segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Anoitecimento

É uma lição aprendida,
o arrependimento, a alma que sangra
ferida, não cheguei a chegar
e já estava de partida...
Vim com a noite escura desse Outubro ou Novembro,
e deixei-me levar
pelo chão a dentro.
Turvo como poeira a voar entre o céu cinzento.
Nunca descubro.
Venho com a noite escura,
trago em mim uma fonte insegura
uma boca seca de amargura.
Mas este não sou eu.
É outra alma, é outra outrora.
São palavras ocas
que ecoam pelo caminho que queimei,
que deixei queimar,
são palavras ocas
espalhadas num mundo insano
repleto de pessoas loucas.
Às vezes algumas mentiras
são capazes de magoar os astros,
e são humanos humildes
que saiem de rastos.
Poderoso é aquilo que nunca fiz
que nunca digo,
é o meu abstracto.
Que chora, que sorri,
que demonstra afecto.
É de facto o que não sou,
é de facto o que não vivi,
é o que serei.
Deixa queimar...
Não apaguem este fogo
que arde
e que se vê.
Deixem arder...
Deixem-se queimar.
E sintam o ardume
que vos pode fazer crescer
como perder tudo,
como viver.
A emoção talvez seja mais forte
nesse instinto de procurar
a vida ignorando a morte,
Veio a noite, e talvez não seja desta
que veio para ficar.
Lição apreendida.

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