No fim
alguns dirão que tudo
Não passou
de uma espiral de fogo…
Mas nós
sabemos que foi muito
Mais do
que chamas a ganharem vida
Em
direcção a um céu.
O coração
bate, e o seu batimento é um ritmo
Constante
em crescimento, o corpo eleva-se,
O chão
treme; o ritual está a começar,
O cântico
move-se ao sabor dos passos,
A
sicronização é perfeita,
Sabemos o
que queremos, para onde vamos,
Como o
faremos. O medo é transformado em gelo.
Mas o gelo
também queima. Adormece. Torna o meu ser dormente,
Até cair
num sono profundo, sem dar por isso.
A
escuridão recebeu-nos dentro de si e deu-nos espaço para o luto.
Aqui, o
silêncio abafa os gritos que ecoam, apaga o que realmente acontece.
Já nada
importa, porque uma parte de nós estará para sempre perdida.
Viver na
ilusão mantém-nos vivos, mas arrasta-nos ao fundo quando sabemos a verdade;
Nesse
fundo é onde estamos, talvez à deriva, talvez sabendo perfeitamente onde viemos
parar. Talvez tendo a certeza de que é aqui que pertencemos. Aqui viemos, por
um motivo.
Claridade
aqui não existe e as trevas, esmorecem o fogo, até ele desaparecer.
Ajoelhados
colocam em causa todos os sentimentos
Todos os
actos feitos e por fazer…
Procura-se
uma luz segura que brilhe na mão
Dos
verdadeiros ou dos inocentes, apontando um caminho,
Para uma
redenção, agora que o arrependimento
Crava os
dentes afiados na garganta e as unhas
No resto
do vosso corpo.
Mais cedo,
do que mais tarde, o fogo
Nada mais
pode consumir…
E agora? O
que farão de diferente?
Esta é
agora a nossa sina: tentar agarrar-nos
A algo que
nunca dura, que se esfuma no ar.
Mesmo à
nossa frente, quando estamos prester
A tê-la.
Tentamos agarrar-nos à realidade, à verdade
Que nos
mantém na sanidade. É tudo o que nos resta,
Mas nem
isso existe mesmo.
Esforçamo-nos
por conseguir vislumbrar a luz neste
Fim de
tudo sombrio. Mas talvez seja melhor assim,
Talvez a
esperança só viesse prolongar o que está
Destinado
a morrer. Fadados a viver para sempre entre
A mentira
e a verdade, o que aconteceu e o que foi sonhado,
Deixamos
agora de acreditar…É tão cansativo sermos os únicos
Que ainda
tentam acalmar a dúvida, para manter o sofrimento longe.
É tão
esmagador saber que no fundo, nada mudará, nada é
Possível
fazer para consertar o que está mal. Não terá um final feliz;
Isto está
amaldiçoado desde o primeiro pensamento que o originou.
Deixamos
agora de respirar…Entregamo-nos à leveza do desistir.
Algo no
entanto desperta na escuridão que nos
abrigou por tanto tempo – O fumo entranha-se aqui e desperta-nos para o que começou.
abrigou por tanto tempo – O fumo entranha-se aqui e desperta-nos para o que começou.
O fogo
regressou, não-derrotado de queimar. Não cessou de arder.
Ergueu-se.
Tal como nós.
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