terça-feira, 13 de julho de 2010

Monstruosidade de um monstro monstruoso

"None of them can even hold a candle up to you.
Blinded by choice, these hypocrites won't see."


"High is the way,
but our eyes are upon the ground."


"It's time now!
My time now!
Give me my
Give me my wings...!"


Cegos pelas escolhas que não sabem fazer...
Vivo num mundo estranho
apesar de ser um mundo normal,
Belo e grandioso e infinito
para a nossa vida curta,
Pesado e triste e pequeno
para finita fome que nos corre nas veias...na alma,
no corpo e na razão.
Um dia ouvirão falar de mim...aquele que bateu
duas vezes num gigante portão
e que bateu uma terceira para não virar
costas sem a certeza que tudo fez
para ser ouvido e sentido
visto e sentido
antes de virar as costas.
Quando penso que chegou finalmente a hora
de acreditar na raça humana
algo me empurra para o chão
deixando-me com o corpo sujo
a cara suja
e um pó nos pulmões e na garganta
que me sufoca por alguns dias...Durante meses
vive um sabor na língua, um sabor a pó, a terra,
que me relembra que não sou apenas um homem
que sou também um monstro que sofre através
dos Homens.
E Deus?
Acaba por ir sorrindo...por vezes um sorriso aberto
outras um sorriso triste. Como chegamos a isto?
Porque foi este o caminho que escolhemos
porque foi este o caminho que andámos.
Cegos por uma escolha errada, pela possibilidade de uma escolha
que nunca existiu. O ser humano talvez tenha o poder
de criar a escolhas, as suas escolhas...
Ou se calhar não.
Interessar-me-á saber a razão das escolhas
que regem este mundo a correr de certa forma?
Já me interessou menos...
Sei que tenho apenas aquilo que tenho
e neste vago monstro que vai crescendo
dentro de mim também decrescem as sombras
que nem sempre podem vir para ficar.

Estou deste lado.
Encurralado?
Não. Esperando ser esperado.
Completamente destronado, sem ramo
de árvore para trepar, sem sol
que me venha por fim secar, para um dia infinito.
Como poderei ouvir algo que não têm para dizer?
Como poderei voltar a confiar num espaço
que não preenche, que apenas finge preencher
um lugar que se vai tornando mais vazio?
Não consigo mais com tamanhas reticências,
com dependências que só dependem de quem
as molda, como uma muralha que serve para proteger
uma cidade...mas as vossas muralhas não protegem,...
As vossas muralhas servem de ponto fraco
para quem quer mais de forma errada.

É apenas demasiado doloroso para mim acreditar.
Sonhar não me dói muito...é apenas difícil dar uma
oportunidade à minha crença no ser humano...

Não nasci monstro.
Mas não fujam já...a culpa não é só vossa.
Muito desta culpa está aprisionada
em acções erradas que tomei
que vivi.
A fé foi derrubada por actos
cometidos por todo aquele que caminhou na minha vida
pela paixão de quem agarrou
uma fruto
sem se preocupar com a casca
mas apenas com o interior.

Tudo o que tenho é um por de sol,
é uma raiva parada
um ódio adormecido.

O monstro acordou tarde...
E talvez tudo o que ele sempre quis
foi não acordar.
Ficando-me assim, à procura de ser procurado,
de encontrar esse pedaço que falta à
razão do mundo girar.
Respiro com a única lógica
de continuar a respirar, e se
escrevo é porque ainda existe
um monstro
para alimentar.
Invado-me.

2 comentários:

simples-mente disse...

Adorei. :)
Mesmo... sem palavras ...

"Ficando-me, assim, à procura de ser procurado"


'matosisi'

Joana disse...

Bem nem sei o que dizer...Na verdade o texto está genial, escrito de uma maneira que só tu consegues, incrível.
A mensagem é francamente directa de uma maneira que não deixa dúvidas sobre o que pensas do mundo que te rodeia e de ti próprio. Gostei do ritmo, gostei da simplicidade das palavras e acima de tudo, gostei de te ver como nos velhos tempos.

«Cegos pelas escolhas que não sabem fazer...» «Quando penso que chegou finalmente a hora
de acreditar na raça humana
algo me empurra para o chão»
«para alimentar.
Invado-me.» Mas lembra-te que nem tudo o que parece é, e esse monstro...