segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A outra face do monstro


"Can't tell you the truth
'least I don't lie about that...
" ( Any Way The Wind Blows - Sara B .)

Monstruoso é o coração de quem ousa amar;
Pelos sentimentos sofridos na pele
elevados ao sentido extremo do prazer
de se ser feliz; e aos poucos, muito devagar
encontramos a paz acesa que nos
faz querer melhorar e mudar tudo aquilo
que achamos estar mal nas nossas vidas
no nosso mundo...
Quando dou por mim a espiral é certa como
a morte; já desisti da sorte há muito tempo
e agora neste terreno humano oscilo entre
sabores de várias cores, músicas de vários sabores.
Quando dou por mim toda a minha vida apresenta-se
bela, concreta, sem dor, sem pavor,
Imagino como teria sido se nunca tivesse travado certas
palavras, evitado alguns movimentos;
torno-me naquele homem de longa idade
que recorda para justificar a vida.
Onde poderei ir?
Onde me quiser levar.
Não são duas faces diferentes:
são dois pontos de vista contrários,
obliquos, paralelos, um cálculo com incógnitas decimais.
Sonhei por pouco tempo nessa lua de Agosto que se escondeu;
e ao que parece nem o sonho foi de facto sonhado,
vivi num sonho que nunca sonhei
num desejo que acabei por sentir
em vão, como se para sofrer bastasse amar.

Mas não é verdade. Revolto-me com todas
essas amarras humanas, esses limites
que nada delimitam...Porque não podes estar aqui?
Pela mesma razão que eu não estou em mais lado nenhum:
eu só existo na minha imaginação
e na ousadia de quem me quer imaginar;
Porque pensar todos pensamos
e sentir todos sentimos...
Pouco ou nada é o que sentimos e pensamos.
Oscilo entre a razão que vivi e que deixei que fosse
seduzida; e o sentimento quase frio que me mutila
as mãos nos tempos que vivo.
Talvez seja injusto para quem de mim
apenas merece o melhor, o meu eu sentido,
Talvez.

Tóxico, pútrido neste sentimento de hábito
velho e gasto; drástico, muito seguidor
desse sentimento fraco e enfraquecido.
Desiludo mas também saio desiludido.
A maldição é o amuleto para a caixa de Pandora,
para os anos contados do fim,
para o findar de toda uma Era e Eras.

Não me canso do que fui,
canso-me de ser quem sou
de como sou.
Julgavam já ter visto a totalidade,
a verdadeira identidade deste monstro?
Pois ainda não viram nada!

(...)

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