[Há uns meses atrás, estava a ouvir uma música chamada Vicarious, de uma banda chamada Tool. Criei desde cedo uma empatia com a música e com a letra, apesar de não a perceber na totalidade. Quando li a letra, fiquei estupefacto...Não era a primeira vez que uma letra deste grupo me atingia forte. Nem seria a última. Mas a realidade às vezes não passa de algo que está longe apesar de tão perto, e ao ouvir esta música, de certa forma, deixei de esconder uma parte monstruosa minha, quer para deixá-la ser como é, quer para a curar...
Depois apareceste tu...quiseste saber mais sobre a música e sobre a letra. Tive receio. Pensei que te fosse assustar uma verdade tão cruel. Engamei-me. Adoras-te! Obrigado. E obrigado por estares de certa maneira em sintonia comigo nesta “ascensão” em forma de espiral.]
Abrigo-me do peso gigante que a chuva coloca em cima dos meus ombros.
Deixo-a lá fora e subo as escadas, completamente encharcada.
Rodo a chave na fechadura, e após alguns segundos entro em casa, para a encontrar vazia e escura.
Vejo a chuva a cair, agora pelo vidro do quarto.
O dia está miserável e cinzento, o que não podia condizer mais com o meu espírito.
Estou com a vontade de destruição a corroer-me as veias e tu atreves-te a fingir, à minha frente.
Atreves-te a fingir para mim! Tudo, por tua causa!
O vento fustiga os vidros e eu só peço que chova, como nunca choveu!
Que um dilúvio te afogue e leve para longe de mim!
Rezo para que um sismo te destrua e abale, como tu abalaste a minha vida!
Deixando-me ser um monstro, com uma armadura gasta no tempo
Mas solidificada na sua resistência. Não espero que a desgraça te consuma
Apenas que se torne parte de ti, pela profundezas do teu ser,
Até te ajoalhares arrenpendido, em juras sinceras de verdadeiro perdão.
Que sintas em ti toda a humilhação, a força dos sete ventos,
Toda a tragédia na sua total manifestação...
E sentirei-me vivo, por mim próprio compreendido, observando de uma distância segura
Toda a tua degradação...
Abri os poros do meu corpo ao ódio, num abraço eterno,
Filho de almas destruidoras, que raramente criam,
Que raramente amam sem medo, que veneram destruição
Com o todo o seu louvor...
Porque não admitimos?
Porque fingimos...actuamos, iludimos, somos outros,
Sempre outros, nunca nos deixamos ser...e quando deixamos por vezes o pior
Acontece.
É aí que se resume todo um erro histórico:
Quando um Homem mau tenta fazer algo de bom.
Tudo piora ou nada se altera.
Porque não admitimos?
Porque é que não conseguimos admitir que é disto que precisamos para sobreviver?
Ver a miséria à nossa volta, só para vermos que estamos melhor que eles.
Porquê? Porque não admitimos que gostamos da destruição? Da ruína...
Do sabor do ódio na nossa boca. Porque apesar de nunca o queremos sentir, acabamos por voltar a ele, uma, e outra, e outra vez.
Eu sei que é assim.
Enquanto canto ao vento as minhas palavras de revolta e raiva, a chuva parece compreender.
E começa a cair mais forte, com mais velocidade. Com mais vontade, capaz de realizar o meu desejo.
E agora? Sei que possivelmente se tu acabasses, o meu mundo não iria ficar melhor. Mas iria ajudar a minha alma completamente em ruínas a sarar.
Será que não percebes? Preferes fingir que nada aconteceu?
Eu não consigo fazer isso. Lamento. Mas sei que prefiro odiar cada coisa tua, a fingir um sorriso, só para aliviar a tua consciência, não a minha. Não dizer um “olá” falso só para tu pensares que está tudo bem.
Que podes adormecer em paz, enquanto eu debato a noite toda com a tua presença a estragar todos os meus sonhos!
Sim, eu admito! Eu gosto de ver as coisas destruídas! Especialmente quando essas coisas são tuas. Quando elas são, tu.
Sim eu admito!
Aquele dia chegou. Aquele dia que um dia temi, mas que hoje agradeço. Celebro.
Aquele em que só a simples menção do teu nome me causa repulsa.
Esse dia chegou, finalmente. E estou aliviada com a sua chegada.
Como se fosse o inicio do fim, um acontecimento sem lugar na história,
Mas com o significado mais importante de sempre.
Somos seres incriveis, monstros terriveis
Que actuam num palco de ilusão disfarçados de vários papéis.
Por último, quando um suspiro final fica preso nos lábios
Percebes que nunca te deixaste ser, que foste
Sempre um mendigo que aguarda mais depressa a morte
Que a ajuda de outrém...
Que não saltaste na hora de saltar, e que negaste o amor
E a felicidade, viraste as costas e como um cobarde choraste
Por teres medo de amar e ser feliz.
Somos imperfeitos...mas isso não é razão para prolongar o erro.
Errar é o humano mas não deve ser nossa vontade errar para
Prolongar a imperfeição.
Sou escrito, sou melancolia, numa força pequena, quase rouca,
Voz que se mantém viva até morrer,
Sou questão louca, sou atrevimento
Num mundo que se mascara de preto quando na verdade é cinzento.
E somos poucos e somos loucos, mas com vontade forte de nunca parar,
E estamos junto por um mundo melhor
Preparados para fazer romper pessoas que como tu
Vieram para ficar...
Escrito por Diogo Garcia e Joana Garcia[ http://memoriasrasgadas.blogspot.com/ ]
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