segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Indestructible


[este texto não ia ser um tributo...mas as condicionantes da vida ditaram que assim fosse. (Assim junto duas coisas). Algumas frases não são minhas e por essa razão estarão a itálico. Há já algum tempo que não conseguia escrever um "hino", agora tentei. Um texto para todos, que vos acenda alguma parte da alma.
RIP Andy Whitfield, serás para sempre o 'true Spartacus' - e o verdadeiro lutador também na vida real (http://www.imdb.com/news/ni15252464/) ]

...a minha mulher sempre acreditou em deuses. Colocava a sua vida (e a minha) nas suas mãos. - Mulher sensata.
Eu nunca acreditei em deuses. E se acreditasse sei que estaria acima deles, na razão, nos actos...na justiça. Sei que os poderia fazer sangrar... - Teimosia...arrogância. Só tu para ousares desafiar os deuses...
Mas chega...não levarei mais a vida da minha forma. Tenho virado costas, este tempo todo, a algo que alguém sempre acreditou. Errei, e errei por muito tempo...

(O que posso fazer? - Mata-os a todos. E que fazer agora? Mata-os a todos...)

A força física acaba por se tornar radícula, fútil quase, na vida do mundo...a força física é apenas o prolongar do pensamento, da alma, se tivermos a alma pouco espessa, agachada, o resto não vale de nada...
Mas só o mais atento...só o que não se perde naquilo que todos os outros se perdem, consegue realmente sentir e ver isto. Todos vós só conseguem ver as pequenas ondas no lago, que caminham em direcção a terra...Eu, e outros poucos, conseguimos ver a pedra a cair, a pedra que criou as ondas.

- Consigo ver nos homens coisas que neles mesmos conseguem ver...o meu trabalho é alimentar esse pequeno deus dentro deles, essa chama, até que toda ela expluda, se torne a energia que o alimenta todos os dias...

(Mata-os as todos...) Engana-se quem pensa que tudo começa na paz... (e paz é um termo tão relativo...) Primeiro é preciso lutar, de uma ou de outra forma, não deixar nada aprisionado. Guerras interiores não dão resultados, e a paz parece sempre utópica...distante.

Perdi o amor da minha vida mortal para sempre...e a culpa foi minha. Foram as minhas acções, as que julguei mais certas que me trouxeram até aqui...Errei. (Não, não erraste, este era o teu verdadeiro caminho...vejo grandes feitos no teu futuro. Estarei sempre contigo...até que te juntes a mim na outra vida.)
Afastei-me, certo desta necessidade, para me guiar, de toda e qualquer humanidade...é preciso lutar contra todos, todos os seres humanos, e as suas ideias, fazer deslizar máscaras...afastar-me da carne...que não passa de carne...
- Luta por mim, pela honra, pela glória...
- Só luto por mim, e por quem amo.
- Então luta por isso (e Mata-os a todos)...

| A mudança que inspirou quem viveu a história, que sentiu o que ele sentiu. Quem ainda sente |

A minha esposa acreditou sempre em deuses...nessa força que guia tudo, e que nos coloca sempre no caminho certo...se os abraçarmos, de coração livre e aberto...Está na hora de me entregar a eles. Não farei mais actos desejados somente por mim..

Seis prisioneiros, ex-guerreiros, entraram na arena...Estava previsto mais um festival de sangue, e todos eles, segundo os homens mais poderosos, deveriam morrer ali...e dar o maior espectáculo de sangue que fosse possível. Todos juntos lutariam contra um...
...a outra porta abre-se. O povo, mais do aclamar, aclama o gladiador. Chamam-lhe Spartacus, gritam Spartacus. ( Mesmo sem saber os feitos que se seguiriam num futuro próximo, gritavam o seu nome, como se fosse um deus..)
Mas hoje seria diferente...(é assim com o ódio, é assim com o amor...é assim em qualquer um deles...é preciso a pessoa aceitar e deixar-se levar. Há coisas que não se conseguem controlar, outras, nem devem ser controladas...é preciso colocar o coração nas mãos de outra pessoa e de outra vontade. É preciso fechar os olhos...e o caminho abre-se, pronto para ser caminhado...) Foi dado o sinal para se iniciar o banho de sangue. Todos gritavam por sangue, por morte. Mas Spartacus ficou parado...os outros seis, como todas as pessoas em redor, ficaram a olhar espantadas. Abriu os braços, de espada em cada mão, fechou os olhos e ergueu a face para os céus (Só tens de fechar os olhos e deixar que eles te guiem...). Segundos passaram, pessoas enervavam-se, os seis fartaram-se. Um deles ganhou balanço e mandou uma lança...este subiu, brilhou com a ajuda do sol, e começou a descer em grande velocidade em direcção ao Spartacus...este nunca se mexeu, e a lança afiada faz-lhe uma ferida na cara que começa logo a sangrar...mas apenas isto. Começou a festa do povo...

...nesse dia Spartacus lutou sobre uma só influência: a dos deuses, lutou como uma lenda, um quase deus, um deus talvez, quase possuído. As suas espadas conseguiam cortar o vento, e a sua força conseguia furar pedra. Nesse o seu antigo eu morreu...e a chama, uma chama por ele desconhecida, acendeu-se, fazendo dele alguém melhor, indestrutível. Nesse dia morreram seis ex-guerreiros.

O que farias para poder voltar a acariciar a face da tua amada? Sentir os seus lábios? Dizer-lhe que a amas? Ouvir as suas palavras como se fossem a música mais bela? E agarra-la para sempre?... Eu mataria todos.

o autor:
A paz só se alcança depois de a luta ser travada. E não falo de pequenas lutas diárias, porque essas fazem parte do desafio de cada dia. Falo de um pequena grande luta...que nos muda, e que muda o mundo à nossa volta.
Se quisermos muito uma coisa...só existe algo que se pode colocar no nosso caminho para não a conseguirmos: nós...porque o universo há muito que nos deu a sua bênção. Isto porém é também a maior das ilusões.

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