sexta-feira, 11 de novembro de 2011

coisas delicadas


It seems what's left of my human side is slowing the changes in me ..

Falta de inteligência, excesso de dormência,
vulgar é a essência - pequena coisa delicada;
são as histórias das mil fadas
as milhares de vidas ceifadas
através de ordens tão calmamente suspiradas...
É o ódio que renasce, que nunca desapareceu
completamente, é a ganância em querer ganhar
mais do que aquilo que não se precisa,
é esta raiva indecisa à procura do seu lugar
para se soltar.
Coisas tão delicadas.
Não se trata só de ódio, ou de ausência de amor,
é um terror constante de impotência,
em rituais, em círculos,
que se prolongam ao infinito de uma vida mortal.
e Não se pode fazer nada. suprimido é o grito,
engolido nas entranhas das camadas
mais estranhas do nosso ser, um corpo
sentindo-se ser enterrado vivo,
a morte do melhor momento
no rebentamento enorme de um
explosivo escondido,
é fechar os olhos à luz, abri-los lentamente
para as trevas...é rezar em silêncio
para um silêncio que dorme no frio.
é esta falta do que não está, do que não vem,
tudo numa caixa, fingindo esperar fechada
enquanto esse veneno, essa matéria corrosiva
vai consumindo o vosso humanismo
- cada sentido e sentimento;
enquanto a mim
me aproxima do verdadeiro
e inteiro monstro.
Coisas tão delicadas...


( 10 000 days - inside album cover
(Alex Gray) )

2 comentários:

João de Jesus disse...

Bem Caro Diogo, de todo este texto está delicadamente "excelente"... (é tua a expressão,a um soneto meu)... Mas muito sinceramente, fico deveras contente e motivado com o que escreves... espero continuar a ver textos teus,tens uma prosa cativante... não suspendas nunca (por favor) as tuas transmissões ou comunicações... cada palavra é um relevo para o sossego... nunca te esqueças... e as tuas são de todo bem aplicadas... saúde e abraço fraterno

Joana disse...

Discordo somente num aspeto do comentário de baixo, acho que nada teu se aproxima mais de poesia do que este texto (não que este seja o melhor de todos!), mas porque a beleza das palavras, a simplicidade, a calma e ainda assim, a mensagem que transportam..é incrível.. Fazes com que escrever pareça extremamente simples, como o ato de respirar, e no entanto (tal como os TOOL) o resultado é este emaranhado complexo de coisas belas e verdadeiras e reais. Adorei

«não se trata só de ódio ou de ausência de amor, é um terror constante de impotência» Perfeito! E o texto foi fechado com chave de ouro, com palavras contidas que transparecem calma e segurança da inevitabilidade das coisas delicadas da vida...