sábado, 11 de dezembro de 2010

Merciless

A rainha estava sentada no trono. Outrora, nesse mesmo trono de gelo, onde a tempestade divina não conseguia alcançar, estava um rei. O seu olhar era frio, mais frio que o ambiente que o rodeava. Segurava uma espada mais longa que as normais, mais afiada; nunca foi usada em vão. A sua armadura não estava gasta, mas foi usada por vários tempos, várias temporadas. A rainha estava sentada no trono...E recordou o rei antigo. Não derramou uma única gota de sentimento; sabia que tinha chegado a sua hora, e a hora de ser ela a comandar. No entanto, mesmo sentada no apogeu do frio, onde o divino jamais conseguirá penetrar, assim como a luz humana, sentiu-se...em palavras que não consegue explicar: sozinha.

Os tempos podem ser outros
mas a vastidão da insegurança é igual.
Podemos tentar enganar os nossos olhos
a nossa emoção...
E a razão soberana.
Poderá um dia existir um lugar magnífico
onde um só homem, ou vários homens escolhidos
consigam elevar toda uma população.
Mas ainda não. E o passado é sangrento...
O passado é arrogante.
A alma ambiciona pouco ou em demasia;
falta força na vontade
falta consciência nos actos,
Sobra a solidão no trono de gelo
Enquanto outros conseguem viver com a arte
da dança dos pássaros no interior do deserto.
O vazio não é total.
O vazio não é eterno.
É o mesmo que ambicionarmos o céu
mas fazermos o inferno.

Sinto saudades de uma batalha épica que nunca vivi.
Onde almas de homens corajosos
feriram para sempre a História da Humanidade;
onde a espada não hesitava no golpe final
onde a mão não tremeu na hora de abrir o portão,
os pés caminhavam distâncias inimagináveis...

Onde estão os guerreiros?
Onde está a conquista?
A minha espada está enterrada numa areia de uma praia qualquer.
Sinto-a. Espera por mim, com a mesma fome de sangue de outros tempos...
E nós precisamos disso. De fome. De sabedoria. De acção.
De evolução, de iluminação, de sangue.

Mas por enquanto ainda somos ninguém...
E queremos muito pouco.
E até ser possível fazer algo importante
vão-se lembrando que:

A rainha está sozinha...
Não queiram cometer o mesmo erro..

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