segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A ilusão da sanidade - Tamanhas almas


"É uma viagem ao meu interior, sinto a dor, e observo o terror da paisagem...A erosão da sanidade mudou-me, elevou-me, através da passagem..." (DLM)

Procuro justificação para esta dor:
Serei eu facilmente iludido
ou terão outros o engenho de bem iludir?
É este aquele tormento
que vocês tanto veneram
que se sente antes, durante e depois
do julgamento.

Verso a verso
passo a passo,
Queria brilhar como o sol
invadindo as trevas
parando apenas para adormecer
e descansar atrás das serras.

Onde está a voz interior
que me sussurra orientação?
Onde está a mão que me dá a mão
e me apazigua a alma? Onde está a permanência?
A vivência?
Esta ilusão da sanidade deixa-me louco.
Gritei até ficar de som rouco...
(Mas terei gritado o suficiente?!)

Tudo o que tenho são duas mãos
que são o prolongamento da minha alma;
a razão vai se deixando dormente,
e o sentimento está inconsciente.

Aguardo o quê? Aguardo para quê?
Onde está o monstro que dava valor
à dádiva de viver?
Onde me perdi eu nestas encostas bruscas
onde cada superfície parece magoar?
ONDE ESTÃO AS PALAVRAS?
ONDE ESTÃO OS GESTOS?
A minha fé dissolve-se...
Talvez a fé no Homem, talvez a fé na mulher,
talvez a fé em mim...

Não hesites em olhar nos olhos do espelho!,
És mesmo tu?, envelheceste, parece que percorreste
meio mundo...mas não é verdade.
Tens um aspecto amarrotado.
E nos olhos de quem tenta viver uma vida
sentida é notavel uma tristeza escondida
uma chama que tarda em sumir...
Lamento. E odeio. E é como se um ácido me corresse
nas veias em vez de sangue.

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