sexta-feira, 7 de maio de 2010

Meus irmãos, meus Reis

(começar por agradecer-te o comentário, Sofia, é sabor saboroso saber que não fomos "esquecidos". E ainda bem que ainda vais estando desse lado a acompanhar-me! É um prazer. Continuo a desejar-te tempo para respirar. (smile))

Meus irmãos, meus Reis. Este texto desenvolveu-se na minha cabeça a meio de um concerto. Este foi um daqueles dias que servem de exemplo à teimosia humana, por outras palavras, dado o meu desespero, à estupidez humana. Fui convidado para um concerto de um amigo meu. A minha vontade era praticamente nula. Entre ficar em casa a ler, escrever, ouvir música, espairecer o cérebro em inutilidades parecia-me de longe uma opção bem mais aliciante...Ainda bem que os teimosos aprendem quando batem com a cabeça na parede. (Nem todos, mas enfim.)
Sabia desde cedo que a banda em si era um completo falhanço. Algo que sempre disse ao meu amigo. Desde o vocalista, (que não sabe cantar de todo), quer as letras, que tocam o rasca da língua portuguesa (incluindo rimas pobres com verbos). No entanto, sendo meu amigo, estou lá para o apoiar, não deixando nunca de dar a minha honesta opinião. Ora...vamos ao pormenores interessantes. No que pensei eu hoje? Tantas coisas...Pronto pronto, talvez só algumas coisas. Eram 21h30 estava na paragem do autocarro com mais dois amigos para irmos ter ao local do concerto (Praça da Alegria em Lisboa, perto da avenida da Liberdade). Chegamos lá às 22h00. O concerto estava marcado para as 23h30...e ao chegarmos lá descobrimos que afinal adiantou-se para as 00h. Entretanto chegou um amigo comum aos meus amigos. Já tinha estado com ele outras vezes. Uma pessoa porreira sem dúvida. Bom fundo, e bom sentido de humor. Adiante. Faltavam duas horas para o concerto e sabíamos que o baixista da banda (o nosso amigo Raul) tinha coisas a fazer por lá, tinhas outros amigos e a própria namorada com ele...por isso decidimos contentes ir ao Bairro Alto, que fica a vinte minutos a pé do local onde estávamos...
Soube-me muito bem, espairecer, e provar sangria branca (que provei pela primeira vez), num local acolhedor e simpático chamado a Janela d'Atalaia. Fui reflectindo...tive os meus momentos de silêncio pensante enquanto perdi os meus olhos no vazio, com o copo na mão, acenando que sim com a cabeça...Como gostava de te mostrar alguns locais, estados de espírito, e outras vistas. Mas foi bom. Muito bom. Quando chegamos ao local do concerto deparamos-nos com o Raul e a namorada...Infelizmente começamos com o pé esquerdo com a Cátia. Mas teremos tempo para mudar isso.
Lá dentro, num clima algo diferente do habitual, onde residam "revoltados" de todos os estilos, a maioria a imitar estilos de cantores, fomos para uma mesa e respectivas cadeiras. Que começa-se então o espectáculo. A primeira banda foi deprimente. E depois de muitas piadas formuladas com risos à mistura chegamos à conclusão (somente para abrandar o nosso ritmo de piadas) que a arte é subjectiva. E eis que chega o momento aguardado : os...Deserto Branco! Quando o Raul entrou fizemos questão de gritar bem alto "Ninguém pára o Raul, olé oooooo!", para mostrar o nosso apoio. Ora conclusões...A minha postura inicial foi só uma: tirem-me daqui.
Mas, aos poucos, aconteceu algo, e fez-se luz no meu espírito. Estava eu ali, quase armado em superior, quase apontando o dedo, estereotipando, para quê e porquê? Nós, seres humanos, muitas vezes cometemos este erro...e nunca sabemos muito bem o porquê desse erro. E eu não o entendi também...mas apercebi-me de uma coisa: estava parcialmente com "inveja" (entenda-se esta palavra com as palavras seguintes). Do quê? Ali estava, um grupo de pessoas, entre elas um amigo meu, a dar o seu melhor, para quem estava na sala, e mais importante ainda, a fazer aquilo que gostava, da forma que gostava, a fazer aquilo em que acreditava. Nesse momento olhei para o concerto com outros olhos...fez-me lembrar uma frase do Fight Club que diz mais ou menos isto, (é um pensamento do Edward Norton) "o Ricky não passava de um rapaz que tira fotocópias lá no escritório, mas naquele combate, durante aqueles dez minutos em que se aguentou a lutar o Ricky foi um herói...". Ali estavam eles, durante aqueles minutos a serem Reis. A mostrar o seu potencial, fosse apreciado ou não, para pessoas muitas delas convidadas por eles, que eles gostavam para lhes mostrar uma outra faceta, neste caso, ligado à música. Foi gratificante.
Meus irmãos porquê?
Toda esta parte final do dia, fez-me reparar mais uma vez, na minha vida social, em termos de pessoas com as quais sei que posso contar e que estão para mim. A maioria das pessoas pensa ter muitos amigos. Mas a verdade é que não serão assim tantos...nesse leque encontra-se conhecidos (que por vezes queremos acreditar que são mais do que isso), colegas e ainda híbridos, uma mistura de colegas e amigos. E claro, alguns amigos. Nunca tive muito jeito em ter amigos em massa. É um defeito de certo. Porque quando faço um amigo, no verdadeiro sentido da palavra, é de facto uma amizade séria. Algo consiste e para a vida. Os amigos não devem ser descartáveis. Nem devem tremer como luzes, que aparecem e desaparecem. Não. Por isso cheguei à conclusão que me sobram nesta vida, e não fico triste, o que todos vocês têm: em primeiro lugar a família. Esse laço de amor e amizade, que dura sempre e para sempre. E depois, como amigos verdadeiros, amigos de verdade resta-me um número reduzido de seis pessoas, activamente presentes na minha vida. Posso e devo inúmera-las. Não vou apresentar características de cada um em especial se não este texto alargar-se-ia mais do que o que já está, mais posso dizer tudo o que fazem por mim: estão sempre lá, os mesmos do costume, como num suposto casamento feliz - no lodo e na felicidade, sofrem comigo e ajudam-me, e sorriem com as minhas conquistas e felicidades, com os meus passos, avanços e retrocessos, vitórias e derrotas, e como amigos que são nunca me ofendem com a mentira, iluminam-me com a verdade, mesmo quando esta dói muito. Varela, Raul, Filipe (Filas), Fred (Frederico) Joana Garcia e Liliana. São vocês. E tenho outros, mas são amigos mais ausentes devido às condicionantes da vida...Maggie, Sofia, Bruno, Paulito. Obrigado. Também estou sempre lá para vocês. Sempre. Vocês são os meus irmãos neste mundo. E o mundo para mim não teria o mesmo sabor sem vocês.
E quando vos vejo a fazer o que gostam, a serem felizes na vossa vida, a serem Reis nem que por momentos o meu sorriso abre-se de forma verdadeira.
Já se faz tarde...mas não me podia deitar com isto na cabeça, a rodar de forma rápida.
Existem outras peças na minha história...mas isso fica para outro dia ou para outra vida. A vida para mim é simples...talvez seja um eterno sonhador frustrado, com falta de senso de realidade. Mas talvez não. As pessoas do signo Touro são carimbadas de teimosas...não costumo acreditar nessas coisas, mas na verdade é uma característica que encontro nesses Touros...Como em mim próprio. Por isso, até prova em contrário, continuo a acreditar naquilo que acredito. A fazer por mim aquilo que acho justo, digno de ser feito, de ser apreciado e cumprido. Até prova em contrário.
Que seja a vossa consciência (e vocês a minha) em alturas de cabeça mais quente, e que seja a vossa 'irresponsabilidade' (e vocês a minha) em momentos de excesso de segurança e asas presas...
Meus irmãos e meus Reis, um bem aja a todos. Por tudo e pelo quase tudo. Não mudem. Estão próximos de ser um círculo perfeito. Tenham fé na luta e conseguirão tudo. Aqui estarei, como sempre, para acompanhar cada passo, cada fome, pronto para dar uma injecção de entusiasmo e de força, pronto para servir de pára-choques. Eu quero aquilo que quero...tal como vocês. E se o podermos atingir juntos?

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