sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Experimentos finais
Magoa antes de cortar,
Corta, sangra, magoa um pouco mais.
Até à perfeição, até à última queda,
Até ao profundo, do melhor deste mundo
às sombras da escuridão,
Tudo não passa de uma experiência final,
seguida de tantas outras.
Volta a magoar, agora somente depois do corte,
Retira, reconstrói, amaldiçoa o erro que se repetiu,
Destrói novamente.
Sangra.
As emoções não podem ser presas.
Corta novamente e verás.
Corta, corta mais fundo, e corta outra vez.
Sangra. Sangra ainda mais. Mas já não dói.
Não pode doer.
Aguenta firme, imóvel e estanque
como uma rocha que nasceu com o Mundo.
O que não magoa não pode doer.
A luz agora está apagada.
Naquela mesa colocada ao centro da divisão
existe sangue, de cada corte, de cada incerteza
de cada tentativa falhada.
Mas o corpo não está lá; porque vivo e silencioso, levantou-se e saiu,
Continua a aprender com cada corte, esperando que a próxima
experiência seja a última.
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