segunda-feira, 21 de julho de 2008

Vivo hoje para morrer noutro dia

Vivo hoje porque não quero
Comer suicídio assumido à sociedade
Pelo sangue ou pela dor ou não
Sentida.
Apesar da não-água que corrói
As minhas úlceras e gastrites,
Apesar do escuro que lanço para
Os pulmões, apesar de tudo.
Vivo hoje para morrer noutro dia.
Não me enfiem conquistas,
(Campos estavas tão certo)
Sejam lá elas do que forem.
Acho tanta graça a essa ganância
Pelo inútil, como vibram por mudarem
O acento circunflexo duma palavra esdrúxula
E adjectiva do verbo substantivo.
As leis modificam-se para se mudar
Algo…
Tantas complicações…Vocês só complicam,
Fazem compilações de complicações.
Continuo a dizer que sou diferente
Por ser um doente consciente
Assim como Sócrates sabia um
Pouco mais (um pouco mais dizia ele)
Por admitir que nada sabia.

Vivo hoje porque prefiro morrer noutro
Dia,
Apesar de saber que para morrer
Qualquer dia serve.
Vivo hoje porque sei que o passado
Já passou, e o futuro ainda não chegou.
A vida é o agora, é o instante é
O presente, tudo o resto?
Não faço a mínima ideia.

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