quarta-feira, 18 de maio de 2011

Lâmina a quente

Sinto-me cansado...Mas ainda tenho força
para começar uma nova guerra.
Tenho de a encontrar...

Conseguem mentir-me de forma generosa,
distorcendo cada gesto, cada palavra
de forma meticulosa...é em sentimentos
destes que abomino a prosa.
Os mesmos padrões de um vazio
que se projectam numa repetição...
É fraca a emoção sentida...
E deixa-se ficar morta como essa lanha
que deixou de arder
sem ninguém por perto para perceber
que era preciso mais emoção.
Troca-se a madeira mas não se troca mais nada.
E tudo se repete...porque tudo é sempre igual,
pouco importa a chuva que vem molhar dias mais quentes
ou o sol que nos vai queimando a pele;
os pulmões pegam fogo - mesmo sem se ter corrido,
e os olhos procuram - sem sequer serem vistos,
e os dedos tocam o abstracto, aflitos
por uma realidade concreta...
Até que tudo se regenere
é preciso não pensar nessa lâmina
que escaldada cortou sentidos...Alguns cortes
que já não doem mas que ainda estão doridos
e pedaços espalhados nesse chão
onde o tempo parou.
E tu estás desaparecido...
E a regeneração que vier
não apaga a certeza
de não te lembrares de desaparecer.

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