Este ano não vou gastar muitas palavras, pelo menos minhas. Sabe melhor ouvir duas músicas e as respectivas canções. Boas festas é o resumo. Lembrar que no Natal as melhores prendas não vêm embrulhadas, em papel pelo menos, e que é a altura perfeita para pensar um pouco mais nos outros, ou deveria ser. Quanto ao ano que aí vem...A passagem de ano interessa-me tanto como o desinteressante...O ano muda, mas não muda em nada, só aqueles que ainda não chegaram ao ensino superior (que todos os dias têm de colocar a data e a lição) ou os que diariamente, na sua função, têm de olhar para a data, é que vislumbram uma mudança muito muito pequena. O mundo não vai mudar, nem as pessoas...e se sobra alguma esperança no coração de quem gosta de sonhar, então é esta: uma quase folha de um branco pouco nítido para se começar de novo, ou algo do género. Dito isto, e com toda a honestidade que é possível a um monstro: desejo a todos um Natal feliz, com as pessoas que se ama por perto (de sangue e não sangue), assim como uma passagem de ano excelente, novamente com quem se ama por perto, mas valorizando ainda mais a frase: um ano de 2012 melhor ou muito melhor que todos aqueles que passaram até agora, todos. Obrigado.
sábado, 24 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
não aceitar Para morrer
Quando me vejo ao espelho...Por vezes esqueço...
Volto-me a ver ao espelho..Importava-me ser...
Agora não me importa nada.
Delicioso é o pormenor da vida, enquanto é alimentada.
A obrigação de esquecer é pesada, sempre presente
fazendo recordar uma maldição que não deveria
pertencer a ninguém. Mas pesa, mas pertence.
Inglória batalha, o esforço suja o chão como se fosse sangue,
são olhos de uma tragédia que devoram a realidade.
Absorção de cores tão frescas, tão secas, tão tristes,
contrários quase belos, que vão derretendo...Parece
beleza, parece utopia, mas é ilusão apenas,
escondendo a podridão de uma morte já assimilada.
Ser-se em alto e baixo relevo na mesma peça,
culminar num fingido êxtase de sentidos;
não são sonhos a perseguir, não são sonhos já perseguidos,
são vazios eliminados e esquecidos.
a Quem importa afinal o findar da vida? o Receber da morte?
fraqueza, ausência de qualquer poder para recusar,
é o desespero, o viver do pesadelo,
é não conseguir.
voa agora, voa para bem perto,
para continuares a ver cada sabor e cada sensação
a fugir das mãos, por cada dedo, como se fosse areia,
preenchendo
ainda mais este deserto.
não são tintas vivas; é o cinza
é o preto, é tudo pincelado, é tudo esculpido,
é tudo descrição surrealista, por parecer estar tão longe.
a chama congelou, bela obra de arte, enquanto a rocha
ardeu, e ardeu tanto que se transformou em água...
são Letras, palavras, procurando unir: a teoria
à prática, o concreto ao abstracto,
o que mais ninguém Vê
ao óbvio que realmente é. Não se aceita, nem se sente,
nem se faz, e mais ninguém nota,
e por isso estamos a morrer,
É o motivo pelo qual tanta beleza E cor
se chama Natureza Morta.
é o preto, é tudo pincelado, é tudo esculpido,
é tudo descrição surrealista, por parecer estar tão longe.
a chama congelou, bela obra de arte, enquanto a rocha
ardeu, e ardeu tanto que se transformou em água...
são Letras, palavras, procurando unir: a teoria
à prática, o concreto ao abstracto,
o que mais ninguém Vê
ao óbvio que realmente é. Não se aceita, nem se sente,
nem se faz, e mais ninguém nota,
e por isso estamos a morrer,
É o motivo pelo qual tanta beleza E cor
se chama Natureza Morta.
(notas: agradecer as views do blogue, que passado quatro anos, ultrapassaram as oito mil; dar ainda a sugestão a quem tiver tempo (o dinheiro gasto é mui pouco e compensa) para passar na exposição "natureza-morta gulbenkian" que está lá até meados de Janeiro de 2012. Está excelente, e tomou conta deste poema, ou deste texto.)
( quadro de Pieter Claesz )
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
esquecer E aceitar
Quando me vejo ao espelho
Não vejo quem sou, vejo o que os outros vêem.
Eu mesmo, sempre mais velho, mais desigual.
Um retrato pintado a tintas vivas que se mexe
ao sabor do tempo. Sento-me à margem desse rio enorme
chamado oceano olhando, sem fazer quase nada.
A paz que não detenho é uma paz inglória, nada fiz para a merecer.
(a música embala-me enquanto passeio entre hesitações)
Por vezes esqueço...
Seres racionais esquecem-se de amar...
E os que amam, esquecem-se de pensar...E depois,
Sobra sempre a ignorância, de quem não quer tentar.
Ou de quem vive tentando, sem conseguir.
No fundo, caminhamos todos para o mesmo fim...
Apenas caminhamos por estradas diferentes.
Esqueço-me...mas é a verdade.
Por vezes pensamos tanto tempo na maneira de fazer,
Que nos esquecemos de fazer de facto.
Volto-me a ver ao espelho...o que mudou?
Nada...cresceram-me asas negras, num corpo humano...
Ou serão asas brancas num monstro?
Nada. As asas mudam de tamanho, mudam de cor,
e apenas sobram restos de um corpo humano
num real monstro.
Importava-me ser...
E para já não quero ser nada.
Porque nada importa.
(não deixa de ser curioso que este texto começou a ser escrito nos últimos dias do ano de 2009. Nunca foi totalmente acabado. Desse pedaço inacabado foram retirados 'excessos' e consegui agora, finalmente, acrescentar outras partes. Não o sinto acabado, no seu todo; mas nem tudo pode ser substituído, e algo verdadeiramente completo é complicado de alcançar. Resta-me ficar 'grato' por ter tido aqui a oportunidade de corrigir e de melhorar algo, passado tanto tempo, quando nesta vida quase tudo passa sem essa mesma oportunidade...e às vezes em espaços de tempo mais curtos, ou pior ainda.)
Não vejo quem sou, vejo o que os outros vêem.
Eu mesmo, sempre mais velho, mais desigual.
Um retrato pintado a tintas vivas que se mexe
ao sabor do tempo. Sento-me à margem desse rio enorme
chamado oceano olhando, sem fazer quase nada.
A paz que não detenho é uma paz inglória, nada fiz para a merecer.
(a música embala-me enquanto passeio entre hesitações)
Por vezes esqueço...
Seres racionais esquecem-se de amar...
E os que amam, esquecem-se de pensar...E depois,
Sobra sempre a ignorância, de quem não quer tentar.
Ou de quem vive tentando, sem conseguir.
No fundo, caminhamos todos para o mesmo fim...
Apenas caminhamos por estradas diferentes.
Esqueço-me...mas é a verdade.
Por vezes pensamos tanto tempo na maneira de fazer,
Que nos esquecemos de fazer de facto.
Volto-me a ver ao espelho...o que mudou?
Nada...cresceram-me asas negras, num corpo humano...
Ou serão asas brancas num monstro?
Nada. As asas mudam de tamanho, mudam de cor,
e apenas sobram restos de um corpo humano
num real monstro.
Importava-me ser...
E para já não quero ser nada.
Porque nada importa.
(não deixa de ser curioso que este texto começou a ser escrito nos últimos dias do ano de 2009. Nunca foi totalmente acabado. Desse pedaço inacabado foram retirados 'excessos' e consegui agora, finalmente, acrescentar outras partes. Não o sinto acabado, no seu todo; mas nem tudo pode ser substituído, e algo verdadeiramente completo é complicado de alcançar. Resta-me ficar 'grato' por ter tido aqui a oportunidade de corrigir e de melhorar algo, passado tanto tempo, quando nesta vida quase tudo passa sem essa mesma oportunidade...e às vezes em espaços de tempo mais curtos, ou pior ainda.)
domingo, 4 de dezembro de 2011
entorpecida aceitação
Como posso fazer isto de maneira a não estragar tudo? Pergunta o ser humano.
Não podes. Responde o monstro.
(mas)
a mentira é sensível, mas também sensata,
e na face desolada é finalmente compreendida
a desilusão. é falsa essa luz, é falsa toda e qualquer luz
que finge roubar o lugar às trevas...
Mas que trevas? Mas que luz?
Se na visão que negam
falta a verdadeira observação?
olhos e rostos, que fogem
que se curvam
em direcção ao chão...
(mas) , é tão fácil cair nesta realidade
como noutra qualquer. (mas)
os olhos não vêem mais luz
se está escuro o coração,
e nessa mesma paisagem
da mais mundana
à mais diferente
os olhos não sentem a vastidão, tudo é finito,
tudo é fechado e triste,
tudo somos nós.
E às vezes só sabemos que algo já está morto
quando já não o sentimos vivo.
Não podes. Responde o monstro.
(mas)
a mentira é sensível, mas também sensata,
e na face desolada é finalmente compreendida
a desilusão. é falsa essa luz, é falsa toda e qualquer luz
que finge roubar o lugar às trevas...
Mas que trevas? Mas que luz?
Se na visão que negam
falta a verdadeira observação?
olhos e rostos, que fogem
que se curvam
em direcção ao chão...
(mas) , é tão fácil cair nesta realidade
como noutra qualquer. (mas)
os olhos não vêem mais luz
se está escuro o coração,
e nessa mesma paisagem
da mais mundana
à mais diferente
os olhos não sentem a vastidão, tudo é finito,
tudo é fechado e triste,
tudo somos nós.
E às vezes só sabemos que algo já está morto
quando já não o sentimos vivo.
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