sábado, 1 de novembro de 2008

Cálculo reprovado

Caminhamos neste mundo
Sorrindo, mentindo, fugindo.
Nesse turbilhão de ideias
Que fluem em direcção ao céu
Palmilhamos as brasas do chão
Que nos acompanham quando
Mais precisamos.
E não é por acaso
Que vejo tantos reflexos meus
Quando passeio neste mundo,
Como se me visse ao espelho.
Essas exterioridades coloridas
A mim não me incomodam,
Sinto-me muito mais incomodado
Quando vejo que sujo mais do que
O próprio lixo.
Sei que existo porque faço por existir,
E enquanto a morte não me
Ceifa o corpo a alma vai brincando.
Entre a vossa verdade e a minha
Prefiro a vossa. Porquê?
Porque é mais bela, carrega
De eufemismos e tão próxima
Da mentira.
Não se incomodem, quem está errado sou eu,
O erro desta equação é culpa minha,
Nunca gostei de números apesar da sua
Perfeição e das letras pouco ou nada
Sei.
E não é por acaso que um erro de
Cálculo nos obriga a rever tudo outra vez,
Só sei que quando chego à minha
Varanda para ver duas ou três estrelas penso:
Apetecia-me destruir algo belo.

31/10/08

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