terça-feira, 8 de maio de 2012

daylight


não saberás como dizê-lo.
Dar tudo por um pouco mais
desse nada, desse tão pouco,
como dizer?
Acorda o dia, tão cedo,
nessa violenta luz
dirão alguns
uma claridade apática
que já não te seduz. Desaparecimento.
Tudo elevado ao segundo, ao expoente máximo
do momento, sem inspiração divina
sem inspiração humana
sem inspiração cientifico-matemática-racionalizada.
E as palavras não chegam por serem tão poucas.
Sou um espaço vazio
que vive completamente entre silêncios.
Tens o mundo nas mãos,
o único crime é abri-las.
Escolher o que não fica,
olhando um espaço, interdito à presença de outro alguém,
que fica uns centímetros ao teu lado;
o molde de uma frágil alma delineado,
um corpo levemente inacabado;
às custas do pensamento nada poderia fazer
menos sentido; por cada gesto
de segredo levemente mantido
que escreveu nos lábios um sorriso.
Como poderias dizê-lo?
Se tudo o resto, assim como cada dia,
gira e mexe e vive e responde e pergunta
sempre igual ou desigual mas sem vigor,
esta máquina programada para não errar
faz tudo parecer mais fácil.
Poderias dizê-lo
para o ouvires, para o ficares a saber.

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