domingo, 22 de janeiro de 2012

before I forget



o Silêncio é abraçado,
a Solidão aceite, convidada a ficar,
amada, é um fado já conhecido;
astuta maldade, peculiar mediocridade
tão imperfeitamente escondida.
e o Silêncio é firme, assim como tudo o resto
a escrita é apenas mais um crime.

fraca ilusão, devorada ao extremo,
sem restos de carne, sem restos de ossadas
por devorar. Terão sobrado cinzas.
a perfeição de um círculo
marcada num terceiro olho; tão fechado,
Num Engano - a monstruosidade não espera,
já escorre sangue do pescoço do cordeiro.
Tudo começa com um suspiro, que se expande
num arrepio que percorre todo o corpo.

olhem todos em frente. apenas em frente,
a luz que ficou para trás já se perdeu..
um objecto estranho cravasse no olho,
e a dor? Suporta-se. E a mudança?
Ah mágoa dessa vida, Ah vida.
Nada é o que parecia ser - enquanto letras soltas
se dissolvem, e sobram partículas
minúsculas espalhadas o suficiente
para que nunca mais se voltem a juntar.
Chegará a hora
do Despertar de Pandora.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

a n i q u i l a ç ã o

Carne. Doce, amarga, carne.
é aceite a negação;
passaram tantos dias desde
que coloquei as minhas mãos à tua vontade.
Tantos dias. Dias para aprender,
a evolução nasce
na morte de todo e qualquer sentimento.
no prazer, na dor, na sua dança,
na exclusão de cada sensação.
como se fosse evitado o pecado,
um demónio exorcizado,
por todos aqueles que vivem
na ignorância mais santa, na dormência
mais santa,
- em nome de uma mentira sagrada.
E para quê?

Fogo e gelo; consciente do desespero
de quem já não devia cá estar. E para onde ir?
Não há sentido, não há lugar,
- é como se tudo estivesse destruído.
Perfeita a peça esculpida
a frio, faminta no barulho
alimentada pelo ódio que seduz o mundo
esquecendo-se do silêncio.
- Esse pedaço desassossegado, essa partícula d'alma.

..não me teria hoje lembrado, mas lembrei,
continua, continua, continua, ignora agora Esse suspiro,

não será longa a demora
do Despertar de Pandora.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

amonstrificação

do nada nasceu o tudo
mas o tudo pode mudar num só segundo.
a total destruição do todo que nos
rodeia, o desvanecer da ilusão,
a elevação da criatura mais feia.
Queriam o silêncio? Não o guardem então.

E eu minto, vou roubando e despindo,
como o vento e o tempo
sobre a árvore,
nessa hora de outono.

Embriagados por uma sede sem fim,
amaldiçoados com a melhor bênção,
em mim só sobra o cansaço.
Foi a luz em demasia, foi luz que levou
à cegueira, agora sobram somente as trevas.
Negras são as letras, pensados são os actos,
e não procurem mais - o abismo da incerteza
é aqui que mora.
o casulo aguarda até ao limiar
do Despertar de Pandora.