade não se engana.
Tomara todos terem essa sorte...saber, sentir, poder fazer.
Mas...
Uma ave colossal sem penas, apenas com ossos,
que varre o céu deixando cinzas e agitação
aproxima-se.
Agarra-nos, leva-nos até muito alto,
e mesmo sem qualquer palavra
sabemos o que vem a seguir...
Escuridão vermelha
e dor.
Mas...Nem tudo é assim.
sábado, 25 de dezembro de 2010
Mensagem de Natal - Sermão do futuro pastor aos peixinhos
A vida às vezes surpreende-nos. E a minha irmã repetiu duas vezes seguidas uma frase que lhe digo muitas vezes: por vezes o ser humano surpreende-nos. E a vida não é só levada ao som da sorte e do azar, do que se fez e do que não se fez; a vida é feita todos os dias, pelas pessoas. Deus? Possivelmente dá as suas lufadas de ar, sem que no apercebamos sequer...mas a vida é assim mesmo. Portanto, é no ser humano, para o mal e para o bem, que está a acção: a vida. E cabe-lhe a ele, não somente a ele, mas a ele em grande parte, viver, fazer, morrer (ou deveria caber). Este sermão que aqui deixo é especialmente deixado pelo Natal. Quando somos crianças sonhamos muito. Talvez demais dirão alguns...a verdade é que com o tempo essa capacidade é expulsa dos nossos corações com uma frieza responsável. (Está frio aqui. E não deveria estar. Pensem nisso.)
O sermão que aqui deixo, deixo-o para todos os que ainda querem sonhar. Este sermão já não é para mim. Já não. Citando Tolkien (criador do mundo d'O Senhor dos Anéis), sinto-me um pedaço de manteiga, já demasiado pequeno para barrar numa fatia de pão demasiado grande, já não completo com eficácia toda a sua largura e comprimento. Estou a ficar velho, sinto-o. Não velho no sentido de recordar o passado como um albúm de fotografias decorado no nosso cérebro. Nem velho que olha o horizonte especulando sobre a morte. Estou apenas velho no sentido que me sinto a envelhecer. Pode parecer idiota, mas estou-o de facto, e não espero muito mais do que aquilo que deveria esperar. Mas não me entrego à morte. Ainda vou fazendo o que posso e o que vou querendo fazer...aos poucos. Se isso me chegará? Talvez o pareça por agora, mas talvez nunca o seja. Mais tarde terei tempo para me amargurar, como qualquer ser humano terá.
A vida de um Homem, qualquer que ele seja, seria muito mais interessantes se fosse recordada e descrita 'in media res'. Quem me dera que assim fosse. Começar a narrar e a recordar apartir de um meio, não de um início. Passar à frente de pormenores pouco importantes, como o crescimento físico, as primeiras palavras, os primeiros passos. Se bem que o próprio Freud aplica uma importância ao início. Mas mesmo assim...A magia era mais valorizada. Era belo. Era interessante.
Sermão em si:
Nunca acreditei em milagres de Natal. E não se ainda cá estarei quando estes envolverem salvar milhões de pessoas que morrem de 5 em 5 segundos com fome ou com doenças. No entanto, dado que sou apenas mais um ser humano, ter pequenas provas de um "milagre de Natal", mesmo que apenas pequenas provas, já é algo digno de comover, e de aceitar ajoelhado. Este ano, um ano muito diferente, onde tudo se mexeu mais do que o habitual, em vários ângulos e tamanhos, prometia-me um desejo louco, e fora do vulgar em mim, que se desse o mais depressa possível a mudança de ano. Para mim o ano novo significa apenas uma coisa: estar com quem mais queremos. Amigos, família, amores. E apenas isso. Porque o Natal é da família. (Normal ou aumentada.) O ano novo deveria ser acabar um ano com quem gostamos para começar com esses mesmo um novo. Pode parecer patético...mas o que podemos pedir mais? Eu não peço mais nada. Para mim o ser humano é tudo. Não me posso basear em mim. Amo-me como me odeio. E penso que todos nós por vezes sentimos isso. O divino, como já disse, acaba por passar quase despercebido. Por isso baseio-me no sentimento, que por alguma razão me une a outros. A maioria de nós, hoje em dia, não se interessa, não dá valor à chamada essência, à chama, à ligação. É pena. Para quem? Para todos.
Ora este Natal, ao contrário de outros Natais, as coisas começaram bastante mal...e colocou-se mesmo em causa a existência do mesmo. Dois dias antes deu-se um pequeno milagre. Falo neste momento de uma situação em que 98% da possibilidade era mais do que negativa; a palavra certa seria destrutiva. No entanto, os 2% que sobravam: deram-se. Fiquei perplexo. Como foi possível? O Natal, nesta família, foi salvo. Quando ninguém imaginava. Disse cheio de sabedoria aparente: às vezes existe uma terceira hipótese (eu que geralmente só acredito em duas). Etc.
Quero dizer, com tudo isto, é que: não deixem de acreditar. Agarrem-se. Não percam a fé. Mas não se baseiem apenas na fé no outro, no outrem, não percam a fé em vocês. Lutem. Às vezes temos algo a centímetros dos nossos dedos e a preguiça, a apatia, o atrito, fazem com que fiquemos a olhar apenas. Não olhem. Agarrem. A morte está à espreita desde o dia em que nascemos...valerá a pena esperar apenas que venha? Não me parece. Façam a vossa história agora, e contem-na como querem que seja por vós vivida. Passa-se mais um ano, aprende-se, vive-se, morre-se, dá-se...Descarta-se um ano. Agora? Agora é o para sempre, agora é o talvez para sempre, agora é o momento. Agora é fazer. Vive.
Desejo um bom Natal a todos. E desejo um ano de 2011 melhor ou igual, mas nunca pior.
O sermão que aqui deixo, deixo-o para todos os que ainda querem sonhar. Este sermão já não é para mim. Já não. Citando Tolkien (criador do mundo d'O Senhor dos Anéis), sinto-me um pedaço de manteiga, já demasiado pequeno para barrar numa fatia de pão demasiado grande, já não completo com eficácia toda a sua largura e comprimento. Estou a ficar velho, sinto-o. Não velho no sentido de recordar o passado como um albúm de fotografias decorado no nosso cérebro. Nem velho que olha o horizonte especulando sobre a morte. Estou apenas velho no sentido que me sinto a envelhecer. Pode parecer idiota, mas estou-o de facto, e não espero muito mais do que aquilo que deveria esperar. Mas não me entrego à morte. Ainda vou fazendo o que posso e o que vou querendo fazer...aos poucos. Se isso me chegará? Talvez o pareça por agora, mas talvez nunca o seja. Mais tarde terei tempo para me amargurar, como qualquer ser humano terá.
A vida de um Homem, qualquer que ele seja, seria muito mais interessantes se fosse recordada e descrita 'in media res'. Quem me dera que assim fosse. Começar a narrar e a recordar apartir de um meio, não de um início. Passar à frente de pormenores pouco importantes, como o crescimento físico, as primeiras palavras, os primeiros passos. Se bem que o próprio Freud aplica uma importância ao início. Mas mesmo assim...A magia era mais valorizada. Era belo. Era interessante.
Sermão em si:
Nunca acreditei em milagres de Natal. E não se ainda cá estarei quando estes envolverem salvar milhões de pessoas que morrem de 5 em 5 segundos com fome ou com doenças. No entanto, dado que sou apenas mais um ser humano, ter pequenas provas de um "milagre de Natal", mesmo que apenas pequenas provas, já é algo digno de comover, e de aceitar ajoelhado. Este ano, um ano muito diferente, onde tudo se mexeu mais do que o habitual, em vários ângulos e tamanhos, prometia-me um desejo louco, e fora do vulgar em mim, que se desse o mais depressa possível a mudança de ano. Para mim o ano novo significa apenas uma coisa: estar com quem mais queremos. Amigos, família, amores. E apenas isso. Porque o Natal é da família. (Normal ou aumentada.) O ano novo deveria ser acabar um ano com quem gostamos para começar com esses mesmo um novo. Pode parecer patético...mas o que podemos pedir mais? Eu não peço mais nada. Para mim o ser humano é tudo. Não me posso basear em mim. Amo-me como me odeio. E penso que todos nós por vezes sentimos isso. O divino, como já disse, acaba por passar quase despercebido. Por isso baseio-me no sentimento, que por alguma razão me une a outros. A maioria de nós, hoje em dia, não se interessa, não dá valor à chamada essência, à chama, à ligação. É pena. Para quem? Para todos.
Ora este Natal, ao contrário de outros Natais, as coisas começaram bastante mal...e colocou-se mesmo em causa a existência do mesmo. Dois dias antes deu-se um pequeno milagre. Falo neste momento de uma situação em que 98% da possibilidade era mais do que negativa; a palavra certa seria destrutiva. No entanto, os 2% que sobravam: deram-se. Fiquei perplexo. Como foi possível? O Natal, nesta família, foi salvo. Quando ninguém imaginava. Disse cheio de sabedoria aparente: às vezes existe uma terceira hipótese (eu que geralmente só acredito em duas). Etc.
Quero dizer, com tudo isto, é que: não deixem de acreditar. Agarrem-se. Não percam a fé. Mas não se baseiem apenas na fé no outro, no outrem, não percam a fé em vocês. Lutem. Às vezes temos algo a centímetros dos nossos dedos e a preguiça, a apatia, o atrito, fazem com que fiquemos a olhar apenas. Não olhem. Agarrem. A morte está à espreita desde o dia em que nascemos...valerá a pena esperar apenas que venha? Não me parece. Façam a vossa história agora, e contem-na como querem que seja por vós vivida. Passa-se mais um ano, aprende-se, vive-se, morre-se, dá-se...Descarta-se um ano. Agora? Agora é o para sempre, agora é o talvez para sempre, agora é o momento. Agora é fazer. Vive.
Desejo um bom Natal a todos. E desejo um ano de 2011 melhor ou igual, mas nunca pior.
sábado, 18 de dezembro de 2010
Legacy
Fizeram-me acreditar que acabariam os tormentos
depois de passado o cabo das tormentas...
O que moveu o Homem na sua jornada na História?
O que levou o Homem a deixar um legado?
É a insignificância do ser, a sua insatisfação,
A sua vontade de atar os demónios à terra...
Fizeram-te acreditar que tudo seria diferente............................................................................
Só por meros segundos, transformados em momentos
pelo tempo que finge modificar. Agora sentes alguma ira.
Mas a ira passará, como passa a ferida de uma mentira.
Lembrar-te-ás de tudo o que foi por ti conquistado,
seduzido, ultrapassado, descoberto. O que outrora
foi uma experiência só tua é agora ensinamento
para todos os outros.
Alguns podem seguir-te, outros apenas aprender-te,
mas estarás para sempre, de alguma forma,
ligado à História.
Mas existem alturas na vida que nada é o que parece ser,
e vives acostumado na calma
esquecendo-te que um dia acabarás por morrer.
E essa é uma luta na qual não podes vencer. Acordas;
o medo trepa o teu corpo com ambição
e quando o sentes de novo
já te magoa a alma.
Afinal do que valeu isto tudo?
Valeu para muitos , talvez para todos...
Menos
para
ti.
depois de passado o cabo das tormentas...
O que moveu o Homem na sua jornada na História?
O que levou o Homem a deixar um legado?
É a insignificância do ser, a sua insatisfação,
A sua vontade de atar os demónios à terra...
Fizeram-te acreditar que tudo seria diferente............................................................................
Só por meros segundos, transformados em momentos
pelo tempo que finge modificar. Agora sentes alguma ira.
Mas a ira passará, como passa a ferida de uma mentira.
Lembrar-te-ás de tudo o que foi por ti conquistado,
seduzido, ultrapassado, descoberto. O que outrora
foi uma experiência só tua é agora ensinamento
para todos os outros.
Alguns podem seguir-te, outros apenas aprender-te,
mas estarás para sempre, de alguma forma,
ligado à História.
Mas existem alturas na vida que nada é o que parece ser,
e vives acostumado na calma
esquecendo-te que um dia acabarás por morrer.
E essa é uma luta na qual não podes vencer. Acordas;
o medo trepa o teu corpo com ambição
e quando o sentes de novo
já te magoa a alma.
Afinal do que valeu isto tudo?
Valeu para muitos , talvez para todos...
Menos
para
ti.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Cortante frio...Lisbon
Está um frio em Lisboa que já não se sentia há muito tempo (talvez desde o ano passado). Aos poucos as acções do Homem estão a ter repercussões palpáveis a todos os sentidos. Este é um deles...
Enquanto caminhava na minha rua sabia-me mais do que muito bem o sol que se fazia penetrar em mim, mas movendo para uma sombra qualquer o frio era enorme. Levando ao extremo a comparação, é como se sentisse o deserto de dia e de noite mas com segundos de diferença. Chato. Muito chato. Não tenho luvas. Não as uso à anos, mas a realidade é que nunca me ajudaram muito...as mãos são frias. São a parte do meu corpo que me depressa e que durante mais tempo se mantêm 'mortas'. Uma desgraça. A cara gela depois, e quase se torna difícil respirar. É uma chatice. E em casa sinto saudades de algo que nunca tive, uma lareira. Mas adorava poder sentar-me em algo confortável, com uma manta quentinha, com um bom livro sobre as pernas, ou com o computador portátil, e sentir as labaredas...Não se pode ter tudo não é verdade? E os pobres coitados que não têm nada? Que nas ruas tentam encontrar conforto (se é que se pode chamar conforto) em cantos de ruas ou edifícios? Onde o papel ou roupas rotas servem de agasalho...
Por isso, dou valor a ter quatro paredes que me protegem do frio. A ter forças de lutar contra o frio. Quando penso em me queixar penso naqueles estão lá fora, a sentir o verdadeiro frio, encolho-me e mantenho-me calado.
A sorte que é soprada na nossa vida é por nós sacudida com ingratidão. E talvez ingratidão seja pouco...
E logo agora que é Natal...mas para isso preciso de mais um tempo.
Enquanto caminhava na minha rua sabia-me mais do que muito bem o sol que se fazia penetrar em mim, mas movendo para uma sombra qualquer o frio era enorme. Levando ao extremo a comparação, é como se sentisse o deserto de dia e de noite mas com segundos de diferença. Chato. Muito chato. Não tenho luvas. Não as uso à anos, mas a realidade é que nunca me ajudaram muito...as mãos são frias. São a parte do meu corpo que me depressa e que durante mais tempo se mantêm 'mortas'. Uma desgraça. A cara gela depois, e quase se torna difícil respirar. É uma chatice. E em casa sinto saudades de algo que nunca tive, uma lareira. Mas adorava poder sentar-me em algo confortável, com uma manta quentinha, com um bom livro sobre as pernas, ou com o computador portátil, e sentir as labaredas...Não se pode ter tudo não é verdade? E os pobres coitados que não têm nada? Que nas ruas tentam encontrar conforto (se é que se pode chamar conforto) em cantos de ruas ou edifícios? Onde o papel ou roupas rotas servem de agasalho...
Por isso, dou valor a ter quatro paredes que me protegem do frio. A ter forças de lutar contra o frio. Quando penso em me queixar penso naqueles estão lá fora, a sentir o verdadeiro frio, encolho-me e mantenho-me calado.
A sorte que é soprada na nossa vida é por nós sacudida com ingratidão. E talvez ingratidão seja pouco...
E logo agora que é Natal...mas para isso preciso de mais um tempo.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Master of puppets , parte Dois e última
Pensamos sempre que o fim está próximo,
como se fosse possível alguém se esquecer
da arte de mover as cordas...
Do prazer que isso lhes dá.
Quando a nossa inocência é certa
o mais certo é sermos apanhados
sem nos apercebermos
como em armadilhas na floresta.
Os dados foram lançados sim...
Mas é como se estivessem viciados.
A nossa força é nula, ou para lá caminha.
Escravizados numa vontade não nossa
pouco esclarecidos nos passos que damos.
Louvada seja a mão que nos protege
ou que já protegeu.
É o apogeu das massas
numa falsa glória. Triste é o fado
dos humanos.
Mais valia ver tudo isto a desabar,
tudo cair por terra...
Morrer inocente, de consciência tranquila,
sem deixar restos mortais e imortais para trás,
esmagando o ego
não deixar pedra sobre pedra.
A outra face da moeda é igual...Não interessa
a sorte que tentam controlar desesperadamente.
Quem controla sorri
consciente deste fim deprimente.
Reconciliação com a morte
Adormeci nesta calma morta.
O cansaço das pernas subiu até ao resto do corpo.
É como se estivesse morto, mas não estou.
Não sei do que falo...A fome enfraquece
a pele envelhece anos a mais, e a força
da língua não é suficiente para sussurrar.
A raiva e o ódio calaram-se, não sei quando voltarão.
E esta monotonia apoderou-se de todas as minhas células.
O tédio existencial criou raízes até aos confins do meu ser.
Queria que toda esta apatia se dissipasse...
Mas ainda não chegou a hora.
O silêncio deu-me uma estalada silenciosa,
com uma rapidez graciosa, enquanto suspirava.
Quando a morte se aproxima
finjo-me de morto.
Morrer mais? Para quê?
(E quando estou quase a dar de mim,
apodrecem sentimentos dentro de mim
relembrando-me que ainda existem coisas por fazer;
e que a revolta serviu-me sempre perfeitamente.
E que tudo o que já fiz não está de todo morto.
E por momentos solto-me. Renasço solto. Pronto.)
Na linha da frente travo a morte com as duas mãos.
Ainda não terá chegado a hora...Não enquanto aqui estiver.
O cansaço das pernas subiu até ao resto do corpo.
É como se estivesse morto, mas não estou.
Não sei do que falo...A fome enfraquece
a pele envelhece anos a mais, e a força
da língua não é suficiente para sussurrar.
A raiva e o ódio calaram-se, não sei quando voltarão.
E esta monotonia apoderou-se de todas as minhas células.
O tédio existencial criou raízes até aos confins do meu ser.
Queria que toda esta apatia se dissipasse...
Mas ainda não chegou a hora.
O silêncio deu-me uma estalada silenciosa,
com uma rapidez graciosa, enquanto suspirava.
Quando a morte se aproxima
finjo-me de morto.
Morrer mais? Para quê?
(E quando estou quase a dar de mim,
apodrecem sentimentos dentro de mim
relembrando-me que ainda existem coisas por fazer;
e que a revolta serviu-me sempre perfeitamente.
E que tudo o que já fiz não está de todo morto.
E por momentos solto-me. Renasço solto. Pronto.)
Na linha da frente travo a morte com as duas mãos.
Ainda não terá chegado a hora...Não enquanto aqui estiver.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Vengeful
O corpo da rainha estava estendido no chão...Talvez por coincidência, ou por um último acto irónico contra o destino, a sua mão estava em cima do trono, aberta, como se segurasse algo invisível, como se não segurasse nada, tudo aquilo que viveu ali sozinha: o vazio. Tinha uma espada que trespassava o coração, de onde escorria sangue. A pouco mais de um metro da rainha, estava marcado no gelo as suas últimas palavras, com pedaços de pele e carne, e bastante sangue. Esta mistura permitiu, que mesmo com o gelo que vinha sempre mais, que as palavras lá ficassem marcadas.
No silêncio que assombrava agora aquele local, onde vestes geladas ainda cobriam um corpo que ainda se percebia humano, aconteceu algo...Algum impacto, de natureza divina, ou de natureza natural, quebrou um grande pedaço de gelo. A rainha ficou onde sempre viveu, naquela terra fria. As palavras que escreveu, caprichosamente ou não, foram levadas para o oceano...
Viemos por outras palavras: construir a vingança.
Vingar os que já não têm forças, os que foram prejudicados,
Vingar os indesejados, os que foram mal tratados.
Viemos derrubar os limites da fome.
Tudo isto não passa de um desejo, que se transformou
em chama acesa, que baila no nosso peito,
que embala o nosso pensamento antes de adormecermos.
Porque a nossa guerra é outra...
E talvez seja sempre, até vos conseguirmos abrir os olhos.
Mas para já não queremos nem sangue, nem revolta,
nem ingratidão...De ingratidão está este mundo repleto.
Não. Por agora não...
Olhávamos o mar no silêncio da noite escura
quando um enorme pedaço de gelo enterrou na areia.
Depois de passar o efeito de estranheza
alguém reparou nas palavras escritas...Leram em voz alta.
Alguns choraram.
Outros também choraram.
Alguns olharam para o céu...pensativos.
Por isso hoje, mas talvez só hoje, só por agora,
vamos falar de outra vingança.
Aquela que nos liberta as amarras da alma
e do corpo. Aquela que nos faz ferir para defender.
Aquele puro sentimento de ajuda...de respeito.
Depois de meses e anos à procura de respostas,
depois de meses e anos a preparar tudo,
chegámos a uma terra fria.
Não é preciso contar a visão que nos assombrou a alma.
Nem sequer é importante.
No trono estava um rei. Um novo rei. Sozinho.
Segurava uma espada diferente de todas as que já
tínhamos visto. Comprida, afiada, parecia capaz
de queimar o gelo...
O rei, depois de muito tempo a conversar
com todos nós, compreendeu.
E deu-nos a mão, feliz, pelo nosso gesto.
Naquele local frio, onde o silêncio dá lugar ao silêncio,
construímos uma aldeia.
Vingámos muitos réis e rainhas,
pela sua honra, pelo seu sofrimento...
E tudo graças a uma rainha
que teve a vontade de escrever palavras...
É esta a vingança talvez mais saudável. Aquela
que serve para defender uma alma,
para agradecer gestos de alguém.
A honra nem sempre pode sair brilhante, por vários motivos adversos...
Pois a nossa missão
manterá um sofrimento passado em descanso,
honrando esta causa.
Para sempre talvez.
No silêncio que assombrava agora aquele local, onde vestes geladas ainda cobriam um corpo que ainda se percebia humano, aconteceu algo...Algum impacto, de natureza divina, ou de natureza natural, quebrou um grande pedaço de gelo. A rainha ficou onde sempre viveu, naquela terra fria. As palavras que escreveu, caprichosamente ou não, foram levadas para o oceano...
Viemos por outras palavras: construir a vingança.
Vingar os que já não têm forças, os que foram prejudicados,
Vingar os indesejados, os que foram mal tratados.
Viemos derrubar os limites da fome.
Tudo isto não passa de um desejo, que se transformou
em chama acesa, que baila no nosso peito,
que embala o nosso pensamento antes de adormecermos.
Porque a nossa guerra é outra...
E talvez seja sempre, até vos conseguirmos abrir os olhos.
Mas para já não queremos nem sangue, nem revolta,
nem ingratidão...De ingratidão está este mundo repleto.
Não. Por agora não...
Olhávamos o mar no silêncio da noite escura
quando um enorme pedaço de gelo enterrou na areia.
Depois de passar o efeito de estranheza
alguém reparou nas palavras escritas...Leram em voz alta.
Alguns choraram.
Outros também choraram.
Alguns olharam para o céu...pensativos.
Por isso hoje, mas talvez só hoje, só por agora,
vamos falar de outra vingança.
Aquela que nos liberta as amarras da alma
e do corpo. Aquela que nos faz ferir para defender.
Aquele puro sentimento de ajuda...de respeito.
Depois de meses e anos à procura de respostas,
depois de meses e anos a preparar tudo,
chegámos a uma terra fria.
Não é preciso contar a visão que nos assombrou a alma.
Nem sequer é importante.
No trono estava um rei. Um novo rei. Sozinho.
Segurava uma espada diferente de todas as que já
tínhamos visto. Comprida, afiada, parecia capaz
de queimar o gelo...
O rei, depois de muito tempo a conversar
com todos nós, compreendeu.
E deu-nos a mão, feliz, pelo nosso gesto.
Naquele local frio, onde o silêncio dá lugar ao silêncio,
construímos uma aldeia.
Vingámos muitos réis e rainhas,
pela sua honra, pelo seu sofrimento...
E tudo graças a uma rainha
que teve a vontade de escrever palavras...
É esta a vingança talvez mais saudável. Aquela
que serve para defender uma alma,
para agradecer gestos de alguém.
A honra nem sempre pode sair brilhante, por vários motivos adversos...
Pois a nossa missão
manterá um sofrimento passado em descanso,
honrando esta causa.
Para sempre talvez.
Hateful
"Um dia matarei todos aqueles que odeio!", gritou a rainha ao vento. O silêncio já dormia naquela terra fria há muitos anos. A solidão fazia-lhe companhia. A rainha nunca exigiu a ninguém, nem mesmo a Deus, chegar a este degrau. Foi a sentença que a vida lhe ditou: longa, dolorosa, fria...A vida está longe de ser justa. Os desígnios de Deus estão longe de ser compreendidos pelo Homem. E ali estava a rainha, só, amaldiçoando através do vento, todos aqueles que ela odiava...Mas a verdade que ficou gravada nos livros é que a rainha acabou por morrer sozinha no trono. Trespassou aquela antiga espada certeiro no próprio coração. Acabando assim por matar a única pessoa que realmente odiava...
A vida parece-me tão preciosa agora
que já não a vivo. Tento-me recordar
dela, e quando não tento sonho com ela.
Desde pequena que aprendi a amar,
a dar valor a tudo aquilo que tinha
a todos aqueles que me amavam.
Nunca me apaixonei, daquelas paixões que se
transformam em amor, no verdadeiro amor,
aquele amor que com o tempo ultrapassa o do
sangue, aquele amor que nos completa.
Dei sempre o meu melhor, em tudo.
Mas o destino, ou esse Deus estranho, levou-me
a este trono gelado. Sempre gostei de neve...Mas viver
todos estes anos nela fez-me perceber a beleza das folhas
que caiem das árvores, na sua metamorfose,
a beleza dos rios, lagos, e do mar...da areia, da terra,
das rochas, e pequenas pedras. Do sol...do calor.
Todos estes anos, onde sozinha governei o meu mundo
e o dos outros, ou pelo menos assim o pensei,
fizeram-me pensar muito...
E tentei guardar ódio a todos aqueles que me amaram
mas que nunca me procuraram...Já disse que tentei?
Mas não consegui.
Deixo aqui, gravadas estas palavras, no gelo...
As pontas dos meus dedos já se encontram em carne viva,
o meu próprio corpo já me causa repulsa e quase pena.
A minha alma já me causa repulsa. Nada mais me resta...
Que estas palavras bastem ao que se seguir a mim.
Pois tudo o que podia ter feito de errado neste mundo,
nesta vida,
já está feito...Agora resta-me esperar ser recebida no céu
com uns braços pelos menos semi abertos.
Odeio-me.
A vida parece-me tão preciosa agora
que já não a vivo. Tento-me recordar
dela, e quando não tento sonho com ela.
Desde pequena que aprendi a amar,
a dar valor a tudo aquilo que tinha
a todos aqueles que me amavam.
Nunca me apaixonei, daquelas paixões que se
transformam em amor, no verdadeiro amor,
aquele amor que com o tempo ultrapassa o do
sangue, aquele amor que nos completa.
Dei sempre o meu melhor, em tudo.
Mas o destino, ou esse Deus estranho, levou-me
a este trono gelado. Sempre gostei de neve...Mas viver
todos estes anos nela fez-me perceber a beleza das folhas
que caiem das árvores, na sua metamorfose,
a beleza dos rios, lagos, e do mar...da areia, da terra,
das rochas, e pequenas pedras. Do sol...do calor.
Todos estes anos, onde sozinha governei o meu mundo
e o dos outros, ou pelo menos assim o pensei,
fizeram-me pensar muito...
E tentei guardar ódio a todos aqueles que me amaram
mas que nunca me procuraram...Já disse que tentei?
Mas não consegui.
Deixo aqui, gravadas estas palavras, no gelo...
As pontas dos meus dedos já se encontram em carne viva,
o meu próprio corpo já me causa repulsa e quase pena.
A minha alma já me causa repulsa. Nada mais me resta...
Que estas palavras bastem ao que se seguir a mim.
Pois tudo o que podia ter feito de errado neste mundo,
nesta vida,
já está feito...Agora resta-me esperar ser recebida no céu
com uns braços pelos menos semi abertos.
Odeio-me.
Merciless
A rainha estava sentada no trono. Outrora, nesse mesmo trono de gelo, onde a tempestade divina não conseguia alcançar, estava um rei. O seu olhar era frio, mais frio que o ambiente que o rodeava. Segurava uma espada mais longa que as normais, mais afiada; nunca foi usada em vão. A sua armadura não estava gasta, mas foi usada por vários tempos, várias temporadas. A rainha estava sentada no trono...E recordou o rei antigo. Não derramou uma única gota de sentimento; sabia que tinha chegado a sua hora, e a hora de ser ela a comandar. No entanto, mesmo sentada no apogeu do frio, onde o divino jamais conseguirá penetrar, assim como a luz humana, sentiu-se...em palavras que não consegue explicar: sozinha.
Os tempos podem ser outros
mas a vastidão da insegurança é igual.
Podemos tentar enganar os nossos olhos
a nossa emoção...
E a razão soberana.
Poderá um dia existir um lugar magnífico
onde um só homem, ou vários homens escolhidos
consigam elevar toda uma população.
Mas ainda não. E o passado é sangrento...
O passado é arrogante.
A alma ambiciona pouco ou em demasia;
falta força na vontade
falta consciência nos actos,
Sobra a solidão no trono de gelo
Enquanto outros conseguem viver com a arte
da dança dos pássaros no interior do deserto.
O vazio não é total.
O vazio não é eterno.
É o mesmo que ambicionarmos o céu
mas fazermos o inferno.
Sinto saudades de uma batalha épica que nunca vivi.
Onde almas de homens corajosos
feriram para sempre a História da Humanidade;
onde a espada não hesitava no golpe final
onde a mão não tremeu na hora de abrir o portão,
os pés caminhavam distâncias inimagináveis...
Onde estão os guerreiros?
Onde está a conquista?
A minha espada está enterrada numa areia de uma praia qualquer.
Sinto-a. Espera por mim, com a mesma fome de sangue de outros tempos...
E nós precisamos disso. De fome. De sabedoria. De acção.
De evolução, de iluminação, de sangue.
Mas por enquanto ainda somos ninguém...
E queremos muito pouco.
E até ser possível fazer algo importante
vão-se lembrando que:
A rainha está sozinha...
Não queiram cometer o mesmo erro..
Os tempos podem ser outros
mas a vastidão da insegurança é igual.
Podemos tentar enganar os nossos olhos
a nossa emoção...
E a razão soberana.
Poderá um dia existir um lugar magnífico
onde um só homem, ou vários homens escolhidos
consigam elevar toda uma população.
Mas ainda não. E o passado é sangrento...
O passado é arrogante.
A alma ambiciona pouco ou em demasia;
falta força na vontade
falta consciência nos actos,
Sobra a solidão no trono de gelo
Enquanto outros conseguem viver com a arte
da dança dos pássaros no interior do deserto.
O vazio não é total.
O vazio não é eterno.
É o mesmo que ambicionarmos o céu
mas fazermos o inferno.
Sinto saudades de uma batalha épica que nunca vivi.
Onde almas de homens corajosos
feriram para sempre a História da Humanidade;
onde a espada não hesitava no golpe final
onde a mão não tremeu na hora de abrir o portão,
os pés caminhavam distâncias inimagináveis...
Onde estão os guerreiros?
Onde está a conquista?
A minha espada está enterrada numa areia de uma praia qualquer.
Sinto-a. Espera por mim, com a mesma fome de sangue de outros tempos...
E nós precisamos disso. De fome. De sabedoria. De acção.
De evolução, de iluminação, de sangue.
Mas por enquanto ainda somos ninguém...
E queremos muito pouco.
E até ser possível fazer algo importante
vão-se lembrando que:
A rainha está sozinha...
Não queiram cometer o mesmo erro..
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Master of puppets , parte Um
A ilusão do controlo. Ou a força da sua realidade.
Alguns são esmagados por ele em tenra idade;
para alguns nunca existirá um novo mundo.
Um ouvido surdo, um falar mudo,
é talvez invisível aos desatentos os fios que
prendem os músculos do corpo humano.
Expulsem a responsabilidade dos vossos actos
como se esta não importasse. Haverá tempo...
Haverá desculpa. Interessa que se saibam mover
ao som da vida; enquanto os fios são balançados,
puxados, deixados cair...
Duvido da capacidade humana para distinguir
a realidade da ficção; a verdade da ilusão,
Sem reflectir na consciência falsa de quem controla
os passos de quem anda, ou faz andar.
De quem cria o caminho, de quem o tentou criar, de quem
o pisa apenas, sem fazer por se mover.
Esperem...por momento consegui ver os fios!
Ou terá sido apenas a minha imaginação?
É o destino gravado nas estrelas, no plano de Deus,
na ironia dos sinais, ou das coincidências;
é querer ambicionar, ou pensar querer-se ambicionar,
sem dar tréguas à mais pura concretização.
Este momento não é único.
E não acaba por não se pensar nele.
Talvez por isso mesmo ainda lá esteja:
sonhando ver movimentos estranhos
ou a nossa própria essência em cada acto.
E não acaba...
Alguns são esmagados por ele em tenra idade;
para alguns nunca existirá um novo mundo.
Um ouvido surdo, um falar mudo,
é talvez invisível aos desatentos os fios que
prendem os músculos do corpo humano.
Expulsem a responsabilidade dos vossos actos
como se esta não importasse. Haverá tempo...
Haverá desculpa. Interessa que se saibam mover
ao som da vida; enquanto os fios são balançados,
puxados, deixados cair...
Duvido da capacidade humana para distinguir
a realidade da ficção; a verdade da ilusão,
Sem reflectir na consciência falsa de quem controla
os passos de quem anda, ou faz andar.
De quem cria o caminho, de quem o tentou criar, de quem
o pisa apenas, sem fazer por se mover.
Esperem...por momento consegui ver os fios!
Ou terá sido apenas a minha imaginação?
É o destino gravado nas estrelas, no plano de Deus,
na ironia dos sinais, ou das coincidências;
é querer ambicionar, ou pensar querer-se ambicionar,
sem dar tréguas à mais pura concretização.
Este momento não é único.
E não acaba por não se pensar nele.
Talvez por isso mesmo ainda lá esteja:
sonhando ver movimentos estranhos
ou a nossa própria essência em cada acto.
E não acaba...
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Sala de pânico
Se tirasses a camuflagem que protege
a paisagem da realidade sobrava a nudez.
Chamam-lhe verdade, arte, obra,
mas é apenas isso que sobra;
a lucidez da cobra que crava os venenosos dentes
na pele humana é total.
As paredes parecem fechar, sobre toda a alma,
não deixando espaço para respirar,
porque chega uma altura na vida
em que parece que nada faz sentido.
É como estarmos no chão deitados
sem nos lembrar-mos de ter caído.
O mundo não é como eu estou à espera;
e isso não é problema vosso.
O tempo escasseia, como grãos de areia
a fugir por entre os dedos das mãos;
A lavagem da alma em momentos de silêncio...
É um eco largado sem consentimento contra as paredes
que o reflectem de volta.
São batalhas de mágoa,
problemas que não sabemos de onde nasceram
nem porque se mantêm vivos,
Procuramos uma pista, um sinal...
É tão inútil como gritar debaixo de água.
Podem olhar à vossa volta...
As paredes parecem iguais?
A cor mantém-se?
Está tudo no mesmo lugar?
Desenganem-se. O sal só salga
se o deixarem salgar. Os milagres? Pertencem a Deus.
a paisagem da realidade sobrava a nudez.
Chamam-lhe verdade, arte, obra,
mas é apenas isso que sobra;
a lucidez da cobra que crava os venenosos dentes
na pele humana é total.
As paredes parecem fechar, sobre toda a alma,
não deixando espaço para respirar,
porque chega uma altura na vida
em que parece que nada faz sentido.
É como estarmos no chão deitados
sem nos lembrar-mos de ter caído.
O mundo não é como eu estou à espera;
e isso não é problema vosso.
O tempo escasseia, como grãos de areia
a fugir por entre os dedos das mãos;
A lavagem da alma em momentos de silêncio...
É um eco largado sem consentimento contra as paredes
que o reflectem de volta.
São batalhas de mágoa,
problemas que não sabemos de onde nasceram
nem porque se mantêm vivos,
Procuramos uma pista, um sinal...
É tão inútil como gritar debaixo de água.
Podem olhar à vossa volta...
As paredes parecem iguais?
A cor mantém-se?
Está tudo no mesmo lugar?
Desenganem-se. O sal só salga
se o deixarem salgar. Os milagres? Pertencem a Deus.
sábado, 4 de dezembro de 2010
O que a realidade nos reserva : o exemplo do pinguim
O meu animal favorito é o pinguim. Gosto bastante de gatos (e felinos maiores), gostava bastante de ter um lince ibérico também; gosto de cães, gosto de coelhos. Também gosto de ver documentários sobre cobras e tubarões. E apesar de não gostar muito de ver coisas, animais ou pessoas maiores que eu (o que é muito mais que fácil), adoro o tubarão baleia (apesar deste nome, e de ser o maior mamífero marinho, é inofensivo para os humanos). Mas tenho de me focar no que interessa. Pinguins...O pinguim é conhecido pelos humanos como o animal "mais bem vestido", aquele pobre de smoking; o pobre coitado que até já tem a camisa branca por baixo, falta-lhe apenas (a menos que o queiram imaginar num jeito mais descontraído) o laço ou a gravata. Servirá às mesas? Peixe talvez. Ou fará horas extraordinárias no escritório? (Alguma empresa de peixe?) É assim visto. E com razão confesso. Vamos supor que de facto o é. Vamos então imagina-lo como o mais parecido com vocês. O trabalhador, o servente da rotina...Onde quero chegar? É fácil de ver este nosso amigo pequeno, que marcha de fato e gravata, a brincar com as suas crias...É fácil de ver este empresário a caçar em grupo. Este pequenino brinca e salta...e como a maioria de vós, ele ambiciona ser diferente...e é então que faz algo que vocês não conseguem fazer; ele solta-se, e desliza o tempo que conseguir, triunfante na leveza da felicidade, pelo gelo fora...Ainda consegue arranjar tempo para "trabalhar", olhar o horizonte, e tudo o resto (independentemente do tamanho e longevidade). E tudo, se quiserem, de smoking.
Há quase um ano atrás, vinha no autocarro. Vinha nessa linha quase recta chamada Estrada de Benfica; entre o Jardim Zoológico de Lisboa e a minha casa passei por um pequeno campo de basketball (que tem por detrás um pequeno jardim para os mais pequenos, assim como os respectivos bancos de jardim; tem ainda um chafariz mas se a memória não me falha já não funciona lá muito bem). O que vi? Algo que na altura mexeu comigo. Eram por volta das dezanove horas, ou pouco mais do que isso. O que vi? Um casal, já de roupa mais confortável a jogar com dois filhos...Uau. Pinguins. Fiquei feliz. Sorri bastante, quase até chegar a casa. Foi uma imagem, para mim, triunfante; ali estava a raça humana a mostrar-me: Sim, também nós conseguimos fazer algo de diferente, e sermos felizes; manter a chama da vida viva.
Conseguirão algum dia arranjar tempo? Claro que sim, a menos que seja demasiado tarde. Haverá tarde de mais? Acho que há sempre; mas também acho que é possível fazer algo antes disso.
Os pinguins têm muito que se lhe diga (e deles sei muito menos do que o queria); e no entanto o pouco que já sei deles é reconfortante, cá dentro, naquele espacinho apertado, onde existe espaço para surpresas, para elevações, etc. Os seres humanos ainda podem fazer tanto por eles...
(Muito mas muito mais do que aquilo que pensam, e infelizmente, do que aquilo que fazem.)
Conseguirão agora arranjar tempo?
Espero que sim.
Há quase um ano atrás, vinha no autocarro. Vinha nessa linha quase recta chamada Estrada de Benfica; entre o Jardim Zoológico de Lisboa e a minha casa passei por um pequeno campo de basketball (que tem por detrás um pequeno jardim para os mais pequenos, assim como os respectivos bancos de jardim; tem ainda um chafariz mas se a memória não me falha já não funciona lá muito bem). O que vi? Algo que na altura mexeu comigo. Eram por volta das dezanove horas, ou pouco mais do que isso. O que vi? Um casal, já de roupa mais confortável a jogar com dois filhos...Uau. Pinguins. Fiquei feliz. Sorri bastante, quase até chegar a casa. Foi uma imagem, para mim, triunfante; ali estava a raça humana a mostrar-me: Sim, também nós conseguimos fazer algo de diferente, e sermos felizes; manter a chama da vida viva.
Conseguirão algum dia arranjar tempo? Claro que sim, a menos que seja demasiado tarde. Haverá tarde de mais? Acho que há sempre; mas também acho que é possível fazer algo antes disso.
Os pinguins têm muito que se lhe diga (e deles sei muito menos do que o queria); e no entanto o pouco que já sei deles é reconfortante, cá dentro, naquele espacinho apertado, onde existe espaço para surpresas, para elevações, etc. Os seres humanos ainda podem fazer tanto por eles...
(Muito mas muito mais do que aquilo que pensam, e infelizmente, do que aquilo que fazem.)
Conseguirão agora arranjar tempo?
Espero que sim.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Conversa em dia
E às vezes tudo o que devemos fazer é ficar calados. Não digo isto num tom irónico. É a verdade. Porque às vezes é isso o que de melhor podemos fazer por outrem. Manter a boca fechada, mesmo que os pensamentos batam em todos os lados do nosso pequeno crânio como se quisessem fugir todos ao mesmo tempo. Às vezes o que as pessoas apenas precisam é de ser "escutadas" . E dessa forma entram numa espécie de monologo construtivo. Foi o que fiz hoje...calei-me. Calei-me apenas. Deixei que fluíssem para o universo, através de mim, para que eles próprios se ajudassem.
Com a devida autorização passo a transcrever o que me foi dito, ou que o foi dito para mim apesar de não o ser, pois às vezes, por a conversa em dia com o mundo é bem menos importante do que pormos a conversa em dia com nós mesmos...
"Então quando quiseres leva-me contigo...Preciso de arejar. Preciso de conhecer pessoas, preciso de conversar e desconversar, sobre tudo um pouco e um pouco mais do que isso. Não por estar sozinho, mas quero entre aspas começar de novo comigo mesmo percebes? Porque me sinto bem, ou quase tão bem como já não me sentia à muito tempo..."
Perfeitamente. Vamos?
Com a devida autorização passo a transcrever o que me foi dito, ou que o foi dito para mim apesar de não o ser, pois às vezes, por a conversa em dia com o mundo é bem menos importante do que pormos a conversa em dia com nós mesmos...
"Então quando quiseres leva-me contigo...Preciso de arejar. Preciso de conhecer pessoas, preciso de conversar e desconversar, sobre tudo um pouco e um pouco mais do que isso. Não por estar sozinho, mas quero entre aspas começar de novo comigo mesmo percebes? Porque me sinto bem, ou quase tão bem como já não me sentia à muito tempo..."
Perfeitamente. Vamos?
Black pages
O sol bate nas pernas frias de quem procura
um intervalo de luz entre as nuvens,
aos poucos o corpo começa a receber o calor,
demora até se espalhar por todo o corpo,
mas desde logo é maravilhosa a sensação
do primeiro contacto solar com a pele nua.
A falta de resistência a receber nas mãos o peso
do azar, da loucura, das rotinas humanas,
É imensa. Por outro acordam cedo, ainda com a lua
a passear no céu, enquanto se prepara
para dar o lugar ao sol; e os pássaros cantam
nas árvores a festejar mais um dia na terra,
ou a amaldiçoar a rotina das suas vidas.
De um lado para o outro vivem o vosso dia,
Fazem pequenas paragens para descansar e alimentar
o corpo e o espírito; fazem pequenas paragens
para procurar pequenas motivações.
Um sorriso sentido, uma palavra, uma frase;
Uma imagem, um objecto, uma promessa;
Um milagre, uma desgraça, uma vida nascida,
uma vida morta, um acontecimento.
Voa o tempo difícil de agarrar
aproxima-se o Inverno,
o frio verdadeiro,
o sol mais apetecido.
Voam as folhas difíceis de agarrar,
aproxima-se o Inverno,
o verdadeiro frio,
e o sol mais apetecido.
Não tarda chega a primavera.
um intervalo de luz entre as nuvens,
aos poucos o corpo começa a receber o calor,
demora até se espalhar por todo o corpo,
mas desde logo é maravilhosa a sensação
do primeiro contacto solar com a pele nua.
A falta de resistência a receber nas mãos o peso
do azar, da loucura, das rotinas humanas,
É imensa. Por outro acordam cedo, ainda com a lua
a passear no céu, enquanto se prepara
para dar o lugar ao sol; e os pássaros cantam
nas árvores a festejar mais um dia na terra,
ou a amaldiçoar a rotina das suas vidas.
De um lado para o outro vivem o vosso dia,
Fazem pequenas paragens para descansar e alimentar
o corpo e o espírito; fazem pequenas paragens
para procurar pequenas motivações.
Um sorriso sentido, uma palavra, uma frase;
Uma imagem, um objecto, uma promessa;
Um milagre, uma desgraça, uma vida nascida,
uma vida morta, um acontecimento.
Voa o tempo difícil de agarrar
aproxima-se o Inverno,
o frio verdadeiro,
o sol mais apetecido.
Voam as folhas difíceis de agarrar,
aproxima-se o Inverno,
o verdadeiro frio,
e o sol mais apetecido.
Não tarda chega a primavera.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Refrão da morte
"La la la la la la la la lai...
La la la la la la la la lai..." (T.-Vicarious)
Algures da luz da escuridão
gritaram sinfonia da destruição.
Foi como se o mundo ficasse inquieto
mas aguardando em silêncio,
pois as dúvidas da acção, da verdadeira acção
são sempre muitas...
O que fazer? O que escolher?
Tudo o que vós sabeis é que não querereis morrer.
E mesmo morrer é um acto demasiado penoso.
Mesmo para quem viver nada significa.
O alto da montanha revolta o eco
que se fez sentir nas trevas,
e o tambores tocam alto como se fosse a primeira vez,
E é atento o ouvido de quem os escuta,
É sincera a lágrima que cresce no olho do mais sensível,
É terrível a dor e o desespero no corpo e no sangue daqueles
que ainda conseguem sentir.
Ainda respiras...Ainda transpiras medo,
E os teus olhos procuram uma luz real,
não interessa se humana, se divina,
interessa que esteja lá, mesmo que nunca lá tenha estado...
Seres superiores suspiram, deixam de bater as asas,
Outros sorriem, a verdade vem sempre ao de cima...
A mudança de clima é irrelevante,
Pode chover sangue, o vento só trazer poeira,
O sol é cinzento claro, e as nuvens cor de terra,
Mas a mudança exterior é irrelevante.
Deus observa de consciência cristalina.
Será o mal do mundo a sua criação?
Heresia, blasfémia, contra os vossos actos
a vossa essência,
O vosso coração.
A canção embala o ser humano,
alguns, como uma criança que ainda quer brincar mais,
tentam fugir ao seu destino.
Uns rendem-se mais depressa,
outros, mais devagar...
O sábio? Aprende depressa o refrão da morte,
pois sabe que este faz parte da sua vida.
La la la la la la la la lai..." (T.-Vicarious)
Algures da luz da escuridão
gritaram sinfonia da destruição.
Foi como se o mundo ficasse inquieto
mas aguardando em silêncio,
pois as dúvidas da acção, da verdadeira acção
são sempre muitas...
O que fazer? O que escolher?
Tudo o que vós sabeis é que não querereis morrer.
E mesmo morrer é um acto demasiado penoso.
Mesmo para quem viver nada significa.
O alto da montanha revolta o eco
que se fez sentir nas trevas,
e o tambores tocam alto como se fosse a primeira vez,
E é atento o ouvido de quem os escuta,
É sincera a lágrima que cresce no olho do mais sensível,
É terrível a dor e o desespero no corpo e no sangue daqueles
que ainda conseguem sentir.
Ainda respiras...Ainda transpiras medo,
E os teus olhos procuram uma luz real,
não interessa se humana, se divina,
interessa que esteja lá, mesmo que nunca lá tenha estado...
Seres superiores suspiram, deixam de bater as asas,
Outros sorriem, a verdade vem sempre ao de cima...
A mudança de clima é irrelevante,
Pode chover sangue, o vento só trazer poeira,
O sol é cinzento claro, e as nuvens cor de terra,
Mas a mudança exterior é irrelevante.
Deus observa de consciência cristalina.
Será o mal do mundo a sua criação?
Heresia, blasfémia, contra os vossos actos
a vossa essência,
O vosso coração.
A canção embala o ser humano,
alguns, como uma criança que ainda quer brincar mais,
tentam fugir ao seu destino.
Uns rendem-se mais depressa,
outros, mais devagar...
O sábio? Aprende depressa o refrão da morte,
pois sabe que este faz parte da sua vida.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Museu de Cera
Bem-vindo ao mundo das ilusões que estará à vossa espera,
nem tudo é o que parece como num museu de cera... (DLM)
Há pouco menos de uma década fiz o que mais ninguém fez
e desafiei Deus para um duelo de xadrez,
Moveram-se peças muito lentamente
e muito mais depressa cresceram os porquês.
E desde então tenho vindo a procurar
sem cessar tudo aquilo que posso encontrar,
A iluminação é como a vela sem companhia
que baila numa rua escura
onde a única luz que tenta fracamente destruir
as trevas é a luz da lua.
Neste mundo os sentidos estão todos ao contrário,
E o que é bênção transforma-se em maldição
e vice-versa num pequeno pedaço temporário.
Poeira.
Assenta a poeira, mas a brisa volta sempre
porque o vento é como o tempo
nunca pára verdadeiramente
apenas finge parar.
Tentativas de humana evolução
são geralmente miragens de ilusão
dissolvem-se como ondas na praia,
Podem parecer gigantes
imparáveis
até ao momento da rebentação.
Deus moveu a sua peça depressa de mais.
Agora é a minha vez.
Talvez nem tudo seja o que parece,
mesmo que pelas razões mais modestas.
nem tudo é o que parece como num museu de cera... (DLM)
Há pouco menos de uma década fiz o que mais ninguém fez
e desafiei Deus para um duelo de xadrez,
Moveram-se peças muito lentamente
e muito mais depressa cresceram os porquês.
E desde então tenho vindo a procurar
sem cessar tudo aquilo que posso encontrar,
A iluminação é como a vela sem companhia
que baila numa rua escura
onde a única luz que tenta fracamente destruir
as trevas é a luz da lua.
Neste mundo os sentidos estão todos ao contrário,
E o que é bênção transforma-se em maldição
e vice-versa num pequeno pedaço temporário.
Poeira.
Assenta a poeira, mas a brisa volta sempre
porque o vento é como o tempo
nunca pára verdadeiramente
apenas finge parar.
Tentativas de humana evolução
são geralmente miragens de ilusão
dissolvem-se como ondas na praia,
Podem parecer gigantes
imparáveis
até ao momento da rebentação.
Deus moveu a sua peça depressa de mais.
Agora é a minha vez.
Talvez nem tudo seja o que parece,
mesmo que pelas razões mais modestas.
sábado, 27 de novembro de 2010
illuminatus
Em tempos já fui católico. Na altura não foi um acto hipócrita. Aliás, sou relativamente contra aqueles que são batizados em bébés. Porquê? Por duas razões básicas: primeiro, estão a colocar um peso em alguém que nada sabe do mundo, e que ficará talvez para sempre "escravo" disso mesmo. Segundo ponto: (o que vejo mais vezes hoje em dia), renunciam à sua iniciação católica em jovens\adultos. Eu fui batizado com dezassete anos. Logo, foi um acto mais do que consciente, mas mesmo assim, fugi. Arrependo-me de me ter batizado? Não, porque na altura foi sentido. Sinto-me hipócrita agora por estar constantemente contra a Igreja? Nem por isso. Senti-me iluminado por estar de mãos dadas com a Igreja? Longe disso.
Mas isto sou eu. Porque se encontrar pessoas que descubriram na Igreja a verdadeira iluminação, algum tipo de sentido nas suas vida, não as julgarei. Cada um, dentro de si, encontra o caminho certo, seja ele qual for. No entanto devo dizer, que entre os actos grotescos, fúteis, hipócritas, de quem caminha e sorri dentro da Igreja, julgo que devem descobrir o Deus dos cristãos. Mas isso é apenas a minha opinião valor de grão de areia no deserto.
Onde comecei eu?
Sim, iluminação.
Disseram-me um dia destes que é preciso um "click". O problema dos "clicks" é que às vezes existem vários. E todos eles importantes. Portanto, como decidir o peso máximo de cada um? Como perceber aquele que de facto faz a diferença entre um caminho e não outro, entre entrar na luz ou nas trevas? A racionalidade dir-me-ia: pesa as consequências, os prós e os contras. O sentimento: saberás quando for o certo.
Mas também é indeferente. Hoje em dia o que interessa às pessoas é chegar a algum lado. Não importa como, nem porquê.
Ontem, em conversa com o meu amigo de longa data de um metro e noventa e três, descobri frases dignas de divertimento e reflexão. Passo a citar: "O povo só quer golos e vinho...", aucht!, mas de facto é o que parece. Achei graça. E é engraçado neste país rever o que é importante para o povo, os três F's, Fátima, Fado e Futebol.
Odeio fado. Gosto muito de música portuguesa, ou pelo menos abro umas excepções agradáveis...Rui Veloso, Madredeus, Silence 4, e toda a cultura hipopiana (mais do antigamente), principalmente a do Porto (que é a melhor) até Lisboa, abrindo ainda uma excepção para o Alentejo. Fátima...fui lá em criança. Chorei, a chamada "baba e ranho", pois levaram-me a um museu de cera. Desde criança tenho horror a tudo aquilo que parece demasiado real; mas mais horror do que isso só guardo a tudo aquilo que não era suposto mexer, mas que mexe. Era o caso. O meu avô Alfredo ria-se. Não compreendia o meu medo idiota. Estraguei a manhã à minha família. Por isso, ainda hoje, guardo algum pavor a placas que tenham escrito "Fátima, não sei quantos KMs". No entanto, gostava de lá voltar. Não pela fé, mas porque a sua grandeza, mesmo sendo esta uma comparação estúpida, é parecida à do Vaticano para Itália, mas versão portuguesa. Apenas e só por isso. E o futebol...esse tem os seus altos e baixos. Vai e vem, anima e deprime. Mas esse mesmo poder , de animar ou deprimir, prova a sua importância na minha vida.
Outra frase interessante: "Oitenta por cento das pessoas são doidas...", achei deveras exagerado, mas na altura cingi-me ao silêncio...Oito em cada dez pessoas ser "doido" (este não será o termo médico ou clinico) é muito. Das minhas observações valor de grão de areia no deserto, diria talvez quatro a cinco pessoas. Ele, como no passado, chegou à conclusão que na complicação e da complexidade estava a verdadeira felicidade. Por outro lado, tal como qualquer homem (com h pequeno), queixou-se da complicação e da complexidade, por ser complicade e complexa. Diria eu em tom irónico: homens? Não. Todos nós somos estranhos. Todos diferentes, todos iguais, todos diferentes naquilo que supostamente somos iguais. Alguns aspectos iguais, mas diferentes lá no senhor fundo.
Click.
Hoje de manhã dei comigo a praguejar à janela contra Deus. "Tu não dás sinais coisa nenhuma..." Serei consciente da realidade? Ou apenas arrongante? (Copo meio cheio ou meio vazio?Pormenores. E no entanto os "pornenores definem grandes planos".) Cheguei à conclusão que estava a ser arrogante. E como qualquer cristão, passei pelas brasas da minha essência, e resmunguei numa altura má, e também agradeço numa altura boa...o resto do tempo? Passividade, esquecimento. E não gosto de sentir isto. O ser humano cai sempre nesta rotina. E se por um lado achei patético outrora quem reza todos os dias à noite, agora respeito esse facto, e acho bonito. Quem diz isto, diz aquilo que outras pessoas mais cépticas fazem, como é o caso de lavarem a alma todos os dias antes de dormir.
Isto faz-me lembrar uma situação bem elaborada e inteligente por Eça de Queirós no livro Os Maias. Nesse excerto, o abade tenta convencer Afonso da Maia a instaurar uma educação religiosa no neto Carlos...Ao qual Afonso da Maia diz que Carlos vai aprender a ser justo, cavalheiro, honesto, lutador, (etc), através de uma educação séria, assim como os católicos, mas sem ser por temor a Deus, mas por ser um homem nobre. Excelente.
Estou K.O. (continua talvez.)
Mas isto sou eu. Porque se encontrar pessoas que descubriram na Igreja a verdadeira iluminação, algum tipo de sentido nas suas vida, não as julgarei. Cada um, dentro de si, encontra o caminho certo, seja ele qual for. No entanto devo dizer, que entre os actos grotescos, fúteis, hipócritas, de quem caminha e sorri dentro da Igreja, julgo que devem descobrir o Deus dos cristãos. Mas isso é apenas a minha opinião valor de grão de areia no deserto.
Onde comecei eu?
Sim, iluminação.
Disseram-me um dia destes que é preciso um "click". O problema dos "clicks" é que às vezes existem vários. E todos eles importantes. Portanto, como decidir o peso máximo de cada um? Como perceber aquele que de facto faz a diferença entre um caminho e não outro, entre entrar na luz ou nas trevas? A racionalidade dir-me-ia: pesa as consequências, os prós e os contras. O sentimento: saberás quando for o certo.
Mas também é indeferente. Hoje em dia o que interessa às pessoas é chegar a algum lado. Não importa como, nem porquê.
Ontem, em conversa com o meu amigo de longa data de um metro e noventa e três, descobri frases dignas de divertimento e reflexão. Passo a citar: "O povo só quer golos e vinho...", aucht!, mas de facto é o que parece. Achei graça. E é engraçado neste país rever o que é importante para o povo, os três F's, Fátima, Fado e Futebol.
Odeio fado. Gosto muito de música portuguesa, ou pelo menos abro umas excepções agradáveis...Rui Veloso, Madredeus, Silence 4, e toda a cultura hipopiana (mais do antigamente), principalmente a do Porto (que é a melhor) até Lisboa, abrindo ainda uma excepção para o Alentejo. Fátima...fui lá em criança. Chorei, a chamada "baba e ranho", pois levaram-me a um museu de cera. Desde criança tenho horror a tudo aquilo que parece demasiado real; mas mais horror do que isso só guardo a tudo aquilo que não era suposto mexer, mas que mexe. Era o caso. O meu avô Alfredo ria-se. Não compreendia o meu medo idiota. Estraguei a manhã à minha família. Por isso, ainda hoje, guardo algum pavor a placas que tenham escrito "Fátima, não sei quantos KMs". No entanto, gostava de lá voltar. Não pela fé, mas porque a sua grandeza, mesmo sendo esta uma comparação estúpida, é parecida à do Vaticano para Itália, mas versão portuguesa. Apenas e só por isso. E o futebol...esse tem os seus altos e baixos. Vai e vem, anima e deprime. Mas esse mesmo poder , de animar ou deprimir, prova a sua importância na minha vida.
Outra frase interessante: "Oitenta por cento das pessoas são doidas...", achei deveras exagerado, mas na altura cingi-me ao silêncio...Oito em cada dez pessoas ser "doido" (este não será o termo médico ou clinico) é muito. Das minhas observações valor de grão de areia no deserto, diria talvez quatro a cinco pessoas. Ele, como no passado, chegou à conclusão que na complicação e da complexidade estava a verdadeira felicidade. Por outro lado, tal como qualquer homem (com h pequeno), queixou-se da complicação e da complexidade, por ser complicade e complexa. Diria eu em tom irónico: homens? Não. Todos nós somos estranhos. Todos diferentes, todos iguais, todos diferentes naquilo que supostamente somos iguais. Alguns aspectos iguais, mas diferentes lá no senhor fundo.
Click.
Hoje de manhã dei comigo a praguejar à janela contra Deus. "Tu não dás sinais coisa nenhuma..." Serei consciente da realidade? Ou apenas arrongante? (Copo meio cheio ou meio vazio?Pormenores. E no entanto os "pornenores definem grandes planos".) Cheguei à conclusão que estava a ser arrogante. E como qualquer cristão, passei pelas brasas da minha essência, e resmunguei numa altura má, e também agradeço numa altura boa...o resto do tempo? Passividade, esquecimento. E não gosto de sentir isto. O ser humano cai sempre nesta rotina. E se por um lado achei patético outrora quem reza todos os dias à noite, agora respeito esse facto, e acho bonito. Quem diz isto, diz aquilo que outras pessoas mais cépticas fazem, como é o caso de lavarem a alma todos os dias antes de dormir.
Isto faz-me lembrar uma situação bem elaborada e inteligente por Eça de Queirós no livro Os Maias. Nesse excerto, o abade tenta convencer Afonso da Maia a instaurar uma educação religiosa no neto Carlos...Ao qual Afonso da Maia diz que Carlos vai aprender a ser justo, cavalheiro, honesto, lutador, (etc), através de uma educação séria, assim como os católicos, mas sem ser por temor a Deus, mas por ser um homem nobre. Excelente.
Estou K.O. (continua talvez.)
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Mensagem enigmática
Nem pareço eu...a menos que...
Talvez não me chame Diogo Garcia T.Henriques, talvez não viva em Lisboa,
Talvez não goste de escrever,
talvez não seja um monstro...
Talvez só queira ouvir mais uma música.
Talvez não esteja num sítio não assim tão longínquo daqui, onde vive a minha alma, mesmo estando aqui o meu corpo.
Talvez só queira ouvir uma música um pouco mais bonita.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Ter-se-á Freud enganado?
(é favor carregar na imagem para conseguir ler, obrigado.)
Sempre gostei desta tira. Porque sonhamos nós? É a pergunta de muitos seres humanos. E de pelo menos um monstro. Não sei ao certo se os sonhos servem para algo em específico...Sei que nos parecem dar sinais e\ou mensagens por vezes, assim como matar saudades; etc. E o próprio Freud tentou esmiussar os sonhos. Chegou a algumas conclusões é um facto.
No entanto, esta fórmula mágica do Hobbes enche-me completamente. Porque sonhamos?
Para não estarmos tanto tempo separados (durante o sono) de quem mais gostamos. Assim podemos estar juntos nos sonhos, até à hora do nascer de mais um dia. Adormecer sorrindo, talvez dormir sorrindo...e acordar a sorrir. Não é fantástico? É com certeza. Até já.
Sempre gostei desta tira. Porque sonhamos nós? É a pergunta de muitos seres humanos. E de pelo menos um monstro. Não sei ao certo se os sonhos servem para algo em específico...Sei que nos parecem dar sinais e\ou mensagens por vezes, assim como matar saudades; etc. E o próprio Freud tentou esmiussar os sonhos. Chegou a algumas conclusões é um facto.
No entanto, esta fórmula mágica do Hobbes enche-me completamente. Porque sonhamos?
Para não estarmos tanto tempo separados (durante o sono) de quem mais gostamos. Assim podemos estar juntos nos sonhos, até à hora do nascer de mais um dia. Adormecer sorrindo, talvez dormir sorrindo...e acordar a sorrir. Não é fantástico? É com certeza. Até já.
domingo, 21 de novembro de 2010
Um pequeno favor?
Fiz mais uma pausa para reflexão, o Sr. Calvin e o Sr. Hobbes têm sempre este feito em mim.
Disse o próprio criador deles: Pagamos sempre pelo que queremos, nunca pelo que precisamos. E é uma grande verdade. Eu mesmo conheço muita gente que poderia pagar uma quantia pequena para receber um pontapé no traseiro. E eu mesmo às vezes também preciso de um.
Mas estamos dispostos a admitir que precisamos dele?
Não. Ou muito raramente.
Por isso façam-me este favor, se acham que eu mereço, pontapeim-me! Eu agradeço...
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Criaturas, após a metamorfose
"Yes I am ugly as much as I can be..." (Silence 4)
Na minha melhor noite fui o meu pior pesadelo,
E continuo sem conseguir vê-lo, ao caminho
que deveria estar a caminhar.
Talvez não sejam assim tantas as perguntas
talvez não sejam assim tão poucas as respostas
mas o mundo mantêm-se no seu ciclo...
E eu? Como todas as criaturas
continuo vivo dentro desse perfeito círculo.
De um lado: a teoria
do outro a prática,
A passividade
a pragmática,
As letras, a matemática...Estou morto à tantos dias
que dificilmente volto a morrer.
Nunca pensei estar morto tanto tempo
enquanto chuvisco neste frio fraco.
Dizem que a verdade cura
mas a alma da criatura
tropeça nela, e choca nela
como se tratasse de uma rocha dura.
Será a verdade dolorosa que nos faz atingir o caminho certo?
A pessoa que se ama?
Ou pelo contrário...é a verdade dolorosa que nos afasta
daquilo que mais queremos por nos causar medo!?
São todas estas criaturas
de diferentes sentimentos
de diferentes alturas
que nascem, e vivem e morrem em nós.
São dias de sol
que se transformam em dias cinzentos,
e o calor da alma
que na cama invade uns pés frios.
São momentos completos
que o passar do tempo
de alegria ou saudade
nos causam arrepios...
Perder tudo
e deixar ir.
Para voltar a sonhar e lutar por tudo novamente.
Nunca será glorioso vencer batalhas
se no fim a guerra está perdida,
e não foi uma guerra.
Uma metamorfose começada
se não é acabada
é como se fosse nada.
O guerreiro que larga a espada
(sem que seja para descansar)
tornar-se-á em alma despedaçada.
Não quero ir a mais lado nenhum,
a menos que seja estar contigo.
A minha metamorfose está longe de estar completa.
E a tua como está?
Na minha melhor noite fui o meu pior pesadelo,
E continuo sem conseguir vê-lo, ao caminho
que deveria estar a caminhar.
Talvez não sejam assim tantas as perguntas
talvez não sejam assim tão poucas as respostas
mas o mundo mantêm-se no seu ciclo...
E eu? Como todas as criaturas
continuo vivo dentro desse perfeito círculo.
De um lado: a teoria
do outro a prática,
A passividade
a pragmática,
As letras, a matemática...Estou morto à tantos dias
que dificilmente volto a morrer.
Nunca pensei estar morto tanto tempo
enquanto chuvisco neste frio fraco.
Dizem que a verdade cura
mas a alma da criatura
tropeça nela, e choca nela
como se tratasse de uma rocha dura.
Será a verdade dolorosa que nos faz atingir o caminho certo?
A pessoa que se ama?
Ou pelo contrário...é a verdade dolorosa que nos afasta
daquilo que mais queremos por nos causar medo!?
São todas estas criaturas
de diferentes sentimentos
de diferentes alturas
que nascem, e vivem e morrem em nós.
São dias de sol
que se transformam em dias cinzentos,
e o calor da alma
que na cama invade uns pés frios.
São momentos completos
que o passar do tempo
de alegria ou saudade
nos causam arrepios...
Perder tudo
e deixar ir.
Para voltar a sonhar e lutar por tudo novamente.
Nunca será glorioso vencer batalhas
se no fim a guerra está perdida,
e não foi uma guerra.
Uma metamorfose começada
se não é acabada
é como se fosse nada.
O guerreiro que larga a espada
(sem que seja para descansar)
tornar-se-á em alma despedaçada.
Não quero ir a mais lado nenhum,
a menos que seja estar contigo.
A minha metamorfose está longe de estar completa.
E a tua como está?
Unleash the hell
Tenho o poder normal de um ser humano:
catastrófico.
Consigo amar e roubar a dor,
Consigo odiar e sentir vingança.
Consigo fazer-te feliz como mais ninguém
e querer, e desejar ficar contigo para sempre
dando sempre o melhor em tudo.
Consigo atraiçoar, soltar um inferno que estava preso
deixando este mundo indefeso, pronto para sofrer
até que morra.
Tenho o poder normal de um ser humano...
Talvez outro anjo perdido no inferno.
catastrófico.
Consigo amar e roubar a dor,
Consigo odiar e sentir vingança.
Consigo fazer-te feliz como mais ninguém
e querer, e desejar ficar contigo para sempre
dando sempre o melhor em tudo.
Consigo atraiçoar, soltar um inferno que estava preso
deixando este mundo indefeso, pronto para sofrer
até que morra.
Tenho o poder normal de um ser humano...
Talvez outro anjo perdido no inferno.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Um grande problema?
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Unleash the silence
Os tambores de guerra deram tréguas por momentos,
e tudo o resto é vazio.
Não que esteja tudo completamente vazio,
são apenas os seus interiores que se encontram vazios,
tudo sem preenchimento.
E é então
que tudo fica nessa paz morta
nessa guerra que ficou por travar,
tudo devido ao silêncio.
Para quem conseguir esperar
os tambores de guerra
com sorte voltarão.
e tudo o resto é vazio.
Não que esteja tudo completamente vazio,
são apenas os seus interiores que se encontram vazios,
tudo sem preenchimento.
E é então
que tudo fica nessa paz morta
nessa guerra que ficou por travar,
tudo devido ao silêncio.
Para quem conseguir esperar
os tambores de guerra
com sorte voltarão.
Unleash the anger
Deveria toda a raiva ser acção?
Existir um círculo de chamas
envolto, pronto a arder para sempre?
Deveria toda a raiva ser razão de destruição?
Algum vêem nela um caminho para a perfeição.
Para mim toda a raiva é bênção
se me entregar à inspiração.
Mas não...Soltem-na apenas,
contra todos,
deixando-a livre para atacar tudo e todos,
Livre para ser ela mesma.
Raiva presa apenas leva à frustração.
Partilhem o seu peso
e aceitem a ajuda sincera.
Existir um círculo de chamas
envolto, pronto a arder para sempre?
Deveria toda a raiva ser razão de destruição?
Algum vêem nela um caminho para a perfeição.
Para mim toda a raiva é bênção
se me entregar à inspiração.
Mas não...Soltem-na apenas,
contra todos,
deixando-a livre para atacar tudo e todos,
Livre para ser ela mesma.
Raiva presa apenas leva à frustração.
Partilhem o seu peso
e aceitem a ajuda sincera.
Unleash the pain
Estou silencioso.
Não é um silêncio misterioso,
é um silêncio covarde,
é um silêncio quase doloroso...
(Mas tenho tentado viver
através da frase que a dor é apenas uma ilusão)
Queria que a dor fosse destruída
depressa, para depressa darmos valor
à sua ausência.
É este o estado de alma
é esta a consciência, ou a falta dela,
Descobrir a cura
é mais difícil do que a reconstituição de um crime,
Onde o sangue atinge vários pontos do chão
vários pontos das paredes
criando uma imagem sublime...uma dor passada
mas não esquecida.
Cravo as unhas num sítio qualquer
na esperança da dor se desvanecer.
E rezo para ser nuvem
e conseguir dividir toda a dor
pela terra em forma de chuva,
toda ela espalhada sem um ponto a focar.
Tudo à deriva, tudo entregue ao seu ciclo
até a mim voltar (de outra forma).
É preciso cair, para depois levantar,
é preciso perder tudo para podermos ter tudo outra vez.
É preciso doer.
Não é um silêncio misterioso,
é um silêncio covarde,
é um silêncio quase doloroso...
(Mas tenho tentado viver
através da frase que a dor é apenas uma ilusão)
Queria que a dor fosse destruída
depressa, para depressa darmos valor
à sua ausência.
É este o estado de alma
é esta a consciência, ou a falta dela,
Descobrir a cura
é mais difícil do que a reconstituição de um crime,
Onde o sangue atinge vários pontos do chão
vários pontos das paredes
criando uma imagem sublime...uma dor passada
mas não esquecida.
Cravo as unhas num sítio qualquer
na esperança da dor se desvanecer.
E rezo para ser nuvem
e conseguir dividir toda a dor
pela terra em forma de chuva,
toda ela espalhada sem um ponto a focar.
Tudo à deriva, tudo entregue ao seu ciclo
até a mim voltar (de outra forma).
É preciso cair, para depois levantar,
é preciso perder tudo para podermos ter tudo outra vez.
É preciso doer.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Unleash the heaven
Poderia reabrir a porta...
Mas não sei o quanto tentarão,
O quanto lutarão, por mais um dia.
Esta janela esteve sempre aberta
fosse a sua paisagem sol ou nuvens.
As coisas estão iguais. O mundo parece
que quase dorme em paz,
esperando a hora certa de acordar.
Mas no fim?
Um silêncio infernal abate-se sobre esta terra.
Deixando os anjos e os demónios
numa luta constante
onde o ser humano nada faz
obstante esperar...E tanto espera pelo quê?
Por tudo aquilo que não mais interessa.
Junto forças para deixar de caminhar sozinho,
Mas no fim, por muito esforço aplicado
fico a respirar este ar sem mais ninguém.
O céu sempre me deu incentivo.
Tentei sempre espalhar o bem, nas formas
naturais da minha alma, nas minhas acções,
E o bem chegaria...
A passividade e a hipocrisia vão envenenando
os passos da maioria das almas,
A umas chega mais depressa
a outras com mais calma...Porque tanto esperam?
E a falta de fome
que a todos nos consome
sem tréguas, sem chama acesa que se eleve!
Estou apenas curioso...
Onde está guardada a chave desta porta?
E se soubéssemos que por detrás desta porta
está um céu à nossa espera?
Haveria então coragem e vontade para a abrir?
Ou continuaríamos nalgum género de trevas?
A minha aura está meio morta
meio viva; no repouso da árvore da vida.
Receamos o livre arbítrio
como tememos o infinito.
O momento é o agora
o lugar é o céu
que se rende mesmo aqui,
é a hora de abrir a caixa de Pandora,
é a hora de não me ir embora,
é hora de voltar a descer o véu...
Tenho de ser o que já fui, e viver o que vivi.
Pela esperança de voltar a abrir esta porta.
Mas não sei o quanto tentarão,
O quanto lutarão, por mais um dia.
Esta janela esteve sempre aberta
fosse a sua paisagem sol ou nuvens.
As coisas estão iguais. O mundo parece
que quase dorme em paz,
esperando a hora certa de acordar.
Mas no fim?
Um silêncio infernal abate-se sobre esta terra.
Deixando os anjos e os demónios
numa luta constante
onde o ser humano nada faz
obstante esperar...E tanto espera pelo quê?
Por tudo aquilo que não mais interessa.
Junto forças para deixar de caminhar sozinho,
Mas no fim, por muito esforço aplicado
fico a respirar este ar sem mais ninguém.
O céu sempre me deu incentivo.
Tentei sempre espalhar o bem, nas formas
naturais da minha alma, nas minhas acções,
E o bem chegaria...
A passividade e a hipocrisia vão envenenando
os passos da maioria das almas,
A umas chega mais depressa
a outras com mais calma...Porque tanto esperam?
E a falta de fome
que a todos nos consome
sem tréguas, sem chama acesa que se eleve!
Estou apenas curioso...
Onde está guardada a chave desta porta?
E se soubéssemos que por detrás desta porta
está um céu à nossa espera?
Haveria então coragem e vontade para a abrir?
Ou continuaríamos nalgum género de trevas?
A minha aura está meio morta
meio viva; no repouso da árvore da vida.
Receamos o livre arbítrio
como tememos o infinito.
O momento é o agora
o lugar é o céu
que se rende mesmo aqui,
é a hora de abrir a caixa de Pandora,
é a hora de não me ir embora,
é hora de voltar a descer o véu...
Tenho de ser o que já fui, e viver o que vivi.
Pela esperança de voltar a abrir esta porta.
domingo, 14 de novembro de 2010
O retrocesso do universo
A violenta paz que me ignora todos os dias,
São falsas nostalgias, fracas sabedorias,
É a beleza em actos de violência
é toda a total demência
São todas as agonias.
É o negar da existência
é a morte da essência.
É um apogeu sem euforia...
São seres humanos com uma vontade vã,
Se me esquecer de fazer hoje
o importante é não me esquecer de fazer amanhã.
Deveriam ser grandiosos os cantos
aliviados pelas bocas dos anjos
para apaziguar todos os nossos prantos.
Era um sonho. Não deixes o mal entrar no meu coração,
Vai-te à luta, força forte de furacão,
Quem luta parece que não vive em vão.
É o retrocesso do universo
numa escrita resumida em verso,
Toda a não-história tem um preço
e tudo o que ainda tento pedir
e que ainda peço
é : tenta conseguir.
São falsas nostalgias, fracas sabedorias,
É a beleza em actos de violência
é toda a total demência
São todas as agonias.
É o negar da existência
é a morte da essência.
É um apogeu sem euforia...
São seres humanos com uma vontade vã,
Se me esquecer de fazer hoje
o importante é não me esquecer de fazer amanhã.
Deveriam ser grandiosos os cantos
aliviados pelas bocas dos anjos
para apaziguar todos os nossos prantos.
Era um sonho. Não deixes o mal entrar no meu coração,
Vai-te à luta, força forte de furacão,
Quem luta parece que não vive em vão.
É o retrocesso do universo
numa escrita resumida em verso,
Toda a não-história tem um preço
e tudo o que ainda tento pedir
e que ainda peço
é : tenta conseguir.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Demasiado novo, demasiado tarde
Something always brings me back to you...
Sete,
contados em várias velocidades,
em vários locais,
onde o abismo e a união se encontraram
mais do que o uma vez;
É um dado adquirido respeitar o tempo a passar...
Espero não ter chegado demasiado tarde.
Rostos vagos, amigos, irmãos de sangue,
a outra peça que se encaixa em nós
fazendo com que tudo faça sentido...
Espero não ter chegado demasiado tarde.
Corri, tentei, mas não tentei nem corri o suficiente.
E tento agora, novamente, correr e tentar.
Nunca deveria ter parado. Agora sinto esse peso,
mas talvez tudo aconteça por uma razão.
Ou talvez não. Interessa-me? Já não.
Quero o que quero, e só por isso devo lutar.
Existem coisas que separadas nem sequer fazem sentido,
e mesmo que possam fazer, não é a mesma coisa,
nunca estaremos a falar do mesmo.
Cabe-me agora, não ir demasiado tarde.
É ténue a linha que separa os opostos...
Todos os opostos. Mas é essa mesma linha que tento
agora, espero que não demasiado tarde, absorver,
destruir, ...
É altura de me iluminar a mim
e de conseguir aquilo que mais desejo,
a razão de viver feliz.
A razão de valer muito mais a pena viver.
E é hora de não ser demasiado tarde,
ou tudo
talvez ainda mais para sempre
tenha perdido
o sentido.
As esperas já foram mais longas,
é hora de fazer com que as peças
se voltem a encaixar.
Something always brings me back to you...
Sete,
contados em várias velocidades,
em vários locais,
onde o abismo e a união se encontraram
mais do que o uma vez;
É um dado adquirido respeitar o tempo a passar...
Espero não ter chegado demasiado tarde.
Rostos vagos, amigos, irmãos de sangue,
a outra peça que se encaixa em nós
fazendo com que tudo faça sentido...
Espero não ter chegado demasiado tarde.
Corri, tentei, mas não tentei nem corri o suficiente.
E tento agora, novamente, correr e tentar.
Nunca deveria ter parado. Agora sinto esse peso,
mas talvez tudo aconteça por uma razão.
Ou talvez não. Interessa-me? Já não.
Quero o que quero, e só por isso devo lutar.
Existem coisas que separadas nem sequer fazem sentido,
e mesmo que possam fazer, não é a mesma coisa,
nunca estaremos a falar do mesmo.
Cabe-me agora, não ir demasiado tarde.
É ténue a linha que separa os opostos...
Todos os opostos. Mas é essa mesma linha que tento
agora, espero que não demasiado tarde, absorver,
destruir, ...
É altura de me iluminar a mim
e de conseguir aquilo que mais desejo,
a razão de viver feliz.
A razão de valer muito mais a pena viver.
E é hora de não ser demasiado tarde,
ou tudo
talvez ainda mais para sempre
tenha perdido
o sentido.
As esperas já foram mais longas,
é hora de fazer com que as peças
se voltem a encaixar.
Something always brings me back to you...
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Carta para "Jimmy"
Querido amigo,
Está na hora de voltar para casa. Quero, tal como tu, voltar a encontrar a face da estabilidade, mas não a quero voltar a perder de vista. Quero voltar para casa. Quero uma nova oportunidade de descobrir como fazer a diferença, quero voltar a sentir-me eu, o eu que me preenchia, o eu que eu gostava de ser. Escrevo-te esta carta por várias razões...Em primeiro lugar posso precisar da tua ajuda para voltar para casa. O caminho é difícil mas não é impossível, e talvez precise de alguém que me guie, pelo menos inicialmente. Estou cansado, um pouco impaciente, pedia-te então, que me guiasses o mais gentilmente possível. Pedia-te também, que fosses tornando a minha casa o mais acolhedora possível, para a minha chegada, que limpasses todos os detalhes, que a tornes como outrora espelho de alegria, conforto, e salubre. Todos os dias, desde há já algum tempo, sonho com este dia, o dia de regressar a casa. Pensar no sentimento que já senti, na sensação de estar completo, capaz de vencer todos os obstáculos, faz-me sorrir enquanto caminho para casa. Mas como sempre, a meta não é o desafio, o desafio está no caminhar, está no caminho. E está, como na maioria as pessoas não entendem, na: vontade de o caminhar.
Por isso meu caro amigo, vem em meu auxílio. Não sou de pedir favores a ninguém, apesar de estar sempre disponível para ajudar os outros. E está na hora de voltar para casa. Já tentei iluminar, salvar abismos de receberem mais um corpo, já amei e tentei amar, mas também já destruí. Dizemos sempre a quem está à nossa volta que somos diferentes dos outros...mas é mentira. Somos iguais aos outros, mas de forma diferente. Compreendes? Todos somos substituíveis, porque as almas são quase infinitas, e o ser humano, para o mal como para o bem, enquanto conseguir surpreender, tem uma chance de fazer a diferença. Mas descobri que não. Existe uma excepção, ou mais do que uma. Sabia que substituir alguém de família, alguém muito próximo e amado é impossível. Mas nunca acreditei sentir isto com alguém sem ser de sangue. Portanto meu amigo, aconteceu algo que raramente acontece: tive de engolir as minhas próprias palavras e arranjar uma solução para este problema. Por isso te escrevo esta carta.
Estou quase farto destas sombras, agradecia que caminhasses na minha direcção com essa luz bem alta, para que eu pudesse ver, e guiar-me para casa.
Obrigado, e até,
Diogo GTH
8 de Novembro de 2010
Está na hora de voltar para casa. Quero, tal como tu, voltar a encontrar a face da estabilidade, mas não a quero voltar a perder de vista. Quero voltar para casa. Quero uma nova oportunidade de descobrir como fazer a diferença, quero voltar a sentir-me eu, o eu que me preenchia, o eu que eu gostava de ser. Escrevo-te esta carta por várias razões...Em primeiro lugar posso precisar da tua ajuda para voltar para casa. O caminho é difícil mas não é impossível, e talvez precise de alguém que me guie, pelo menos inicialmente. Estou cansado, um pouco impaciente, pedia-te então, que me guiasses o mais gentilmente possível. Pedia-te também, que fosses tornando a minha casa o mais acolhedora possível, para a minha chegada, que limpasses todos os detalhes, que a tornes como outrora espelho de alegria, conforto, e salubre. Todos os dias, desde há já algum tempo, sonho com este dia, o dia de regressar a casa. Pensar no sentimento que já senti, na sensação de estar completo, capaz de vencer todos os obstáculos, faz-me sorrir enquanto caminho para casa. Mas como sempre, a meta não é o desafio, o desafio está no caminhar, está no caminho. E está, como na maioria as pessoas não entendem, na: vontade de o caminhar.
Por isso meu caro amigo, vem em meu auxílio. Não sou de pedir favores a ninguém, apesar de estar sempre disponível para ajudar os outros. E está na hora de voltar para casa. Já tentei iluminar, salvar abismos de receberem mais um corpo, já amei e tentei amar, mas também já destruí. Dizemos sempre a quem está à nossa volta que somos diferentes dos outros...mas é mentira. Somos iguais aos outros, mas de forma diferente. Compreendes? Todos somos substituíveis, porque as almas são quase infinitas, e o ser humano, para o mal como para o bem, enquanto conseguir surpreender, tem uma chance de fazer a diferença. Mas descobri que não. Existe uma excepção, ou mais do que uma. Sabia que substituir alguém de família, alguém muito próximo e amado é impossível. Mas nunca acreditei sentir isto com alguém sem ser de sangue. Portanto meu amigo, aconteceu algo que raramente acontece: tive de engolir as minhas próprias palavras e arranjar uma solução para este problema. Por isso te escrevo esta carta.
Estou quase farto destas sombras, agradecia que caminhasses na minha direcção com essa luz bem alta, para que eu pudesse ver, e guiar-me para casa.
Obrigado, e até,
Diogo GTH
8 de Novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Devastação - Desejo de iluminação
Como a chama da vela que vai queimando e tremendo
nessa casa silenciosa, quase abandonada,
distorcendo toda a sua realidade envolvente;
a mesma chama que escasseia
e que faz tudo menos arder,
e que por muito forte que seja não a deixam queimar.
Adoro a forma como mentes.
Não me mentes só, mentes a quem te estende
a mão, a quem te recebe no peito,
Quando olhamos para trás tudo não passa
de um momento perfeito que sofreu
o efeito da humanidade.
Como me dói ser um ser humano
em constante mutação, sem conseguir sentir
o carinho que me permite estancar
esta distracção contínua.
E mentes-te. Não diria todos os dias...
Acabas por sofrer por erros que outros cometeram em ti
por erros que cometeste, erros pequenos outros maiores
que te deixaram assim: a sufocar.
Um dia não aguentas mais,
tens de respirar, receber o ar que faltou por tempo
a mais,
e nesse dia oxalá estejas na presença de ar,
pois vais devorar o que te envolve,
ou devorar substâncias tóxicas
ou devorar água.
Talvez, depois de tanta vida,
a verdade seja apenas dolorosa,
sem grandes justificações racionais,
gostamos de sofrer, a dor fica-nos tão bem,
é como se fosse a nossa pele...
Em tempos é como se fosse uma corpo estranho
agora já faz parte de nós.
Gosto da forma como dói. A forma sublime como corrói.
Quem me dera conseguir mentir-te.
Nada mais interessa. É engano. Tudo interessa.
Está na hora de te levantares, de dar tudo o que tens a dar
encontrar forças onde pensavas que elas não existiam.
O que ainda guardo de ser humano
é esse fogo do amor que queima a mente
que queima os músculos
que nos faz andar, correr, voar
atrás daquilo que mais queremos.
Pode não existir próxima vez...
Mas existe o agora
e o agora vale muito mais que teorias
mentiras, promessas, arremessos.
O agora tem um valor incalculável,
e é no agora que tudo acontece.
Agarra-me.
E não te mintas.
Está tudo tão próximo
não interessa o quão longínquo.
Não minto, nunca menti,
prefiro ferir com a verdade
do que iludir com a mentira,
mas isto não basta, eu sei disso.
A verdade às vezes parece que fere, mas lá no fundo
dessa carne humana, onde bate o coração,
choramos, choramos o tempo suficiente para nos apercebemos
que cometemos um erro grave, que alterámos o rumo da nossa vida,
e tudo fica mais escuro...
E é para isso que trago esta vela, que treme, que geme silêncio,
mas enquanto a segurar na mão tudo tem futuro
nada está morto, para sempre.
Alguma vez já amaste alguém
que te faz temer perde-la? Mesmo quando
está abraçada a ti, num momento único?
Já lutaste por alguém que valesse a pena?
Dizem-me que falar é simples...agir é complicado.
Para mim
ambas são simples
como são complicadas.
É
tudo
uma
questão
de vontade...
Pois tudo o que às vezes parece inalcançável
e longínquo
é o realmente, dentro de nós
na possibilidade da verdade
é aquilo que sempre
esteve mais próximo.
Chega de criar barreiras que não existem
só para nos dar a ilusão que tudo
é real e sentido e impossível.
Algumas coisas mudam, muito ou pouco, mas mudam.
Outras? Nunca mudarão.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
O mundo onde nasci (as vossas palavras)
As vossas palavras não as mesmas que as minhas.
É com gravidade que compreendo agora
que as peças não encaixarão...
Não encontro soluções, nem no silêncio,
esse amável silêncio que já amei,
nem no barulho, amável barulho que já amei.
Poderá existir um meio termo?
Não existe nada. Este mundo não tem nada para oferecer.
Tudo não passa de palavras ocas que oscilam ao vento,
tudo não passa de gestos inexistentes, com ou sem vontade
de os colocar em movimento...
Tudo já foi luz, tudo agora é silêncio.
Nada. Tudo resume-se a nada. Nada é a palavra.
Nada é a não acção. Nada é o estado de alma,
nada é o nada que a todos preenche.
Vazio.
Um enorme vazio.
Um enorme vazio preenchido de nada.
Filantropia...de resto é tudo aquilo que ainda posso
dar a este mundo.
Tudo o que ainda posso fazer que não dê em nada,
que não se torne nada, que não morra como nada...
É tudo o que vos posso dar.
Já não posso dar brilho de estrelas,
já não posso dar a chuva que alimenta o solo,
nem tão pouco o sol que vos aquece.
Do meu prisma espiral já não sou mais Mãe Natureza;
já não sou forte certeza,
já não sou ninguém...
Valem as minhas acções de louco,
as minhas pequenas acções de louco
contra as vossas palavras
contra as vossas acções
(ou a ausência delas...).
As vossas palavras não me significam nada,
não me interessa o ornamento
o suposto poder,
não me interessa nada.
Este mundo onde eu nasci
é perigoso, e são muitas as entrelinhas,
são muitas as areias movediças,
são muitas as palavras sem sentido,
sem objectivo.
Filantropia...a única semente
que tento cultivar nesta selva de betão,
nestas mentalidades de betão armado.
Quando penso que encontrei
aquilo que sei fazer melhor que a maioria
com a alegria de quem faz o seu melhor
acordo!,
E as trevas da realidade
das razões mais verdadeiras
às mais criadas
abraçam-me.
Talvez seja um cobarde. Mas não sou um cobarde sozinho.
E as vossas palavras
(que serão depois dissecadas com todo o rigor)
fazem crescer este monstro.
Dois pontos finais,
parágrafo.
É com gravidade que compreendo agora
que as peças não encaixarão...
Não encontro soluções, nem no silêncio,
esse amável silêncio que já amei,
nem no barulho, amável barulho que já amei.
Poderá existir um meio termo?
Não existe nada. Este mundo não tem nada para oferecer.
Tudo não passa de palavras ocas que oscilam ao vento,
tudo não passa de gestos inexistentes, com ou sem vontade
de os colocar em movimento...
Tudo já foi luz, tudo agora é silêncio.
Nada. Tudo resume-se a nada. Nada é a palavra.
Nada é a não acção. Nada é o estado de alma,
nada é o nada que a todos preenche.
Vazio.
Um enorme vazio.
Um enorme vazio preenchido de nada.
Filantropia...de resto é tudo aquilo que ainda posso
dar a este mundo.
Tudo o que ainda posso fazer que não dê em nada,
que não se torne nada, que não morra como nada...
É tudo o que vos posso dar.
Já não posso dar brilho de estrelas,
já não posso dar a chuva que alimenta o solo,
nem tão pouco o sol que vos aquece.
Do meu prisma espiral já não sou mais Mãe Natureza;
já não sou forte certeza,
já não sou ninguém...
Valem as minhas acções de louco,
as minhas pequenas acções de louco
contra as vossas palavras
contra as vossas acções
(ou a ausência delas...).
As vossas palavras não me significam nada,
não me interessa o ornamento
o suposto poder,
não me interessa nada.
Este mundo onde eu nasci
é perigoso, e são muitas as entrelinhas,
são muitas as areias movediças,
são muitas as palavras sem sentido,
sem objectivo.
Filantropia...a única semente
que tento cultivar nesta selva de betão,
nestas mentalidades de betão armado.
Quando penso que encontrei
aquilo que sei fazer melhor que a maioria
com a alegria de quem faz o seu melhor
acordo!,
E as trevas da realidade
das razões mais verdadeiras
às mais criadas
abraçam-me.
Talvez seja um cobarde. Mas não sou um cobarde sozinho.
E as vossas palavras
(que serão depois dissecadas com todo o rigor)
fazem crescer este monstro.
Dois pontos finais,
parágrafo.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
O mundo onde nasci (não por agora)
Preparava-me para escrever sobre...o habitual.
E talvez, por obra divina
algo me reteve em recontar essa escrita oca.
Verdade seja escrita:
ainda bem para quem me lê;
ainda mal para as criaturas que vivem aqui...
Neste momento preciso de dormir e repousar...Afastar-me disto,
desta realidade concretamente triste,
abstractamente corrigível...
Tudo começou com a frase:
de seis em seis segundos morre uma criança vítima de fome.
E depois, mais tarde, talvez para reconciliação do meu sentimento
frustrante, semelhante a tristezas alheias e interiores
li:
Já é demasiado tarde para sermos pessimistas.
(espero amanhã estar apto para explodir escrevendo. Resto de uma boa noite)
E talvez, por obra divina
algo me reteve em recontar essa escrita oca.
Verdade seja escrita:
ainda bem para quem me lê;
ainda mal para as criaturas que vivem aqui...
Neste momento preciso de dormir e repousar...Afastar-me disto,
desta realidade concretamente triste,
abstractamente corrigível...
Tudo começou com a frase:
de seis em seis segundos morre uma criança vítima de fome.
E depois, mais tarde, talvez para reconciliação do meu sentimento
frustrante, semelhante a tristezas alheias e interiores
li:
Já é demasiado tarde para sermos pessimistas.
(espero amanhã estar apto para explodir escrevendo. Resto de uma boa noite)
domingo, 24 de outubro de 2010
Cold and ugly
DESVALORIZAÇÃO
DESTRUIÇÃO E AUTO-DESTRUIÇÃO
AUSÊNCIA DE REALIZAÇÃO, AUSÊNCIA DE RESOLUÇÃO
ALIENAÇÃO DE FACTOS, EXCLUSÃO DE FACTOS
A experiência nasceu morta. E a minha vida secou.
Receio que as palavras da língua portuguesa
não passem de uma centrifugação que nunca chegará
a ser ciclone, tornado, na minha espiral.
Estou pronto para cantar o refrão da morte. Quem quer cantar comigo?
Quem quer descobrir comigo?
(Esse dito renascimento, ou Renascimento)
Se já não sentisse nada
preferia estar morto.
Não foste tremor de terra;
Talvez a força do impacto seja similar ao asteróide que assolou este planeta.
Paz; mudança, evolução.
Encontrei...
Se já não sentisse nada, preferia estar morto!
(You told us how you weren't afraid to die...Talvez eu tenha mentido...
Neste mundo nada é garantido, nada é definitivo...
E viver-se na ilusão é viver-se perdido.)
Olho para trás,
é como se desde que nasci
apenas tenha feito um só pedido.
Não se incomodem a não fazer nada,
ainda para mais se já era esse nada que planeavam fazer.
Nunca encontraram o culpado;
e eu, na minha monstruosidade
na minha frieza,
preferi continuar a sentir
para não morrer tão cedo.
Como comecei?
Pelo início.
Como quero terminar?
Não quero, pois o resto é desperdício.
Não se incomodem...
Para quê?
Por vós?
O meu sorriso é curto, distante e triste.
Ensinaram-me: não lhes dêem nada; mas tirem-lhes tudo!
Como comecei?
Pelo início;
e se algo ficou por terminar, mesmo sem ter fim, nunca ficou terminado.
DESTRUIÇÃO E AUTO-DESTRUIÇÃO
AUSÊNCIA DE REALIZAÇÃO, AUSÊNCIA DE RESOLUÇÃO
ALIENAÇÃO DE FACTOS, EXCLUSÃO DE FACTOS
A experiência nasceu morta. E a minha vida secou.
Receio que as palavras da língua portuguesa
não passem de uma centrifugação que nunca chegará
a ser ciclone, tornado, na minha espiral.
Estou pronto para cantar o refrão da morte. Quem quer cantar comigo?
Quem quer descobrir comigo?
(Esse dito renascimento, ou Renascimento)
Se já não sentisse nada
preferia estar morto.
Não foste tremor de terra;
Talvez a força do impacto seja similar ao asteróide que assolou este planeta.
Paz; mudança, evolução.
Encontrei...
Se já não sentisse nada, preferia estar morto!
(You told us how you weren't afraid to die...Talvez eu tenha mentido...
Neste mundo nada é garantido, nada é definitivo...
E viver-se na ilusão é viver-se perdido.)
Olho para trás,
é como se desde que nasci
apenas tenha feito um só pedido.
Não se incomodem a não fazer nada,
ainda para mais se já era esse nada que planeavam fazer.
Nunca encontraram o culpado;
e eu, na minha monstruosidade
na minha frieza,
preferi continuar a sentir
para não morrer tão cedo.
Como comecei?
Pelo início.
Como quero terminar?
Não quero, pois o resto é desperdício.
Não se incomodem...
Para quê?
Por vós?
O meu sorriso é curto, distante e triste.
Ensinaram-me: não lhes dêem nada; mas tirem-lhes tudo!
Como comecei?
Pelo início;
e se algo ficou por terminar, mesmo sem ter fim, nunca ficou terminado.
sábado, 23 de outubro de 2010
(teclas que vivem debaixo dos meus dedos)
Toca a melodia, dentro da minha cabeça.
Meu amor...
Hoje foi assim, enquanto vivia centro da vida dos outros
a uma velocidade pequena, sem pressa,
atingi esse momento.
E lá estava eu,
toda uma sensação de estar a viver um eu que já vivi,
que já fui.
Aquela sensação de um eu crescido,
aquele eu que fui em tempos,
pesando palavras, pesando números,
sem balançar entre problemas e resoluções.
Onde estive?
Onde estou e por quanto tempo?
Toca, essa melodia, em mim.
E agora peço-o, toca-a mais uma vez em mim.
Ali estava eu, a viver um déjà vu, que esperei que se repetisse
em mim vezes sem conta.
Acordei. Todos nós temos uma paragem concreta, e eu estava a chegar
à minha.
Sorte? Azar?
Aos poucos fui desistindo de acreditar no mundo que quero,
e em dias mais tristes já não luto por cada manhã
e espero, nessa espera mais triste que a espera da morte,
que seja a manhã a lutar por mim...
Já me conheci melhor.
(Silêncio)
O fingidor entra no palco...
A maioria aplaude.
A maioria atinge o apogeu desta mentira.
São poucos aqueles que se mantêm sossegados de mãos...
Pois esses poucos são os únicos que sabem
que não é fingimento.
São poucos, cada vez menos,
os que sabem que o amor é amor verdadeiro
que o ódio é ódio sentido por inteiro,
e que nas palavras o objectivo não é gastar tinteiro.
Mas a música toca. E se parar volto a por a tocar.
E toca, toca toca toca, e toca mais um pouco,
e agarro-a com tanta força
como se perder-la desse comigo em louco.
E em palavras que escrevi nesse momento
vivido entre vidas
onde por momentos desejei ter-me reencontrado mais ainda
desabafei:
Estou a morrer nesta situação,
que nada tem de abstracta,
desta vez não é uma questão
de revolta ou de impotência. Estou perante um inimigo desconhecido,
pelo menos é a primeira vez que o enfrento desta forma. Está perante mim
como se já me conhecesse. E olha-me com uma intensidade sábia, como se...
eu fosse a criatura de mais fácil leitura desde que há memória.
Estou desiludido comigo. Abre-se uma porta, fecham-se duas; abrem-se duas portas
fecham-se quatro. Ah ah, ainda dizem que a matemática e os seus números
não interessam..que neles a verdade nada tem de bela. Pois não tem não. (Desconheçam...[silêncio um pouco mais prolongado que o anterior])
Tem de prática, tem de concreto, tem de concretização.
Podem chorar.
Tão depressa não vou a lado nenhum.
Meu amor...
Hoje foi assim, enquanto vivia centro da vida dos outros
a uma velocidade pequena, sem pressa,
atingi esse momento.
E lá estava eu,
toda uma sensação de estar a viver um eu que já vivi,
que já fui.
Aquela sensação de um eu crescido,
aquele eu que fui em tempos,
pesando palavras, pesando números,
sem balançar entre problemas e resoluções.
Onde estive?
Onde estou e por quanto tempo?
Toca, essa melodia, em mim.
E agora peço-o, toca-a mais uma vez em mim.
Ali estava eu, a viver um déjà vu, que esperei que se repetisse
em mim vezes sem conta.
Acordei. Todos nós temos uma paragem concreta, e eu estava a chegar
à minha.
Sorte? Azar?
Aos poucos fui desistindo de acreditar no mundo que quero,
e em dias mais tristes já não luto por cada manhã
e espero, nessa espera mais triste que a espera da morte,
que seja a manhã a lutar por mim...
Já me conheci melhor.
(Silêncio)
O fingidor entra no palco...
A maioria aplaude.
A maioria atinge o apogeu desta mentira.
São poucos aqueles que se mantêm sossegados de mãos...
Pois esses poucos são os únicos que sabem
que não é fingimento.
São poucos, cada vez menos,
os que sabem que o amor é amor verdadeiro
que o ódio é ódio sentido por inteiro,
e que nas palavras o objectivo não é gastar tinteiro.
Mas a música toca. E se parar volto a por a tocar.
E toca, toca toca toca, e toca mais um pouco,
e agarro-a com tanta força
como se perder-la desse comigo em louco.
E em palavras que escrevi nesse momento
vivido entre vidas
onde por momentos desejei ter-me reencontrado mais ainda
desabafei:
Estou a morrer nesta situação,
que nada tem de abstracta,
desta vez não é uma questão
de revolta ou de impotência. Estou perante um inimigo desconhecido,
pelo menos é a primeira vez que o enfrento desta forma. Está perante mim
como se já me conhecesse. E olha-me com uma intensidade sábia, como se...
eu fosse a criatura de mais fácil leitura desde que há memória.
Estou desiludido comigo. Abre-se uma porta, fecham-se duas; abrem-se duas portas
fecham-se quatro. Ah ah, ainda dizem que a matemática e os seus números
não interessam..que neles a verdade nada tem de bela. Pois não tem não. (Desconheçam...
Tem de prática, tem de concreto, tem de concretização.
Podem chorar.
Tão depressa não vou a lado nenhum.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
omem (percepção)
(Passaram muitos dias, semanas e meses. Coloquei suspensas duas ideias. Criei outras duas. Mas o tempo continua a passar. Continuo à procura do pedaço escrito que culmine no choro das almas, no sofrimento, na aprendizagem. Possivelmente, para não fugir muito ao meu fado, estou no caminho errado. Não seria a primeira vez. Nem será a última. As tentativas continuam a falhar, de forma grosseira. Admito, sou igual a todos os outros. Mas sobre isso escrevo mais tarde. Os meus pés estão amarrados ao chão. E tento escrever sempre mais e melhor. Nunca pensei entrar numa espiral destrutiva, uma espiral que não transpira esforço. O ser humano balança nas acções de perfeição: tão depressa lima uma aresta como causa defeito a outra. Não sei se é disto que precisamos.)
Sim, continua a faltar algo.
Poderia ser uma letra, ou alguém ou alguma coisa.
Talvez seja todas elas.
Nunca me ensinaram a fortalecer uma ligação,
por muito forte e inabalável que esta já fosse.
Teria de aprender sozinho talvez.
Os olhos secaram. Às vezes, mas só as vezes
ganham uma vontade desesperante de criar.
Antigamente nos teus olhos via
o medo a desaparecer; como se o Céu fosse nesta terra,
como se o Céu fosse a terra. Tudo parecia melhor,
tudo era melhor,
não importa para que olhos.
Talvez devesse ter chorado.
Rasga-se uma corda...esse rasgo reforçar-se
ou deixa-se lá ficar, morto, estragado,
esquecido.
Talvez nunca tenha sabido voltar a atar
com habilidade e eficácia.
É isso que me dizem agora.
O que tem de ser tem muita força.
Ou talvez não.
Passo os dias tentando criar,
tentando provar que estão todos enganados menos eu...
E que erro.
Que danos terei causado tão graves?
Como se fosse fácil
separar a voz venenosa
da voz que ilumina verdadeiramente...
E apesar de já ninguém me conhecer dessa forma
estaria, num patamar bem diferente, só para ti.
Como sempre estive.
A vida não me quer matar já. Mas já faltou mais.
Eu vou morrer; vamos todos, mas eu vou morrer.
Medo?
Medo do que sinto em falta em mim.
O tempo sempre escassa.
A carne é fraca.
A morte é certa.
A falta é alterada.
Talvez tenha faltado muito mais por sentir
e conhecer;
apesar da sensação do total.
E todos os dias,
sem medo de o desejar,
sem medo do que possa ficar igual
anseio
pelo momento
em que te ouço.
Com naturalidade da rotina,
com saudade do passado.
Com aquilo que somos.
E dizes-me outra vez, como se eu tivesse ouvido mal
à primeira:
agora só te falta
(e falta muito
e quero muito
e morro por não conseguir)
o H.
Sim, continua a faltar algo.
Poderia ser uma letra, ou alguém ou alguma coisa.
Talvez seja todas elas.
Nunca me ensinaram a fortalecer uma ligação,
por muito forte e inabalável que esta já fosse.
Teria de aprender sozinho talvez.
Os olhos secaram. Às vezes, mas só as vezes
ganham uma vontade desesperante de criar.
Antigamente nos teus olhos via
o medo a desaparecer; como se o Céu fosse nesta terra,
como se o Céu fosse a terra. Tudo parecia melhor,
tudo era melhor,
não importa para que olhos.
Talvez devesse ter chorado.
Rasga-se uma corda...esse rasgo reforçar-se
ou deixa-se lá ficar, morto, estragado,
esquecido.
Talvez nunca tenha sabido voltar a atar
com habilidade e eficácia.
É isso que me dizem agora.
O que tem de ser tem muita força.
Ou talvez não.
Passo os dias tentando criar,
tentando provar que estão todos enganados menos eu...
E que erro.
Que danos terei causado tão graves?
Como se fosse fácil
separar a voz venenosa
da voz que ilumina verdadeiramente...
E apesar de já ninguém me conhecer dessa forma
estaria, num patamar bem diferente, só para ti.
Como sempre estive.
A vida não me quer matar já. Mas já faltou mais.
Eu vou morrer; vamos todos, mas eu vou morrer.
Medo?
Medo do que sinto em falta em mim.
O tempo sempre escassa.
A carne é fraca.
A morte é certa.
A falta é alterada.
Talvez tenha faltado muito mais por sentir
e conhecer;
apesar da sensação do total.
E todos os dias,
sem medo de o desejar,
sem medo do que possa ficar igual
anseio
pelo momento
em que te ouço.
Com naturalidade da rotina,
com saudade do passado.
Com aquilo que somos.
E dizes-me outra vez, como se eu tivesse ouvido mal
à primeira:
agora só te falta
(e falta muito
e quero muito
e morro por não conseguir)
o H.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Benção ou maldição
"One more medicated peaceful moment
Give me one more medicated peaceful moment..." (APC - Orestes)
Depois de ver tantos rostos
e olhos
passando por mim
nessa frágil situação de vivência,
chegou a minha hora
de me moldar ao presente.
Medicamentos de alto espectro
invadem-me o sangue.
Poderia tudo passar de uma ilusão.
Imitando a dor.
Imitando a desilusão, a solidão.
Oh, são palavras, todas elas sem sentido...
Eu sei que sim.
Quem não sabe?
Alguém quer saber mais?
Eu abro a porta. Sempre abri.
Nunca me doeu a cabeça antes,
e agora, eis-me aqui, a ter sensações que todos
vós têm todos os dias.
Recordo-me vagamente, como quem mal se lembra
que estive noutro lugar, sentado
e foi então que tudo pode ter acontecido...
A razão de viver, para depois aparecer
esquecido; de confusão vestido.
Só mais um momento de calma
mesmo que não seja verdadeiro (?).
Dói-me o estômago de andar
nestes quadrados todos.
Give me one more medicated peaceful moment..." (APC - Orestes)
Depois de ver tantos rostos
e olhos
passando por mim
nessa frágil situação de vivência,
chegou a minha hora
de me moldar ao presente.
Medicamentos de alto espectro
invadem-me o sangue.
Poderia tudo passar de uma ilusão.
Imitando a dor.
Imitando a desilusão, a solidão.
Oh, são palavras, todas elas sem sentido...
Eu sei que sim.
Quem não sabe?
Alguém quer saber mais?
Eu abro a porta. Sempre abri.
Nunca me doeu a cabeça antes,
e agora, eis-me aqui, a ter sensações que todos
vós têm todos os dias.
Recordo-me vagamente, como quem mal se lembra
que estive noutro lugar, sentado
e foi então que tudo pode ter acontecido...
A razão de viver, para depois aparecer
esquecido; de confusão vestido.
Só mais um momento de calma
mesmo que não seja verdadeiro (?).
Dói-me o estômago de andar
nestes quadrados todos.
domingo, 17 de outubro de 2010
O último homem - o elogio que faltou
Foi o último homem a partir daquela terra, da sua geração. Deixou-lhe marcas físicas, desde pequenas obras à vista de todos, até pequenas ou médias obras que ficaram marcadas em quase todas as casas daquela terra; em algumas até mais do que uma marca. Costumava pegar no segundo neto que nasceu e leva-lo para essas casas, onde num quase silêncio ia ensinando. O neto gostava de o seguir, de o ver trabalhar, naquele ramo que ele dominava: fazer de tudo um pouco, aquilo que era preciso ser feito. Assim sendo, depois de fechada a fábrica onde trabalhou durante muitos anos, onde conheceu a sua esposa, começou a dedicar-se a ganhar a vida nesses pequenos trabalhos. Era a sua verdadeira arte. E em vários sítios daquela terra, assim como podemos observar naquele portão grande verde, encontramos várias vezes as iniciais AH. Agora, tão depressa, mais ninguém poderá escreve-las.
É curioso a falta que as pessoas fazem.
O seu primeiro neto respeitava-o. Mas na altura, assim como a maioria da raça humana, não lhe deu o devido valor.
É triste a clareza que a morte trás às nossas vidas. Já repararam?
Vivia naquela terra há tanto tempo, viveu tantas coisas, tantas pessoas, para depois, sem "razão" (desse mundo que me revolta e que a muitos leva à loucura), morrer.
Talvez ele saiba, espero que sim, seja lá onde estiver, que todas as semanas entra nos sonhos do neto.
E que até hoje, de algumas mortes que já passaram na sua vida, foi a dele que mais o marcou.
A vida, quando para nós parece um merda, trás com ela várias ideias que devem ser compridas...uma delas é parecer que fizemos tão pouco em vida, e que fazemos tanto depois de mortos.
E perguntamos todos os dias, será melhor o esquecimento ou a dor da lembrança?
Porque é que pessoas que nunca fizeram mal a ninguém morrem supostamente mais cedo?
Como qualquer ser humano, é normal mesmo na crença colocar em causa todos estes acontecimentos. Alguns procuram uma resposta. Eu nunca procurei resposta a isto, porque a raiva que me vai no cérebro é só uma, e nenhuma explicação, mesmo a mais honesta, mesmo a mais serena, me vai fazer sentir outra coisa qualquer.
Eras Touro, e como qualquer Touro que obedece às leis dos astros, eras teimoso. Muito. Talvez nisso tenha saído a ti.
Podia-me arrepender de muitas coisas. Mas só me arrependo daquilo que me lembro. Tudo fizemos para te ajudar a suportar melhor o que te restava da vida. Os que eram do teu sangue, e mesmo aqueles que não eram.
De todas as doenças que corroem este mundo, de todas elas, só uma está com o ser humano desde o seu nascimento. E toda esta família a teme, pois está no seu sangue. Se pudéssemos matar o cancro.
Esse estupor, mesmo depois de arrancando de um corpo, é como se ainda lá estivesse. A fazer-se sentir. A consumir.
Ninguém escolhe morrer. Mas tu morreste. Deixaste para trás um arrecadação cheia de ferramentas do teu trabalho, de materiais de construção. Agora, tudo está diferente. E a tua mota Casal, aquela que te guiou durante toda a tua vida, foi vendida.
Restam agora fotografias vagas. Tu a pegar em cada neto. Nas festas do Natal ou Ano Novo. Mas mesmo nessas, a doença também já está presente.
No teu último mês de vida nunca tivemos a coragem nem o amor de te irmos ver. E talvez seja isso o que me magoa mais. Se fosse hoje nada seria como foi. Mas não é. Existe o passado que ainda pode ser corrigido, e aquele que tem de viver connosco para sempre, sem correcção possível.
Tudo o que resta agora é sentir a tua falta, e fazer-te este elogio. Pois enquanto eu puder, lembrarei-me de ti, lembrarei os outros de ti. Fazes-me mais falta do que alguma vez pensei, e as saudades que sinto são muitas.
Em Lisboa, no IPO, faleceu o meu avô. Pai de dois filhos, marido de uma só mulher, avô de três rapazes e de uma rapariga. O último sobrevivente homem de toda uma aldeia chamada Sapateira, onde agora só agora residem apenas viúvas, nesse fundo do lugar, dessa vila chamada Castanheira de Pêra.
Foi uma honra estar na tua família, fazer parte de ti.
Obrigado.
Dedicado a Alfredo Henriques.
É curioso a falta que as pessoas fazem.
O seu primeiro neto respeitava-o. Mas na altura, assim como a maioria da raça humana, não lhe deu o devido valor.
É triste a clareza que a morte trás às nossas vidas. Já repararam?
Vivia naquela terra há tanto tempo, viveu tantas coisas, tantas pessoas, para depois, sem "razão" (desse mundo que me revolta e que a muitos leva à loucura), morrer.
Talvez ele saiba, espero que sim, seja lá onde estiver, que todas as semanas entra nos sonhos do neto.
E que até hoje, de algumas mortes que já passaram na sua vida, foi a dele que mais o marcou.
A vida, quando para nós parece um merda, trás com ela várias ideias que devem ser compridas...uma delas é parecer que fizemos tão pouco em vida, e que fazemos tanto depois de mortos.
E perguntamos todos os dias, será melhor o esquecimento ou a dor da lembrança?
Porque é que pessoas que nunca fizeram mal a ninguém morrem supostamente mais cedo?
Como qualquer ser humano, é normal mesmo na crença colocar em causa todos estes acontecimentos. Alguns procuram uma resposta. Eu nunca procurei resposta a isto, porque a raiva que me vai no cérebro é só uma, e nenhuma explicação, mesmo a mais honesta, mesmo a mais serena, me vai fazer sentir outra coisa qualquer.
Eras Touro, e como qualquer Touro que obedece às leis dos astros, eras teimoso. Muito. Talvez nisso tenha saído a ti.
Podia-me arrepender de muitas coisas. Mas só me arrependo daquilo que me lembro. Tudo fizemos para te ajudar a suportar melhor o que te restava da vida. Os que eram do teu sangue, e mesmo aqueles que não eram.
De todas as doenças que corroem este mundo, de todas elas, só uma está com o ser humano desde o seu nascimento. E toda esta família a teme, pois está no seu sangue. Se pudéssemos matar o cancro.
Esse estupor, mesmo depois de arrancando de um corpo, é como se ainda lá estivesse. A fazer-se sentir. A consumir.
Ninguém escolhe morrer. Mas tu morreste. Deixaste para trás um arrecadação cheia de ferramentas do teu trabalho, de materiais de construção. Agora, tudo está diferente. E a tua mota Casal, aquela que te guiou durante toda a tua vida, foi vendida.
Restam agora fotografias vagas. Tu a pegar em cada neto. Nas festas do Natal ou Ano Novo. Mas mesmo nessas, a doença também já está presente.
No teu último mês de vida nunca tivemos a coragem nem o amor de te irmos ver. E talvez seja isso o que me magoa mais. Se fosse hoje nada seria como foi. Mas não é. Existe o passado que ainda pode ser corrigido, e aquele que tem de viver connosco para sempre, sem correcção possível.
Tudo o que resta agora é sentir a tua falta, e fazer-te este elogio. Pois enquanto eu puder, lembrarei-me de ti, lembrarei os outros de ti. Fazes-me mais falta do que alguma vez pensei, e as saudades que sinto são muitas.
Em Lisboa, no IPO, faleceu o meu avô. Pai de dois filhos, marido de uma só mulher, avô de três rapazes e de uma rapariga. O último sobrevivente homem de toda uma aldeia chamada Sapateira, onde agora só agora residem apenas viúvas, nesse fundo do lugar, dessa vila chamada Castanheira de Pêra.
Foi uma honra estar na tua família, fazer parte de ti.
Obrigado.
Dedicado a Alfredo Henriques.
Gritocalo .
Fechaste o livro. Arrumaste-o no lugar onde ele não pertence.
Ficará a repousar escondido, camuflado na realidade que queres esquecer.
Por ti nunca mais voltarás a pegar nele.
Chamam-lhe vencer os fantasmas.
De que forma posso escrever um livro que fique guardado no peito?
Como se fosse uma maldição
um elixir eterno...
Neste mundo terreno
gosto de brincar com o divino.
Fingindo escondido, quase clandestino, honesto
mas mentindo, mais podre de alma do que pobre.
E a mentira é narrada com uma poesia nobre.
Queria ser uma abertura.
E mesmo sendo-a
acabo fechado
e mato o caminho como uma saída. E chegou a hora
de te retirares.
Como de todas as vezes.
Encontrarei liberdade quando expulsar o veneno
dos outros por mim implementado.
Sou o azar das vossas vidas
a morte dos vossos sonhos.
Sou o pior que o mundo tem para oferecer.
Se querem ser felizes
não estejam ao meu lado,
e guardem o livro nesse local já reservado
onde tudo é intocável, inalterado.
Apanhas as folhas desse livro rasgado, como se fossem
doenças, dias para não mais recordar.
Dias de uma luta que nunca aconteceu.
De uma dor que nunca doeu, pois tudo é inexistente.
Nada aconteceu. Nada se viveu.
É o amanhecer das trevas...
(Mente)
Vivam o amor!
(Matem)
Amem.
(Aproxima-te)
O meu corpo não acompanha os meus pensamentos;
Está tudo demasiado à frente de mim,
e eu
estou a ficar velho.
Escorre uma lágrima transparente.
Se tudo pudesse ser diferente. Mas não é?
Por momentos pensei que todos os fantasmas
tivesse desaparecido. Os meus, os vossos, os teus, os nossos.
Todos os dias tento não me lembrar de ti.
Não rastejar por pessoas e acontecimentos
que outros vivem também por ti.
Talvez ninguém tenha sido escolhido para sobreviver desta maneira;
sorrirei de inveja daquele homem
que vencerá o que mais ninguém venceu.
O homem que terá o maior prazer que qualquer outro
algum dia sentirá.
A minha curiosidade deixou-me sozinho,
a minha vontade deixou-me com menos um pedaço que nunca
pensei que constituísse o meu ser.
É uma balança quase injusta a que pesa
os pesos do mundo;
e que me faz implorar um pouco de paz de alma
e felicidade no coração.
Em tantas primaveras...
É complicado rasgar a vontade
e trancar à chave a voz que grita
por ti;
e tentar ignorar
aquilo que me falta.
A menos que tenha feito por matar-me
aos vossos olhos
sei que sentem o mesmo.
A bondade e a crueldade do mundo já me ensinaram,
e ensinarão muito mais
até que a morte coloque essa forca em mim
e que puxe com toda a força.
Esse livro ainda está guardado.
E sabemos onde ele está.
Ficará a repousar escondido, camuflado na realidade que queres esquecer.
Por ti nunca mais voltarás a pegar nele.
Chamam-lhe vencer os fantasmas.
De que forma posso escrever um livro que fique guardado no peito?
Como se fosse uma maldição
um elixir eterno...
Neste mundo terreno
gosto de brincar com o divino.
Fingindo escondido, quase clandestino, honesto
mas mentindo, mais podre de alma do que pobre.
E a mentira é narrada com uma poesia nobre.
Queria ser uma abertura.
E mesmo sendo-a
acabo fechado
e mato o caminho como uma saída. E chegou a hora
de te retirares.
Como de todas as vezes.
Encontrarei liberdade quando expulsar o veneno
dos outros por mim implementado.
Sou o azar das vossas vidas
a morte dos vossos sonhos.
Sou o pior que o mundo tem para oferecer.
Se querem ser felizes
não estejam ao meu lado,
e guardem o livro nesse local já reservado
onde tudo é intocável, inalterado.
Apanhas as folhas desse livro rasgado, como se fossem
doenças, dias para não mais recordar.
Dias de uma luta que nunca aconteceu.
De uma dor que nunca doeu, pois tudo é inexistente.
Nada aconteceu. Nada se viveu.
É o amanhecer das trevas...
(Mente)
Vivam o amor!
(Matem)
Amem.
(Aproxima-te)
O meu corpo não acompanha os meus pensamentos;
Está tudo demasiado à frente de mim,
e eu
estou a ficar velho.
Escorre uma lágrima transparente.
Se tudo pudesse ser diferente. Mas não é?
Por momentos pensei que todos os fantasmas
tivesse desaparecido. Os meus, os vossos, os teus, os nossos.
Todos os dias tento não me lembrar de ti.
Não rastejar por pessoas e acontecimentos
que outros vivem também por ti.
Talvez ninguém tenha sido escolhido para sobreviver desta maneira;
sorrirei de inveja daquele homem
que vencerá o que mais ninguém venceu.
O homem que terá o maior prazer que qualquer outro
algum dia sentirá.
A minha curiosidade deixou-me sozinho,
a minha vontade deixou-me com menos um pedaço que nunca
pensei que constituísse o meu ser.
É uma balança quase injusta a que pesa
os pesos do mundo;
e que me faz implorar um pouco de paz de alma
e felicidade no coração.
Em tantas primaveras...
É complicado rasgar a vontade
e trancar à chave a voz que grita
por ti;
e tentar ignorar
aquilo que me falta.
A menos que tenha feito por matar-me
aos vossos olhos
sei que sentem o mesmo.
A bondade e a crueldade do mundo já me ensinaram,
e ensinarão muito mais
até que a morte coloque essa forca em mim
e que puxe com toda a força.
Esse livro ainda está guardado.
E sabemos onde ele está.
As diferenças despercebidas
Os pormenores passam ao lado de todos nós...
Na maioria das vezes perdidas, perdemos muito.
Talvez desta forma,
desta peculiar forma
ainda vá a tempo de vos ajustar os sentidos...
Sejam felizes e aproveitem.
(Para os mais sensíveis este clip pode causar arrepios fortes ou mesmo um pequeno estado de euforia no coração, ou estado de elevação...)
(Danny Carey - Considerado por alguns o melhor baterista dos últimos tempos. Pormenor sublime a solo - e um pormenor ainda mais sublime no seu todo.)
Na maioria das vezes perdidas, perdemos muito.
Talvez desta forma,
desta peculiar forma
ainda vá a tempo de vos ajustar os sentidos...
Sejam felizes e aproveitem.
(Para os mais sensíveis este clip pode causar arrepios fortes ou mesmo um pequeno estado de euforia no coração, ou estado de elevação...)
(Danny Carey - Considerado por alguns o melhor baterista dos últimos tempos. Pormenor sublime a solo - e um pormenor ainda mais sublime no seu todo.)
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Blood to whine
(É relevante dizer que este título não é obra minha. Aliás, em primeira instância, é tirado da Bíblia. Esse meu deus (com letra minúscula), começa de certa forma a afastar-se da espiral com que pintou os meus dias, para se transformar num autêntico Baco (deus do vinho). E apesar de ir trabalhando nos dois projectos que mais admiro dele a verdade é que não se consegue desligar de outros dois...Mas não serei egoísta, assim como outros não o estão a ser. Cada um deve fazer aquilo que ama, esteja ou não dando um contributo talvez prático a quem o segue. (Será mesmo?) Portanto vai cantando com os Púscifer...Portanto vai editar um livro sobre a sua nova arte e paixão. E pelo rumo das coisas tem o mesmo jeito para ela como tem para as outras. Sempre me disseram, e com razão devo acrescentar, que ninguém é totalmente perfeito ou imperfeito (se bem que é tentador afirmar que existe imperfeição total em algumas coisas ou casos), mas que realmente existem pessoas mais ou menos perfeitas que outras. A verdade é que este título é aliciante. Faz-me pensar em vários assuntos a explorar...
Ironia das ironias (que saudades tinha eu dela), agora que tenho um excelente título, com várias ideias, não consigo dar seguimento.
No entanto fica aqui esta janela aberta, de supostas oportunidades...
Talvez fosse a hora certa para entrar algures um Jesus, que cheio de poderes, fizesse esse milagre. Não sou do género de só acreditar quando vejo...mas ver ajuda.)
Ironia das ironias (que saudades tinha eu dela), agora que tenho um excelente título, com várias ideias, não consigo dar seguimento.
No entanto fica aqui esta janela aberta, de supostas oportunidades...
Talvez fosse a hora certa para entrar algures um Jesus, que cheio de poderes, fizesse esse milagre. Não sou do género de só acreditar quando vejo...mas ver ajuda.)
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Lateralus (seguimento)
Escrevi, de forma talvez pouco usual para o que se vai escrevendo por esse mundo fora, um texto que comparava situações concretas (ou não) da vida, ou mesmo entradas e saídas de pessoas, com um acidente rodoviário. E não falei de probabilidade (tentativa de prever algo) mas sim de estatística, ou seja algo que de facto aconteceu. E dessa forma falei da força fatal dos impactos laterais e frontais que se podem dar num acidente.
Nessa altura, não diria que o mais importante, mas algo bastante importante, que contribuiu para a minha postura perante a vida foi estar completamente em sintonia e com uma fome douda de não parar de ouvir a música Lateralus.
Porquê ouvi-la agora? Porque às vezes temos de pegar em pequenos fragmentos do passado e voltar a estuda-los. Mesmo que não se saiba a razão para tal acto a verdade é que é assim que agimos.
E por momentos penso sorrir por dentro quando encontros peças soltas...Não sorrio por encontra-las. Sorrio por pensar que ficaram soltas de propósito. Para mim o acaso é inútil a menos que seja programado...E dado que toda esta afirmação é uma contradição, prefiro garantir a mim mesmo, nem que seja como consolo à minha alma, que nada é por acaso; que nada ficou ali por ficar. Dá-me uma enorme repulsa sentir que o atrito existente ou criado recentemente está lá apenas por estar...Não pode ser. Está lá para nos dar a necessidade, de mesmo sem querermos, encontrar uma forma de o refutar.
Como é óbvio tudo o que digo e escrevo caí depressa no esquecimento. Como está música desapareceu do meu cérebro, e mais grave ainda: da minha emoção de vida. Foi então que voltei a ouvi-la com a mesma atenção da primeira vez; com a mesma atenção da segunda vez; com a mesma iluminação crescente das vezes que se seguiram. E foi então que de certa forma algo dentro de mim acordou. Na minha cabeça surgiram algumas certezas novas. Mas algo é certo: ainda sou o mesmo que pensou partir. Talvez apenas esteja de volta. E na ausência, descubro um porta que se abre sem deixar escapar frio: esperança. Começo a juntar pequenas peças, momentos passados, que unidos significam muito.
Neste momento tudo o que posso odiar sou eu mesmo. Mais ninguém tem culpa de nada a não ser eu. O ser humano pensa sempre que tem de pedir desculpa ou que lhe peçam desculpa...É um erro normal. Às vezes não é preciso nada disso. Às vezes temos de nos desculpar a nós mesmos. Ou esperar que o tempo nos faça querer de novo. Voltar a querer as peças que ficaram soltas por essa razão que deve ser percebida.
No primeiro texto não mencionei um pormenor importante, que só agora enriqueceu o meu ser. Um choque frontal temos várias vezes na vida...temos um metro e pouco de metal que se vai encolhendo até chegar a nós com um pouco menos de força.
Pensem nisso...Vivemos em choques frontais. Não é hora de sentir a força de um choque lateral? A força do impacto será muito mais forte...e única.
"Spiral out, keep going! Spiral out, keep going! (Going...going...)"
sábado, 9 de outubro de 2010
Outra perspectiva do caminho marginal
Quantas mais versões terá a vida?
Quantas faces aguardam numa cara?
E fases?
Para quê mentires-te? Porque haveria eu de querer ver-te morrer?
A pressa é sempre a mesma,
o medo levanta-se e leva com ele tudo que és...
Minto. Leva apenas aquilo que quiseste que ele levasse.
Pensa nisso.
Ninguém está sozinho, mesmo numa espiral
auto-destrutiva; sentirás isso.
Quando? Quando tu quiseres.
Agarra a arma depressa
e mata o medo, num ápice
sem pestanejar,
consciente da melhoria
ou da mudança.
Quando? Agora.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Disposition - Watch the weather change
"Mention this to me
Mention something, mention anything
Mention this to me
Watch the weather change.." ( Disposition - Banda do costume)
(Dedicado de alguma forma ao meu coelhinho, pela forma como ama a música, e mais importante ainda: pela forma como ama esta chuva, este cinzento, este frio, este tempo.)
Foram noites a fio que vivi sozinho
na calma de uma cama que não era minha,
esperando que todo o escuro me envolvesse num sono
calmo e indolor, sem sonhos sem pesadelos, só queria dormir,
fiquei assim na espera, deitado a matar pensamentos
ou a tentar matar no escuro que não me acalmava...
Desta vez o tempo não iam mudando fora da janela, pois estava o mesmo
calor de sempre, e eu só queria dormir. O tempo ia mudando dentro de mim.
Metamorfose climática interior, onde sabores se misturam
dando lugar à agonia...
Vi o tempo mudar, apenas dentro de mim; e nunca mudou para melhor
o calor sentia-se longe e perto de mim, fora e dentro de mim,
Eu era calor, eu era explosão, eu era raiva aprisionada no suor da minha alma...
Um cheiro horrível instalava-se nas paredes dos meus orgãos, da minha pele,
e na minha saliva morria a esperança, nos meus olhos a ternura...e os meus dedos
perderam o tacto. Vi o tempo mudar, e tal como se fosse no céu, não pude fazer nada...
Hoje, sendo o mesmo que sou desde que nasci, com a experiência que aprendi
e que me ensinaram, vejo as nuvens a moverem-se muito mais depressa
ou muito mais devagar, e a chuva que cai intensamente.
Queria dizer algo.
Queria que me dissessem algo.
Mas vejo o tempo mover-se de forma cinzenta,
a ser ele próprio
e eu aqui a observa-lo.
Também a música me embalou os sentidos em noites mais drásticas,
horas de calma guiaram os meus sonhos.
O que me resta? Viver cansado?
O que me resta é sobreviver para depois voltar a viver.
Mas não é isso que quero.
Esqueceram-se de pedaços vários dentro do meu ser.
Vejo o tempo mudar
e nada posso fazer além do saborear. Menciona...
Mention something, mention anything
Mention this to me
Watch the weather change.." ( Disposition - Banda do costume)
(Dedicado de alguma forma ao meu coelhinho, pela forma como ama a música, e mais importante ainda: pela forma como ama esta chuva, este cinzento, este frio, este tempo.)
Foram noites a fio que vivi sozinho
na calma de uma cama que não era minha,
esperando que todo o escuro me envolvesse num sono
calmo e indolor, sem sonhos sem pesadelos, só queria dormir,
fiquei assim na espera, deitado a matar pensamentos
ou a tentar matar no escuro que não me acalmava...
Desta vez o tempo não iam mudando fora da janela, pois estava o mesmo
calor de sempre, e eu só queria dormir. O tempo ia mudando dentro de mim.
Metamorfose climática interior, onde sabores se misturam
dando lugar à agonia...
Vi o tempo mudar, apenas dentro de mim; e nunca mudou para melhor
o calor sentia-se longe e perto de mim, fora e dentro de mim,
Eu era calor, eu era explosão, eu era raiva aprisionada no suor da minha alma...
Um cheiro horrível instalava-se nas paredes dos meus orgãos, da minha pele,
e na minha saliva morria a esperança, nos meus olhos a ternura...e os meus dedos
perderam o tacto. Vi o tempo mudar, e tal como se fosse no céu, não pude fazer nada...
Hoje, sendo o mesmo que sou desde que nasci, com a experiência que aprendi
e que me ensinaram, vejo as nuvens a moverem-se muito mais depressa
ou muito mais devagar, e a chuva que cai intensamente.
Queria dizer algo.
Queria que me dissessem algo.
Mas vejo o tempo mover-se de forma cinzenta,
a ser ele próprio
e eu aqui a observa-lo.
Também a música me embalou os sentidos em noites mais drásticas,
horas de calma guiaram os meus sonhos.
O que me resta? Viver cansado?
O que me resta é sobreviver para depois voltar a viver.
Mas não é isso que quero.
Esqueceram-se de pedaços vários dentro do meu ser.
Vejo o tempo mudar
e nada posso fazer além do saborear. Menciona...
terça-feira, 5 de outubro de 2010
O cemitério dos vivos
Eu costumava ter uma voz...
Era uma voz que se fazia sentir perto
dos corações mais próximos.
Às vezes penso que posso ser mais,
mas depressa me esqueço como aqui vim parar,
Todos os dias são iguais,
todos.
Eu costumava mostrar caminhos
e sentir palavras
e gestos,
Eu antigamente era uma voz,
agora, e só agora, fiquei para trás.
E sou observado, de formas nunca antes sentidas,
e de uma forma que não me agrada.
Porque os dias são todos iguais.
Não sou eu que escrevo neste momento.
É outro qualquer, que costumava ter uma voz
e que cantava, e que sentia a voz fluir
num turbilhão de palavras que o faziam sentir feliz.
Sou outro qualquer, mas morto; sentindo os pés
de quem caminha neste cemitério.
Corroí-se-me a alma nestes momentos de solidão
debaixo desta terra, nesta cova que nunca cavei.
E é o coveiro que sorri de braço abraçado à enxada.
Sobrei nestes restos mortais
sem uma palavra,
eu que costumava ter uma voz.
Eu que não morri mas que estou morto.
As palavras foram mortas
facto que ninguém previu...
E foi isto que nunca fui, isto que nunca serei,
nas palavras longas e ocas
que na primeira oportunidade verdadeira
se sumiu.
Era uma voz que se fazia sentir perto
dos corações mais próximos.
Às vezes penso que posso ser mais,
mas depressa me esqueço como aqui vim parar,
Todos os dias são iguais,
todos.
Eu costumava mostrar caminhos
e sentir palavras
e gestos,
Eu antigamente era uma voz,
agora, e só agora, fiquei para trás.
E sou observado, de formas nunca antes sentidas,
e de uma forma que não me agrada.
Porque os dias são todos iguais.
Não sou eu que escrevo neste momento.
É outro qualquer, que costumava ter uma voz
e que cantava, e que sentia a voz fluir
num turbilhão de palavras que o faziam sentir feliz.
Sou outro qualquer, mas morto; sentindo os pés
de quem caminha neste cemitério.
Corroí-se-me a alma nestes momentos de solidão
debaixo desta terra, nesta cova que nunca cavei.
E é o coveiro que sorri de braço abraçado à enxada.
Sobrei nestes restos mortais
sem uma palavra,
eu que costumava ter uma voz.
Eu que não morri mas que estou morto.
As palavras foram mortas
facto que ninguém previu...
E foi isto que nunca fui, isto que nunca serei,
nas palavras longas e ocas
que na primeira oportunidade verdadeira
se sumiu.
Subscrever:
Mensagens (Atom)