segunda-feira, 19 de agosto de 2013

premonições

Além das montanhas e das nuvens
um pensar gelado faz por se manter sempre 
em constante
movimento.
Desejado é o alento, 
calculado é o desprezo,
Praticado é o erro.
Alucinações são sonhos com um paladar
mais febril, assim como os pesadelos
nascem com um sabor realmente amargo e real. 

Não deviam, nem devem aceitar a vida
só porque a morte ainda não chegou...
Porque ela chegará - mais cedo do que tarde
porque ninguém é eterno.

Premonições caiem das montanhas e das nuvens,
como que uma avalanche,
mas sem rochas enterradas na neve e gelo
que as consigam abrandar...
Premonições são desejadas, calculadas,
colocadas em prática,
São a esperança, são o ódio,
são todos os erros...
Eva comeu, Pandora abriu,
o Homem foi arrogante e ganancioso.

Reticências do tamanho de rochas e pedras
tão antigas quanto o mundo,
tão pesadas quanto o mundo,
caiem, depois de todas as premonições...
Para que no fim, tudo o que (continue a) restar
seja incerteza. 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Quake

Ressurreição d'almas queimadas pelas preces
gritadas durante todo este tempo,
Contra o vento, contra as marés,
Contra o frio e o gelo
O calor e as areias do deserto seco.
Treme-se o coração, o medo arrebata
os sentidos, e por breves momentos
não mais escolhemos...e somos escolhidos.

Treme a terra, segura do pavor que invade
os que se julgavam superiores,
Deliciosos terrores aliciam
os mais pequenos demónios;
e os anjos não conseguem ficar indiferentes,
na mutação suprema multiplicam as suas asas,
e aprendem a respirar, a sentir prazer e dor,
A dar vida e a tirar.

Tremores, provados pela consciência
de uma demência que é revelada...
Por outras apenas aceite.
Tardias são as palavras que nada importam,
Que nada mudam, que a tudo tiram a razão de se ser.
Os tambores tocam, e se o divino permitir,
tocarão cada vez mais alto...

Nesse pequeno palco onde
a vossa verdade é a verdade de todos os outros,
Inabalável, imponente, imortal,
a mais pequena aragem, tal brincadeira do vento,
ganha proporções épicas
Forças Naturais incontroláveis
Tal terramoto que de um só movimento
divide
a terra
em
dois
.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

damage over time

Dói demais não doer já tanto - ou quase já não doer,
Dessa dor, desse dano causado, desse dano dorido
sentido constantemente, que acompanhava o respirar,
o andar, o pensar e o não pensado, o estar vivo
sem se querer estar, o aguardar que a morte
não aguardasse mais...

Não cansa mais esse trovejar a trevas,
o calor das infernais labaredas,
A luz escura do Céu...
Demónios e anjos, juntos, de mãos apertadas,
almas unidas, sentindo nos pés a mesma aspereza
da terra, da folha e do pó.

Ninguém espera mais do que aquilo que alcança,
e raramente avançam mais do que tudo aquilo que recuam,
Mais um passo, mais outro, mais dois passos,
Não há balança que se desequilibre
na hora de conquistar mais balanço...

A palavra está escondida nas cavidades
da boca,
a Palavra está trancada nos lábios...
Mas nasceu em dois sítios tão diferentes...
Como a Ciência e Fé...
Até lá, fica o agradecimento.