domingo, 30 de maio de 2010

Poderia chamar-lhe Maio...mas seria a mesma coisa?

É tudo conforme.
Não te esqueceste, mas em ti o vento
já não sacode,
não sobra réstia de fome...
Nem a mais forte ventania...
Talvez somente um ciclone.
Resta descobrir o que sobra na boca,
se um sabor já muito usado, gasto, amargo
se um sabor quase novo, doce, e sem
grandes descrições...pois apenas sabe
quem o prova, quem o dá...
Qual é o sabor?
É o do fim de Maio
ou do início de Junho?
É uma continuação?
É a morte de algo belo, como Maio,
Ou o renascer nesse Junho que lá vem chegando?
É saber nada, saber a ausência de tudo,
é o saber tudo...porque sempre se soube.
É desejar que não arranquem os olhos como Édipo
por se terem apercebido que viveram cegos o tempo todo.
E quanto ao tempo?
Ai...o tempo. Sinto saudades de o ver à minha frente
passar de forma silenciosa, mas muito depressa...
E quanto à pressa? Nunca a tive...Tudo tem uma razão
e aceitar essa razão é não fechar os olhos à verdade,
verdade que tem por essência preencher.



Com este texto quero terminar Maio de 2010, que foi, de certa forma, muito melhor que qualquer outro Maio que tenho em memória. Mas principalmente, foi um Maio de sabores, e de cansaço, um Maio de pequenas batalhas para o grande final da guerra, um Maio de movimentos...muita água, tabaco...e um pouco de tudo a acrescentar.

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