Quando me vejo ao espelho...Por vezes esqueço...
Volto-me a ver ao espelho..Importava-me ser...
Agora não me importa nada.
Delicioso é o pormenor da vida, enquanto é alimentada.
A obrigação de esquecer é pesada, sempre presente
fazendo recordar uma maldição que não deveria
pertencer a ninguém. Mas pesa, mas pertence.
Inglória batalha, o esforço suja o chão como se fosse sangue,
são olhos de uma tragédia que devoram a realidade.
Absorção de cores tão frescas, tão secas, tão tristes,
contrários quase belos, que vão derretendo...Parece
beleza, parece utopia, mas é ilusão apenas,
escondendo a podridão de uma morte já assimilada.
Ser-se em alto e baixo relevo na mesma peça,
culminar num fingido êxtase de sentidos;
não são sonhos a perseguir, não são sonhos já perseguidos,
são vazios eliminados e esquecidos.
a Quem importa afinal o findar da vida? o Receber da morte?
fraqueza, ausência de qualquer poder para recusar,
é o desespero, o viver do pesadelo,
é não conseguir.
voa agora, voa para bem perto,
para continuares a ver cada sabor e cada sensação
a fugir das mãos, por cada dedo, como se fosse areia,
preenchendo
ainda mais este deserto.
não são tintas vivas; é o cinza
é o preto, é tudo pincelado, é tudo esculpido,
é tudo descrição surrealista, por parecer estar tão longe.
a chama congelou, bela obra de arte, enquanto a rocha
ardeu, e ardeu tanto que se transformou em água...
são Letras, palavras, procurando unir: a teoria
à prática, o concreto ao abstracto,
o que mais ninguém Vê
ao óbvio que realmente é. Não se aceita, nem se sente,
nem se faz, e mais ninguém nota,
e por isso estamos a morrer,
É o motivo pelo qual tanta beleza E cor
se chama Natureza Morta.
é o preto, é tudo pincelado, é tudo esculpido,
é tudo descrição surrealista, por parecer estar tão longe.
a chama congelou, bela obra de arte, enquanto a rocha
ardeu, e ardeu tanto que se transformou em água...
são Letras, palavras, procurando unir: a teoria
à prática, o concreto ao abstracto,
o que mais ninguém Vê
ao óbvio que realmente é. Não se aceita, nem se sente,
nem se faz, e mais ninguém nota,
e por isso estamos a morrer,
É o motivo pelo qual tanta beleza E cor
se chama Natureza Morta.
(notas: agradecer as views do blogue, que passado quatro anos, ultrapassaram as oito mil; dar ainda a sugestão a quem tiver tempo (o dinheiro gasto é mui pouco e compensa) para passar na exposição "natureza-morta gulbenkian" que está lá até meados de Janeiro de 2012. Está excelente, e tomou conta deste poema, ou deste texto.)
( quadro de Pieter Claesz )
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