sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Devastação - Desejo de iluminação
Como a chama da vela que vai queimando e tremendo
nessa casa silenciosa, quase abandonada,
distorcendo toda a sua realidade envolvente;
a mesma chama que escasseia
e que faz tudo menos arder,
e que por muito forte que seja não a deixam queimar.
Adoro a forma como mentes.
Não me mentes só, mentes a quem te estende
a mão, a quem te recebe no peito,
Quando olhamos para trás tudo não passa
de um momento perfeito que sofreu
o efeito da humanidade.
Como me dói ser um ser humano
em constante mutação, sem conseguir sentir
o carinho que me permite estancar
esta distracção contínua.
E mentes-te. Não diria todos os dias...
Acabas por sofrer por erros que outros cometeram em ti
por erros que cometeste, erros pequenos outros maiores
que te deixaram assim: a sufocar.
Um dia não aguentas mais,
tens de respirar, receber o ar que faltou por tempo
a mais,
e nesse dia oxalá estejas na presença de ar,
pois vais devorar o que te envolve,
ou devorar substâncias tóxicas
ou devorar água.
Talvez, depois de tanta vida,
a verdade seja apenas dolorosa,
sem grandes justificações racionais,
gostamos de sofrer, a dor fica-nos tão bem,
é como se fosse a nossa pele...
Em tempos é como se fosse uma corpo estranho
agora já faz parte de nós.
Gosto da forma como dói. A forma sublime como corrói.
Quem me dera conseguir mentir-te.
Nada mais interessa. É engano. Tudo interessa.
Está na hora de te levantares, de dar tudo o que tens a dar
encontrar forças onde pensavas que elas não existiam.
O que ainda guardo de ser humano
é esse fogo do amor que queima a mente
que queima os músculos
que nos faz andar, correr, voar
atrás daquilo que mais queremos.
Pode não existir próxima vez...
Mas existe o agora
e o agora vale muito mais que teorias
mentiras, promessas, arremessos.
O agora tem um valor incalculável,
e é no agora que tudo acontece.
Agarra-me.
E não te mintas.
Está tudo tão próximo
não interessa o quão longínquo.
Não minto, nunca menti,
prefiro ferir com a verdade
do que iludir com a mentira,
mas isto não basta, eu sei disso.
A verdade às vezes parece que fere, mas lá no fundo
dessa carne humana, onde bate o coração,
choramos, choramos o tempo suficiente para nos apercebemos
que cometemos um erro grave, que alterámos o rumo da nossa vida,
e tudo fica mais escuro...
E é para isso que trago esta vela, que treme, que geme silêncio,
mas enquanto a segurar na mão tudo tem futuro
nada está morto, para sempre.
Alguma vez já amaste alguém
que te faz temer perde-la? Mesmo quando
está abraçada a ti, num momento único?
Já lutaste por alguém que valesse a pena?
Dizem-me que falar é simples...agir é complicado.
Para mim
ambas são simples
como são complicadas.
É
tudo
uma
questão
de vontade...
Pois tudo o que às vezes parece inalcançável
e longínquo
é o realmente, dentro de nós
na possibilidade da verdade
é aquilo que sempre
esteve mais próximo.
Chega de criar barreiras que não existem
só para nos dar a ilusão que tudo
é real e sentido e impossível.
Algumas coisas mudam, muito ou pouco, mas mudam.
Outras? Nunca mudarão.
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1 comentário:
Tudo tão bem dito.
Complicamos as coisas. E às vezes elas são tão fáceis.
(Noutras alturas são ainda mais complicadas...)
Mas sim. Tudo tão bem dito. Brilhante. :) É sempre bom visitar-te :)
Um beijinho *
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