sexta-feira, 25 de maio de 2012

Palavras de sangue


Lançaram os dados e as moedas,
rezaram aos deuses para que os dedos
fossem abençoados...mas a sorte
nunca retribui com sensatez.
Repousa-se a consciência,
com a mão apoiada no Peão
e finge-se pensar,
porque tudo vos levou a crer
que essa pequena jogada fará toda a diferença.
(Xeque)
A preocupação constante por ser ter
perdido a Rainha, esquecendo
que o que realmente importa ainda está no tabuleiro.
Avançam-se as Torres, mais nada por ali passa,
uma barreira dita implacável; Saltam e dançam
Cavalos brancos e pretos apanhando
desprevenidos os menos atentos...O Bispo
aguarda-se na fé, à espera de uma revelação divina.
(Xeque)
Sempre que uma peça é arrastada deixa
no tabuleiro um rasgo de sangue.
Somente o esforço em alcançar mais dor
será recompensado. As lágrimas e o suor
fazem parte desse jogo onde ninguém vence.
(Xeque)
O medo da morte não pode existir.
E as memórias nunca mentem.
Mas as memórias são como os sonhos
são distorcidos no movimento de cada peça.
Terão sido os actos pensados?
Ou o pensamento terá vindo depois?
Tudo passou tão distante...e todo o jogador
percebe tarde de mais que falhou na razão
ou que foi abandonado pela sorte
quando tudo perde.
(Xeque..)
Desde o primeiro movimento do Peão
começou logo a ser escrita em sangue a palavra...
(Mate)

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