domingo, 31 de março de 2013

o embalar das trevas

"Fear is confusion, pain is clarity..."

A salvação dos tristes e dos desiludidos,
(únicos manipuladores de tal tristeza e tal desilusão)
Está numa luz que fraqueja, aos olhos negros
de uma esperança quase morta.
A pressão começa a construir os seus alicerces,
o primeiro pensamento é que tudo não terá passado
dum mero calafrio...
Mas como poderá ser apenas isso?
Quando a alma é mastigada viva, por entre dentes
que suspiram maldições; dissolvida numa saliva venenosa;
e uma garganta que pouco precisa de se esforçar
para produzir o grito mais horripilante e assombroso
alguma vez escutado...Observamos o nosso ser
com olhos exteriores, como se fossemos uma outra pessoa,
Com uma respiração ofegante tomamos consciência
que o sofrimento que nos é imposto é em demasia,
E que toda aquela gritaria não pode surgir de um ser humano.
Todos os dias são iguais, pode não acontecer termos a sorte
de viver os melhores sentimentos, mas temos o azar de sentir
toda esta dor. Já deverias ter perdido o medo,
aceitado esta realidade, e aprender a moldar um novo Eu;
Ás vezes é díficil explicar como tudo começou - porque dói de mais,
mas é tão fácil dizer como tudo vai acabar.
Um olho sobre as estrelas e as suas constelações,
Outro, sobre as monstruosas acções de quem caminha por esta terra.
Á luz da escuridão tudo parece mais calmo,
E nas palavras que dizes, ou nas palavras que escreves,
não precisas de fingir, de partilhar mentiras fáceis,
A essência é básica, é primária, é pré-histórica,
É negra como o universo antes do nascimento das estrelas...
Porque a escuridão está presente no coração de todos
os Homens - para nos relembrar que existe um oposto,
uma luz superior. Só que os opostos nem sempre se atraiem...
A melodia aconchega o mais esquecido,
fazendo com que o esquecimento, o vazio e a agonia,
sejam como irmãos separados à nascença...Mas chega o dia
em que todos se reencontram.
Sentir medo é saber que se está vivo,
mas um vivo manipulado pela confusão;
Apenas no negro que preenche o vazio
do que nos rodeia, desde as cores ao oxigénio,
aos sabores e dissabores da vontade e da razão,
Do exagero dos sentimentos até à sua dissolução,
destes olhos negros (onde uma luz fraquejante
tenta manter viva a esperança),
Só o acto, só a dor, só o pensado e sentido,
Podem libertar a verdadeira claridade.


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