terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

a fome da Leviatã

Grilhões pesados, fixados na mente
fixados no corpo...
uma imagem de culto, um respirar cansado
de quem já viveu de mais, de quem já procurou de mais,
O pensar beijou o sentir - surgiu o terceiro olho,
atingiu-se o sexto sentido.
o pequeno deus, o pequeno ser, cai morto.

Não se podem esquecer que os demónios
também precisam de alimento.
São sete pequenas criaturas, são todas as outras.
Na imortalidade das Eras
esquecem-se as mais importantes quimeras;
é a besta do horror, a fera que consegue rasgar o sol,
o céu e o mar são vermelhos...
A última lança perfurou a salvação?
Está escrito na pele, está envolto em veneno,
por hoje nada se faz, tudo se fará amanhã...
Não foi cedo, talvez tenha sido tarde..
Já está alimentada a Leviatã.

Arde o desejo nessa dança
à luz das chamas, à luz das trevas,
A verdade do espírito é pobre, é podre,
e que não se passe de hoje
sem que as ruínas virem cinzas.

Os meus irmãos, para os outros apenas imagens e escrituras,
as mais diferentes, as mais monstruosas criaturas,
rastejam, sucumbem,
a culpa não é de mais ninguém
mas agora já é tarde, estando-se vivo
é impossível ir embora...
Fomos destrancados da Caixa de Pandora.

1 comentário:

Joana disse...

Espetacular! Amei o texto desde o seu início cativante...O ritmo quase hipnótico, o tom "épico", místico...A libertação do ser, no final, para acabar em beleza, a inevitabilidade que paira sobre as palvras - «Arde o desejo nessa dança
à luz das chamas, à luz das trevas (...) e que não se passe de hoje
sem que as ruínas virem cinzas.».