quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Certo como a morte

Jamais poderá julgar-se
como certa a maldade
intrínseca no Homem, assim
como a bondade.
Mesmo na distância constante
para com a verdade jamais
se poderá julgar como certa
a mentira no Homem; e o
ódio, e o amor, e todas
as variedades de todos os sentimentos.
Certa, fatal, final
Só a morte.

Existem momentos em que as palavras
não são vento,
levadas por um nada
transportando um vazio
para um lugar qualquer,
para lugar nenhum. Não.

O que se enterra pode ser desenterrado, 
do que se foge, mesmo que para longe,
pode-se mais tarde para ele voltar, 
o que se perde no tempo
noutro tempo se pode reencontrar. 

Não. Nesse lugar único, construído
sob palavras, onde degraus levavam a
divisões diferentes e a janelas com paisagens
nunca antes vistas,
como se deveria agir?

O óbvio era falado por tantos, e falado
pesado de tanta verdade.
Acto vivo, já pensado, desejado, quase tardio.
Tão certo como a própria morte. 
Uma saudade do que ainda não se perdeu.

E escrito nas histórias mais banais
está escrita a verdade das almas
e das tristezas imortais:
o que está morto não pode (voltar a) morrer.



A frase a itálico, última frase do texto, é retirado da compilação : Game of thrones, de George RR Martin.
Este texto é uma lembrança para o leitor, ser humano atento, que vive cada dia, consciente que o céu muda várias vezes durante a sua vida. Existem vários tipos de escuridão, e cada uma delas dura o tempo que tem de durar. O problema é só um: algumas podem durar uns minutos, outras horas, outras tantas dias...algumas conseguem perdurar por meses e mesmo anos. E no extremo: para sempre. Não importa se a culpa da sua duração e até do seu aparecimento é nossa, de outrem, ou de ninguém...elas duram o tempo que têm de durar. O que está nas vossas mãos é isto: a vontade (somente) de tentar de uma vez por todas, fazer com que ela desapareça - talvez isso não seja possível, mas aos poucos, ao querer pelo menos (somente)  tentar, talvez ela diminua, fique pequena, tão pequena...que já pouco se faça notar, mesmo que nunca desapareça. Existem vários tipos de escuridão, e cada uma delas dura o tempo que tem de durar.


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