terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Black Rainbow


(Uma tentativa de arte sem coincidência completa com a realidade) (post 499)

Queria morrer mas não consigo.
Sussurra o anjo: A vida é um pequeno momento que a morte nos concede....Grito-me: A melhor coisa da vida é a morte.
Sou dispensável, como qualquer criatura de Deus. Já ambicionei valer mais; mas desisti. E agora, perante o conforto desta paz morta, onde o sono permite-me viver as melhores horas do dia, não porque sonho (pelo contrário), não porque descanso, mas apenas porque não estou em pé ou sentado ou deitado a viver destas formas, aceito apenas ser aquilo que penso ser objectivos básicos de qualquer ser humano...(Eu sei, um desses objectivos devia ser ambicionar mais em várias ou todas as vertentes...Sem dúvida. Lutem por ele então, só vos fará bem). É tudo exagero, é tudo metáforas. As palavras não saem...e acabo por não perceber porquê. Serão as palavras mais do que suficientes ou insuficientes para exprimir-me? Sufocarei, ou respirarei melhor no silêncio? Tantas vezes nesta vida fiz por lutar em não desistir, por tantas vezes tentei que lutassem por não desistir...mas só agora encontro a verdadeira calma de estar ao vosso lado...E confesso, que é bem melhor lutar por desistir sempre. Só agora vos compreendo. Peço desculpa por todo o incómodo de vos fazer tentar lutar, fosse no que fosse. Na desistência está a paz, a felicidade. Então porque não me sinto feliz?, Com a paz mundial dentro de mim?
Nada disto é iluminação. Nada disto é compreensão. Nada disto é aprovação. Nada disto faz continuar nada...é como se o infinito me revoltasse mais do que o habitual. Nada é nunca aquilo que parece. E as preces são tão pesadas que nem sequer chegam onde deveriam chegar. Pela primeira vez na vida posso dizer, quase com alguma satisfação: isto é tão complicado...Queriam-me complicado? Podem agora ficar felizes. A simplicidade de tudo acabou. Está tudo perdido nesse esquecimento ainda quente. Eu sou o reflexo triste daqueles que me fizeram nascer. Eu sou as horas cinzentas de quem sofre. Eu sou um arco-íris negro. Continuo a fazer o que sempre fiz, e tento fazer tudo isso cada vez melhor, mas sem qualquer réstia de cor. E o preto não deveria ser uma cor, uma cor usada, uma cor sentida, uma cor interior. Mas é. Não sou paz, nem tão pouco sou amor. Existe cura, existe alternativa, e a seu tempo, se esse tempo existir, tudo voltará a encaixar no local correcto. Talvez. Porque a vida é assim mesmo: tudo menos uma utopia; dizem-me que é feita de momentos bons e maus...pois então eu resumo isso mesmo. Depois existem os momentos que várias coisas ou acontecimentos bons se dão, sabe tão bem, e parece quase impossível, mas sabe tão bem...Tantas coisas boas parecem uma prenda divina. Depois existem os momentos em que tudo o que é mau acontece, de forma azaradamente coordenada, pronta a deixar a humanidade de rastos. Talvez a vida se resuma a isto: contrastes (pólos), e o intermédio. O muito bom, o mau, e o razoável (que costumava preferir dizer satisfatório). É tudo uma questão de leitura não é? É tudo uma questão de peso ou leveza...Perdi e ainda perco demasiado tempo a tentar não sei bem o quê. Mas também é esse o problema, não sei que outras coisas fazer, ou onde mudar. O tempo nunca parou, nem vai parar; e nestas palavras todas, onde prefiro senti-las, mesmo que muito ao de leve, mesmo que quase não sentindo, do que restringir-me ao silêncio, não tento alcançar nada mais do que solta-las. Demasiado simples para mim? Não. Mas hoje não pude fazer mais nada. E viver dos sonhos dos outros, vivendo-os como se fossem meus, continua a ser a minha maneira de viver. Que morra de vez esta luz fraca...para que venham as trevas, ou outra cor qualquer. Alguém deseja um pouco de absinto?

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