segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cocktail

Vejo-te sentado, aguardando
Pelo Inverno, pois assim que chegue
Aguardarás sentado pelo Verão.
Podias ter tudo ou podes não ter nada,
O relógio antigo que dá as badaladas
Recorda-te o passado que ainda te é presente.
Nesse país das maravilhas
Onde abunda o absinto e a aguardente
Sentes a felicidade como mais ninguém sente.
E brilham os olhos, de uma felicidade aparente,
Sorri a boca, presa ao cigarro que pende,
Na tua sala de fumo, és todos
E de ninguém dependes.
A dádiva da vida não é razão que chegue,
Sobram demasiados pedaços de algo,
Poderias mudar mas para quê,
Porquê, para quem.
Perdes a noção ao rosto que te olha
Quando olhas para o espelho,
A fome só dá vida a quem precisa de alimento.
Nem medicamentos, nem terapia,
Tudo não passa de uma luz artificial que dá que algum alento.
O cinzento pinta as paredes da tua alma,
Nessa luta interior de saber o próximo passo,
Aguardas o momento de falso triunfo
Em que recortas na tua lápide as palavras:
Aqui jaz ninguém.
Bebes com rapidez desse forte cocktail
Que mistura todos os sabores.
Um pouco de fé…
Um pouco de fé.

10/11/08

2 comentários:

simples-mente disse...

'Aqui jaz ninguem'
Esperemos que nas nossas lapides nao apareça estas coisas escritas.

' Aqui jaz Diogo Henriques, amigo, escritor genial, feliz sempre que pode, mas que nunca tentou deixar de fuma '
xD

Amei

Joana disse...

Tinhas razão, adorei mesmo. "Aqui jaz ninguém"...na tua laje garanto-te que não vai aparecer isso. Genial, mesmo. "Aguardando pelo inverno, pois assim que chegue aguardarás sentado pelo verão", achei excelente. *