sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Nascido
Nascido no paraíso
O caminho que hoje piso
São as brasas do inferno.
O mais comovente
É descobrir que os que vivem
No paraíso julgam morar no inferno.
E eu não finjo a dor
Não sofrida,
Como que de uma aberta ferida
Sinto o odor dos muitos que sofrem
Realmente. E com eles sofro.
Não choro, apenas desespero,
Não grito, apenas escrevo.
Como o planeta terra
Tenho períodos cíclicos
De luz e trevas.
Estremeço quando o sol nasce,
Louvo o nascer da noite.
Uma guerra civil mundial
Revolta Deus:
Homens ajudados pelos demónios
E demónios ajudados pelo Homem!
Os anjos? Morrem de exaustão.
De nada serve ter-se paz de espírito
Pois não passa de paz armada.
Nascido no paraíso
Não desprezo a importância do inferno.
Às vezes é preciso viver o mau
Para valorizar o bom.
Escrevo sobre o paraíso
Apesar de escrever no inferno.
21/04/08
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