segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Reconciliação com a morte

Adormeci nesta calma morta.
O cansaço das pernas subiu até ao resto do corpo.
É como se estivesse morto, mas não estou.
Não sei do que falo...A fome enfraquece
a pele envelhece anos a mais, e a força
da língua não é suficiente para sussurrar.
A raiva e o ódio calaram-se, não sei quando voltarão.
E esta monotonia apoderou-se de todas as minhas células.
O tédio existencial criou raízes até aos confins do meu ser.
Queria que toda esta apatia se dissipasse...
Mas ainda não chegou a hora.
O silêncio deu-me uma estalada silenciosa,
com uma rapidez graciosa, enquanto suspirava.

Quando a morte se aproxima
finjo-me de morto.
Morrer mais? Para quê?

(E quando estou quase a dar de mim,
apodrecem sentimentos dentro de mim
relembrando-me que ainda existem coisas por fazer;
e que a revolta serviu-me sempre perfeitamente.
E que tudo o que já fiz não está de todo morto.
E por momentos solto-me. Renasço solto. Pronto.)

Na linha da frente travo a morte com as duas mãos.
Ainda não terá chegado a hora...Não enquanto aqui estiver.

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