sábado, 29 de dezembro de 2012

Excéptio ( VII )


Se hoje olho para o agora pouco ou nada vejo.
De um passado alterado para um futuro por moldar
Prefiro ficar cansado, sozinho e discreto,
até que algo me liberte, ou até que eu
alguém consiga libertar.
Uma execção à regra ou regras sem qualquer
execção - o isolamento finge iluminar,
mas mesmo nesse fingimento
algo se aprende sempre. E seis cordas
rompem em agonia sincronizada
acompanhadas de tambores que abalam
as superfícies frias da minha alma;
Leva-me para as proximidades do longe,
numa guerra que procura somente a paz,

que se expande dentro de mim, fazendo-me acreditar
que tudo é possível mas que ao mesmo tempo
que nada mais interessa.
Não existe tempo nem lugar
existe apenas a vontade e um sentimento;
mas as vontades são muitas e muitos são os sentimentos
que se descontrolam que tentam não chocar,
que tentam sobreviver...
Tem de ser concedida essa execção,
para silenciar esse grito, esse atrito maldito,
Que implora para que o coração exploda em chamas
devorando o mundo através de lava.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Considerações

Está a chegar mais um ano (novo). O que trará o ano de 2013 de novo? Ainda não se sabe ao certo, pelo menos no que toca a coisas boas. A crise continua, isso é certo. A crise irá piorar, é mais que provável. Mas logo se verá. Sobre esta ano que passou...algumas considerações. Confesso que fiquei bastante feliz e aliviado por finalmente ter tido um ano em que a escrita foi muito mais pausada, sem os exageros passados, onde cada texto encaixou onde deveria ter encaixado, por outras palavras foram textos que de facto mereceram ser escritos, e dessa forma, fazer parte de mim e deste blogue, sem arrependimentos, sem leviandades. Nisso estou satisfeito, e espero, no que depende de mim, que o ano que se aproxima seja igual, ou melhor, mais pausado, mais completo.
Se tenho medo? Já tive menos. Com o andar do tempo, com o passar da idade, idade de anos e idade para se fazerem certas coisas ou já se terem certas coisas, o medo é uma constante. Vai-se gerindo as forças, de forma a injectar os músculos das pernas a recuarem somente para ganharem balanço para que conseguiam saltar o buraco ou o obstáculo (obrigado Fred pelas quotes constantes, as melhores).

Desejo a todos os leitores o mesmo que desejo para mim: menos guerras daquelas que se travam dentro da nossa cabeça - um ano onde abunde saúde física e mental e sentimental - um ano com novos e bons projectos ou pelos menos onde os que já se têm sejam mantidos...E quantia monetária para a sobrevivência mínima, dentro dos parâmetros de cada um.

Decidi acreditar que existem dois tipos de Carma. Aquele que é gerido e criado pelo Universo, por Deus, por deuses; e o nosso, aquele que depende de nós, que é por nos equilibrado, aquele em que nós temos o poder para investir as nossas forças alterando a realidade que nos rodeia e as pessoas que fazem parte do nosso mundo.

Um belo ano de 2013 - ainda cá estamos por isso...Seja o que vocês quiserem;
o autor, Diogo Garcia TH

sábado, 22 de dezembro de 2012

Um feliz Natal para todos

Não me irei alongar...
O Natal dá trabalho, mas quem corre por gosto não cansa, e esta é uma verdade verdadeira.
Comprar, embrulhar, entregar, correr de um lado para o outro, encontrões seguidos de um "Desculpe" ou "Peço desculpa", comprar, embrulhar e entregar. Tudo para fazer alguém (ou muitos alguém) feliz. Compensa? Pois está claro. Dar for tha win, always.
Um feliz Natal para todos os leitores. Com prendas físicas e não-físicas; na companhia de quem é mais importante.
[E abusem da solidariedade]

domingo, 16 de dezembro de 2012

The Fire Rises

[ Sétimo texto contigo...o que ainda posso dizer? Uma vez mais o privilégio foi meu, todo ele. O texto está concreto, belo, completo. As peças encaixam sempre. Obrigado. Com Joana GT Henriques. ]


No fim alguns dirão que tudo
Não passou de uma espiral de fogo…
Mas nós sabemos que foi muito
Mais do que chamas a ganharem vida
Em direcção a um céu.
O coração bate, e o seu batimento é um ritmo
Constante em crescimento, o corpo eleva-se,
O chão treme; o ritual está a começar,
O cântico move-se ao sabor dos passos,
A sicronização é perfeita,
Sabemos o que queremos, para onde vamos,
Como o faremos. O medo é transformado em gelo.
Mas o gelo também queima. Adormece. Torna o meu ser dormente,
Até cair num sono profundo, sem dar por isso.
A escuridão recebeu-nos dentro de si e deu-nos espaço para o luto.
Aqui, o silêncio abafa os gritos que ecoam, apaga o que realmente acontece.
Já nada importa, porque uma parte de nós estará para sempre perdida.
Viver na ilusão mantém-nos vivos, mas arrasta-nos ao fundo quando sabemos a verdade;
Nesse fundo é onde estamos, talvez à deriva, talvez sabendo perfeitamente onde viemos parar. Talvez tendo a certeza de que é aqui que pertencemos. Aqui viemos, por um motivo.
Claridade aqui não existe e as trevas, esmorecem o fogo, até ele desaparecer.
Ajoelhados colocam em causa todos os sentimentos
Todos os actos feitos e por fazer…
Procura-se uma luz segura que brilhe na mão
Dos verdadeiros ou dos inocentes, apontando um caminho,
Para uma redenção, agora que o arrependimento
Crava os dentes afiados na garganta e as unhas
No resto do vosso corpo.
Mais cedo, do que mais tarde, o fogo
Nada mais pode consumir…
E agora? O que farão de diferente?
Esta é agora a nossa sina: tentar agarrar-nos
A algo que nunca dura, que se esfuma no ar.
Mesmo à nossa frente, quando estamos prester
A tê-la. Tentamos agarrar-nos à realidade, à verdade
Que nos mantém na sanidade. É tudo o que nos resta,
Mas nem isso existe mesmo.
Esforçamo-nos por conseguir vislumbrar a luz neste
Fim de tudo sombrio. Mas talvez seja melhor assim,
Talvez a esperança só viesse prolongar o que está
Destinado a morrer. Fadados a viver para sempre entre
A mentira e a verdade, o que aconteceu e o que foi sonhado,
Deixamos agora de acreditar…É tão cansativo sermos os únicos
Que ainda tentam acalmar a dúvida, para manter o sofrimento longe.
É tão esmagador saber que no fundo, nada mudará, nada é
Possível fazer para consertar o que está mal. Não terá um final feliz;
Isto está amaldiçoado desde o primeiro pensamento que o originou.
Deixamos agora de respirar…Entregamo-nos à leveza do desistir.
Algo no entanto desperta na escuridão que nos 
abrigou por tanto tempo – O fumo entranha-se aqui e desperta-nos para o que começou.
O fogo regressou, não-derrotado de queimar. Não cessou de arder.
Ergueu-se. Tal como nós.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

amarrotamento


Onde estará essa serenidade,
essa paz calma que suaviza os balanços da vida,
dando lugar à raiva e ao ódio somente quando
é necessário?
Essas sensações de dever cumprido,
de que fazer melhor era impossível,
de felicidade autêntica,
de se estar completo?

Tudo não passa de um papel amarrotado
deixado ali ao lado, mesmo no chão,
repleto de rascunhos.
Planos desiguais, ideias novas e originais,
continuadas no pensamento
paradas antes do movimento.
Algumas raízes são cortadas antes
da árvore dar fruto, outras vezes falta essa
coragem para o colher.
E a rotina vai esmagando, envelhecendo,
roubando, enganando...São vontades
contrárias aquelas que contrariam os actos,
O atrito só é inexistente quando se caminha
para o abismo da derrota e da desistência,
em tudo o resto prende pés e mãos e razões e sentimentos
como se fosse areia movediça.

Será essa a felicidade? Caminhando, arrastando
membros presos, numa vontade morta?
Afinal é essa a felicidade?
Não a amas, mas irás amá-la sempre.


Podem não ter a sorte de o mundo acabar para a semana,
Pois então
mexam-se
e apanhem o papel amarrotado
que estava no chão.